Em um mundo onde a colonização explorou múltiplos territórios, muitas riquezas dos países colonizadores foram tirados de nações bem distantes. Guerras, tratados, barganha, também foram formas utilizadas para extrair posses de países, principalmente do continente africano, tomando parte também de sua história e cultura.
Essa discussão ocorre há anos, com historiadores reivindicando o direito de museus ao redor do mundo a posse desses artefatos. Hoje listaremos 5 desses itens históricos e como foram parar em outro continente: Sarcófago de Nedjemankh
Kim Kardashian com apenas uma foto ajudou a desvendar a sumiço de um sarcófago egípcio.
Qual é a relação de Kim Kardashian com um sarcófago do Egito? No ano de 2018, durante um dos eventos mais badalados dos Estados Unidos, que acontece no Museu Metropolitan, o Met Gala, a empresária ajudou a desvendar, com apenas uma foto, o paradeiro de um sarcófago egípcio roubado. O esquema por trás de como o sarcófago foi para no Museu Metropololitan nos EUA é complexo.
Tudo começa em 2011 quando o sarcófago de Nedjemankh, um sacerdote do Antigo Egito, foi encontrado. A partir daí, a sepultura passou pelos Emirados Árabes Unidos, onde foi registrado erroneamente e propositalmente como um tesouro greco-romano. Com sua origem falsificada a peça egípcia foi para a Alemanha passando por um processo de restauração, tendo sua documentação falsificada outra vez. Depois de todos esses processos a relíquia foi parar nas mãos de um estudioso e negociante de antiguidades da França, Christophe Kunicki, e de seu colega, Richard Semper, que acabaram o vendendo para Nova York por R$ 22,2 milhões, convertido em reais.
Voltando para a foto de Kim, ela foi enviada por um informante do Oriente Médio para o promotor público Matthew Bogdanos, que se empenhava a descobrir o paradeiro do sarcófago desde 2013. A foto chegou até o informante através de um membro da gangue que saqueou o tesouro egípcio, irritado por não ter recebido o pagamento. Com a prova em mãos a investigação de Matthew ocorreu de forma mais rápida e o artefato foi devolvido ao Cairo em 2019, dando fim a uma complexa investigação. Pedra de Roseta
Pedra de Roseta no British Museum.
Em 2022 após mais de 200 anos da descoberta os egípcios pedem a devolução da Pedra de Roseta com o intuito de "mostrar aos egípcios o que lhes foi tomado" segundo a reitora do Colégio de Arqueologia de Assuã, Monica Hanna. Porém, esse pedido não é uma novidade. O até então recém chegado diretor do Grande Museu Egípcio, Tarek Tawfik, em 2018 fez o mesmo pedido. Até o presente momento os britânicos não efetuaram a devolução do item histórico. Grande Estrela da África
Rainha Elizabeth em sua coroação.
Após a grande repercussão que envolve esse assunto, ativistas sul-africanos organizaram uma petição pedindo o retorno do Cullinan I, como é chamado na África do Sul, para que seja exposto em um museu local.
Porém, essa história está longe de ter um fim, pois o Royal Collection Trust, responsável por supervisionar a coleção da família real, afirma que a pedra preciosa chegou ao governo britânico através do Rei Eduardo VII, que havia recebido o diamante como um presente de aniversário em 1907, dois anos após sua descoberta. Busto de Nerfertiti
Busto de Nefertiti exposto no Novo Museu em Berlim
Encontrado em 1912 em Tell el-Amarna, uma cidade egípcia localizada nas margens do Nilo, durante uma expedição alemã no Oriente Médio. A escultura da rainha egípcia é considerada uma das grandes descobertas do século 20 e possui mais de 3.400 anos. Assim que descoberto, o objeto foi levado para a Alemanha, onde foi conservado e hoje se encontra no Neus Museum.
Mesmo após inúmeros processos pleiteando o retorno da escultura para o Egito, o Museu alemão descarta essa possibilidade afirmando que os egípcios não têm direito legal sobre a relíquia. Outra polêmica em torno do Busto de Nefertiti é o fato de não ter identificação, o que é pouco comum nos artefatos egípcios, já que todos que foram encontrados até hoje possuem algum registro. Seguindo por esse caminho, estudiosos dizem que a obra é falsificada. Poucos estudos comprovam essa teoria. Bronzes de Benin
Bronzes de Benin finalmente retornam ao seu país de origem.
As esculturas que ficavam ao redor do palácio real de Ovonramwen Nogbaisi, o Oba do Reino de Benin, que hoje é a Nigéria, foi saqueado pelo Reino Unido durante o período colonial. Após serem retirados do Palácio as peças foram vendidas e ficaram em exposição por anos no Museu de Etnologia de Berlim. Em 2021, porém, os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores da Alemanha informaram que iriam fazer a devolução dos objetos.
"Queremos contribuir para um entendimento comum e uma reconciliação com os descendentes do povo que foi privado de seus tesouros culturais durante o tempo do colonialismo", pontuam através de uma nota veiculada pela imprensa. Um ano após o comunicado a reparação histórica aconteceu. Após mais de 125 anos, no dia 20 de dezembro de 2022 a Alemanha devolveu a Nigéria cerca de 20 objetos adquiridos pela Inglaterra, entre eles estavam os Bronzes de Benin.