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13/12/2023 às 11h48min - Atualizada em 08/03/2023 às 16h09min

O país mais seguro para as mulheres viajarem sozinhas

Um dos direitos básicos de todo ser humano é a garantia de segurança e liberdade, mas nem sempre as mulheres têm esse direito em 100% do tempo, principalmente quando estão viajando sozinhas para outro país.

Maria Clara Cabral - Editado por Karen Sousa
Fonte: Sergii Figurnyi. Reprodução: Adobe Stock

Na última quarta-feira, 8, foi comemorado o Dia Internacional das Mulheres, mas o que elas mais desejam nesse dia - e em todos os outros - é a liberdade e segurança para serem e estarem onde quiserem. E um dos maiores receios das mulheres é viajar para outros países, principalmente se estiverem sozinhas.
 

O medo está presente em como serão recebidas e abordadas nas ruas e em pontos turísticos. Isso ocorre por serem mulheres e brasileiras, já que o Brasil é visto internacionalmente como um país de turismo sexual, sendo a cidade do Rio de Janeiro a mais procurada para a categoria.
 

Por conta desse receio, o site Asher e Lyric apontou 30 países mais seguros para mulheres viajarem sozinhas. Para a pesquisa foram utilizados critérios diferentes, como segurança ao sair à noite, homicídio feminino internaional, violência sexual e desigualdade de gênero. 
 

Na pesquisa, o país considerado mais seguro é a Espanha, localizada na Península Ibérica da Europa e banhada pelas águas do Mar Mediterrâneo e do Oceano Atlântico. É o segundo maior país da União Europeia com  505.990 ㎢  e mais da metade de sua população sendo feminina.
 

Por conta de sua história, é um país diverso: a população é formada por catalães, castelhanos, galegos, bascos e andaluzes. Cada povo com seus costumes, idiomas e cultura próprios formam a heterogeneidade que é a Espanha.
 

Um país com uma cultura tão diversa e com cidades reconhecidas internacionalmente, como Madri, Barcelona, Valência e Sevilha recebe milhares de turistas todos os anos e um desses turistas é a recepcionista Marcela B., moradora de Lagos, em Portugal, que visitou Barcelona sozinha em dezembro de 2022. Ela conta que ficou durante 4 dias e não sentiu medo de conhecer o país sozinha.
 

Marcela relatou que frequentou ruas, bares, transporte público, pontos turísticos e não sofreu nenhum tipo de assédio. “Não houve nenhum tipo de comentário de ser mulher e brasileira. Não passei por nenhuma situação dessa [assédio]”, ressalta. A recepcionista conheceu vários lugares da Espanha. “Eu saía de manhã e voltava de noite pra casa, então ficava o dia inteiro na rua… Eu me senti muito segura, 100% do tempo lá, tanto em transporte público quanto em lugar mais movimentado. Eu não senti perigo algum”, diz.
 

A turista Marcela já viajou sozinha para cidades brasileiras e para outros países e considera voltar para a Espanha, pois afirma que o país é muito seguro e que não se sentiu ameaçada, seguida ou em perigo por estar sozinha.
 

Já a moradora de Viçosa, em Minas Gerais, e estudante de medicina veterinária, Gabriela Cabral de Miranda, visitou o país duas vezes, a primeira em janeiro de 2020, quando foi para Madri, e depois em setembro de 2021. Com uma passagem rápida por Madri, Gabriela queria retornar à Espanha para conhecer mais sobre a cultura e culinária e por isso escolheu Barcelona como um dos roteiros em seu mochilão pela Europa.
 

Ela afirma que não sentiu receio e nem sofreu assédio enquanto estava em terras catalãs. “Eu não senti medo em momento algum de sair sozinha lá. Nas duas vezes que estive sozinha, era de dia. Não sei como seria se eu estivesse sozinha à noite, mas lá me pareceu ser bem de boa. Me passou a sensação de que as pessoas eram bem respeitosas”, relata.
 

A estudante já conheceu vários países europeus e não considera a Espanha o país mais seguro entre os que ela conheceu, mas não sentiu nenhum tipo de receio no período em que estava no país. “Não me senti insegura em momento algum e, especificamente em Barcelona, eu vi que as pessoas têm muita liberdade de fazerem e serem o que elas quisessem, e eram respeitadas sempre”, conta.
 

Um dos fatores que leva a Espanha a ser o país mais seguro do mundo, segundo a pesquisa do Asher e Lyric, são as leis e como são colocadas em vigor. A Lei Orgânica 1/2004, Lei de medidas de proteção integral contra a violência de gênero, precisa de avanços e melhorias, mas já foi reconhecida como a melhor lei contra os crimes de gênero.
 

Alguns pontos importantes da lei são: alteração do sistema educativo com a implementação de aulas sobre igualdade e violência de gênero, medidas para os campos de publicidade e comunicação e treinamento das pessoas nos âmbitos da justiça e da saúde.
 

Por consequência ou por causa da lei, as taxas de feminicídio na Espanha são baixíssimas comparadas com as do Brasil. Em 2019, o país europeu registrou 55 casos de feminicídio, enquanto no Brasil foram registrados 1.328.
 

Os fatores que levam a Espanha a ter esse dado e ter a primeira colocação na pesquisa envolvem a mudança de pensamento das pessoas, desde a escola, criando uma nova consciência e um novo pensamento sobre os direitos das mulheres.



 

Referências:


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