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12/03/2023 às 11h01min - Atualizada em 11/03/2023 às 15h59min

A semelhança musical entre Daisy Jones & The Six e Quase Famosos

Manu Barioni - Editado por Marcela Câmara
A  banda mais famosa do mundo teve sua estreia na última sexta feira (03), na plataforma de streaming Prime Vídeo. Adaptada do livro homônimo Daisy Jones & The Six (2019), a série explora a década de 70 sob a ótica da ascensão e queda de uma das bandas mais bem sucedidas desse período. Quem é familiar da obra Quase Famosos (2000), escrito e dirigido por Cameron Crowe, com certeza notará diversas semelhança acerca da ambientação e temáticas abordadas, sendo imprescindível uma breve análise de ambas as obras.


Em Daisy Jones & The Six, a escritora norte-americana Taylor Jenkins Reid nos apresenta os desafios de banda de rock The Six nos anos 70, em busca de alcançar a fama gloriosa de astros do rock de seu tempo. Paralelamente, temos Daisy Jones (Riley Keough), uma garota de Los Angeles com um incrível talento vocal e a ambição de se tornar uma cantora famosa, o que a faz entrar, quase que por acaso, na cena musical da época. Seus caminhos se cruzam quando há a oportunidade de Daisy cantar um dueto com Billy Dunne (Sam Claffin), o vocalista e guitarrista principal da banda. A partir desse encontro, é só história.


Quase Famosos, um relato quase que autobiográfico sobre a vida de Cameron Crowe, narra a vida de William Miller (Patrick Fugit) um garoto de quinze anos que almeja ser um jornalista de rock e acaba conhecendo os bastidores de Stillwater, uma banda de rock - também em ascensão – do começo dos anos 1970. Dessa forma, o garoto finge ser um jornalista da Rolling Stones e conquista a simpatia de Russell Hammond (Billy Crudup), o guitarrista da banda, chegando a embarcar na turnê mundial como o repórter de campo da revista.

Só de se ter uma visão geral acerca das duas obras já é possível notar semelhanças em sua construção. Ainda que a representação desse gênero seja comum nas telas, sendo produzidas diversas biografias acerca de personalidades importantes do rock nos últimos anos, como em Elvis (2022), Rocketman (2019) e Bohemian Rhapsody (2018), a criação de bandas ficcionais para representarem um recorte verossímil da década de 70 – sendo uma delas autobiográfica e a outra inspirada em uma banda real – é uma estratégia que conecta espectadores e leitores de diversos períodos à uma história emocionante.

O formato narrativo escolhido para representar essas obras baseiam-se – ainda que de maneiras distintas – em uma narração jornalística dos acontecimentos. Jenkins apropria-se do estilo de entrevistas documentais para construir o seu enredo, escrevendo-a a partir dos pontos de vista de seus personagens. De acordo com a autora, ela escolheu essa forma para causar o maior nível de imersão possível, como também o entendimento singular de seus membros sobre o que levou The Six ao seu ápice e decaimento.  A série segue o mesmo formato, dando vida à um documentário de rock fictício que, junto  ao lançamento de um álbum com o mesmo nome nas plataformas de música, poderia ser confundido à existência de uma banda real.

Crowe, por outro lado, utiliza essa narração jornalística na ambição de Will Miller a se tornar um profissional na área, servindo mais enquanto um longa-metragem coming of age, do que propriamente o relato em si da banda Stillwater, como em Daisy Jones & The Six. Além de se passarem na década de 70, a revista Rolling Stones exerce um papel crucial nesses dois universos. Enquanto a figura do Jornalista em Daisy Jones seja mais distante, foi a peça que os levou para fama, devido a um artigo publicado na revista. Em Quase Famosos, a figura do jornalista é o seu protagonista, estando em contanto direto com a banda e levando a imersão da profissão como forma de fazer história – o que de fato deixou Stillwater conhecida.

As temáticas abordadas, por sua vez, acabam se cruzando. A paixão efervescente pelo rock, o abuso de substâncias químicas – e sua dependência – bem como traições, brigas internas e a perspectiva da mulher diante do cenário musical, como mostra Daisy, a tecladista Karen (Suki Waterhouse) e a cantora Simone (Nabiyah Be), em Quase Famosos é na figura de Penny Lane (Kate Hudson), uma das groupies de Stillwater, que contribuem para aproximar essas produções.


Em Daisy Jones a dependência química e a paixão inebriante pela música tornam-se o núcleo principal do desenvolvimento de Billy e Daisy, em paralelo com ao seu próprio relacionamento conflituoso e incerto. Já Will Miller possui uma visão um idealizada dessa vida, mas que vai sendo desconstruída com a sua convivência de astros do rock, tendo Penny Lane como o ápice da representação de uma amor jovial, junto à quebra de admiração pelos membros da banda. As brigas internas de ambas as bandas – The Six e Stillwater – também são cruciais para o encerramento de suas obras.

Dessa forma, as relações existentes entre Daisy Jones & The Six e Quase famosos são inúmeras e contribuem, ainda que de maneira ficcional, para tratar temas que muitas vezes são romantizados e tratados com negligência.

Daisy Jones atualmente está em lançamento pela  Amazon Prime Video. Conta já com 6 episódios, com mais dois episódios cada para os dias 17 e 24 de março, completando o lançamento de toda a temporada.



REFERÊNCIAS
EBERT, Roger. Almost Famous. 2000. Disponível em: https://www.rogerebert.com/reviews/almost-famous-2000. Acesso em: 11 mar. 2023.

PEPPIN, Hayley. If you love Almost Famous, you’ll lust over Daisy Jones & the Six. 2023. Harper’s BAZAAR. Disponível em: https://harpersbazaar.com.au/take-a-look-at-daisy-jones-and-the-six/. Acesso em: 07 mar. 2023.

SEPINWALL, Alan. ‘Daisy Jones & the Six’ Is ‘Almost Famous’ by Way of Fleetwood Mac. 2023. Rolling Stone. Disponível em: https://www.rollingstone.com/tv-movies/tv-movie-reviews/daisy-jones-and-the-six-review-prime-video-riley-keough-sam-claflin-fictional-rock-band-1234676625/. Acesso em: 07 mar. 2023.
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