Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
10/03/2023 às 17h49min - Atualizada em 09/03/2023 às 14h29min

Twitter: de rede social a streaming

Conheça o Twitter Blue e como a nova função incentiva a pirataria digital de filmes

Kauane Brito - Revisado por Joyce Oliveira
Twitter Blue atribui novas funções à rede social (Foto: Reprodução/Blog Twitter)

Na tentativa de aumentar os ganhos com a rede social, Elon Musk investiu em uma nova atualização: a versão paga do Twitter. O ‘Twitter Blue’ é um plano de assinatura que adiciona funcionalidades exclusivas à conta do assinante. Custando a partir de US$ 8/mês ou US$84/ano (cerca de R$42/mês e R$440/ano, em conversão direta), o serviço chama atenção, principalmente, pelo selo azul de verificação. 

 

Anteriormente, o famoso selo azul indicava contas autênticas e de interesse do público, como as de empresas, marcas e famosos, e era herdado por meio de uma verificação com base em alguns requisitos da plataforma. Com a nova atualização, qualquer pessoa pode ter acesso ao selo, sem precisar passar pela análise para confirmar se atende aos critérios que eram usados no processo anterior. 

 

O Twitter Blue também oferece outras funcionalidades como editar o tweet, organizar os itens salvos em pastas e personalização do aplicativo com cores. Além dessas, outra função é a de compartilhar vídeos mais longos. A partir do acesso pela web, os assinantes podem carregar a quantidade de vídeos que quiserem, desde que tenham até 60 minutos.
 

Filmes completos fazem sucesso no aplicativo

 

Essa possibilidade de postar vídeos mais longos transformou o Twitter em um verdadeiro catálogo de filmes. Desde os mais antigos até os recém-lançados no cinema, os filmes são divididos em partes e compartilhados em formato de thread (um conjunto de tweets que formam uma sequência). A prática foi muito bem recebida pelos usuários que não possuem o Twitter Blue. 


 

Lara* é usuária da rede social há 5 anos e, embora não tenha aprovado a atualização, gostou da possibilidade de assistir aos filmes. ‘’A assinatura do Twitter Blue é muito cara para poucos benefícios, e benefícios básicos. Sobre os filmes, é simplesmente magnífico. Eu já assisti dois, inclusive Gato de Botas e amei a experiência’’, contou.

Um dos primeiros longas que viralizaramm na rede foi o ‘Bob Esponja o Filme’ (2004), atingindo quase 50 milhões de visualizações, mais de 30 mil compartilhamentos e 224 mil curtidas. ‘Gato de Botas 2: O Último Pedido’, lançado em 2022, e ainda em cartaz nos cinemas, não ficou de fora dessa e está entre os mais comentados. 

Com a aprovação dos telespectadores, muitos usuários passaram a se dedicar à disponibilização dos filmes a pedidos dos seguidores, é o caso do @xSirLean, que já publicou títulos como ‘Crepúsculo’, ‘Scooby Doo’, e ‘Teen Titans’, mas hoje está com a conta suspensa por violar as regras do aplicativo.

Pirataria ou inclusão?

Ainda que tenha conquistado os internautas, o compartilhamento dessas produções audiovisuais sem a devida autorização dos detentores dos direitos autorais pode levar a sanções legais. A prática é categorizada como pirataria.

 

''A pirataria ocorre desde sempre e, apesar de ser tratada com naturalidade, todos sabem de sua ilegalidade. Com a virtualização, a pirataria digital tem crescido desenfreadamente. O art. 184 do Código Penal trata dos direitos autorais e determina pena de 3 meses a 4 anos para violação de direitos do autor'', explica a advogada especialista em Direito Digital, Adriane Rocha.

 

Mesmo sabendo da ilegalidade, o consumo das falsificações, geralmente, é motivado pela questão financeira e a dificuldade de acesso aos conteúdos por meio legal. ‘’É totalmente inclusivo. Muita gente não tem dinheiro para ir ao cinema ou para assinar plataformas de streaming. E ainda tem aqueles que moram em cidades que não tem cinema. Olhando por esse lado, é pura inclusão’’, afirma uma usuária do aplicativo. 

 

Partindo dessa prorrogativa de inclusão, muitos usuários manifestam apoio à pirataria. Uma imagem editada da campanha ‘Pirataria: Tô Fora!’ do Sindireceita circula na rede social daqueles que consome as falsificações, incentivando a prática. A Dra. Adriane Rocha ressalta que não só o autor, como também os consumidores e apoiadores da prática, incorrem no crime do art.186 do Código Penal. 

 



 






Inclusão ou não, a possibilidade de postar vídeos longos tem sido uma das poucas funcionalidades que se destacou na nova atualização. Com a repercussão dos filmes publicados, muitos proprietários dos direitos autorais estão denunciando as postagens e as contas responsáveis, solicitando a desativação da mídia. 


*Nome fictício, pois a entrevistada solicitou anonimato.

Saiba mais sobre o dilema da pirataria e da inclusão clicando aqui.
 

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »