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16/03/2023 às 11h25min - Atualizada em 11/03/2023 às 19h41min

As plataformas de streaming e o Cinema Brasileiro

A inserção de produções brasileiras nos catálogos das grandes plataformas de streaming é suficiente para incentivar o consumo de conteúdos nacionais?

Brenda Sales - Revisado por Danielle Carvalho
Sobreposição de logos de várias plataformas de streaming (Foto: Reprodução/ Site Rush Vídeo)



A mídia de streaming é uma tecnologia que permite que todos os dados multimídia, envolvendo séries, filmes e realities shows sejam enviados e recebidos por meio de um dispositivo conectado à internet. Esse tipo de transmissão é diferente da tradicional que acontecem no rádio ou na TV,  pois podem transmitir dados a vários receptores a qualquer momento. Já a tecnologia de streaming media é um canal único entre o emissor e o receptor. 

Netflix, Amazon Prime, HBO MAX e similares, por exemplo, são consideradas plataformas de vídeo sob demanda, isto é, não estão sujeitas à programação linear como nas mídias tradicionais, em que é montado uma grade para exibição de conteúdos com base no dia e na hora, sem ter a opção de assistir uma programação fora do seu horário fixo de exibição. 

Os usuários dessas plataformas alegam que priorizam a comodidade, o tempo e a possibilidade de assistir filmes e séries do seu jeito, onde e quando quiser. As plataformas mais assinadas são as de origem americana, que reproduzem obras da América do Norte, e são essenciais para comunicar a cultura e movimentar a economia do país. Mas e os brasileiros nessa? Dados do levantamento Streaming 2022, realizado pela empresa Hibou, empresa especializada em monitoramento de mercado, apontam que 71% dos brasileiros afirmam assinar ou já terem assinado algum serviço de streaming para assistir filmes e séries online. 

O consumo de produções nacionais é baixo comparado às americanas, em que até a frequência de consumo de conteúdos nacionais é pequena ou quase inexistente. É o que relata uma pesquisa divulgada pelo Itaú Cultural / Datafolha, na qual apenas 24% dos brasileiros assistiram a filmes nacionais por várias vezes. Enquanto isso, o número de pessoas que viram uma produção nacional poucas vezes chega a 57% e a uma única vez a 19%.
 

Os desafios enfrentados pelo Cinema Brasileiro

Com o alto consumo de produções provenientes de plataformas americanas a comparação feita pelos telespectadores brasileiros fica cada vez mais alta. Tudo passa a ser comparado, qualidade das imagens, recursos multimídia e até os equipamentos de filmagem. Em entrevista recente, Fernando Meirelles, cineasta e roteirista brasileiro, observou que com a chegada de novas plataformas, como Prime Video, Apple TV, Disney+, Star+, o mercado vem se adaptando para atender a esse crescimento na demanda por conteúdo.

As dificuldades que o cinema encontra para produzir são muitas. Fernando Meirelles conta que rodando a série “Pico da Neblina”, produção latino americana para a plataforma HBO, encontrou diversas dificuldades, como conseguir montadores, fotógrafos, produtores-executivos, assistentes de direção e equipamentos.



A produção cultural no Brasil depende muito do financiamento da iniciativa privada ou da abertura de editais para empresas estatais. Jorge Furtado, cineasta brasileiro, diz: "Vivemos um momento com a ideia de que a cultura é uma inimiga e em que ela luta para sobreviver. Então, ela sobrevive não só com produções altamente independentes, quase de guerrilha, mas também com produções de grandes empresas de entretenimento que acreditam nela como indústria. A cultura é uma indústria poderosa de dinheiro. E não estou falando de arte e sentimento, mas de produção. O streaming, os games, o cinema, isso emprega pessoas, movimenta a economia".

 

O consumo de produções brasileiras em plataformas de streaming 

Com a alta das plataformas de streaming, o cinema brasileiro tenta se enquadrar nos parâmetros dos sistemas de conteúdo sob demanda e compete por audiência. Segundo a pesquisa ‘’Panorama do Mercado de Vídeo por Demanda no Brasil” da Agência Nacional de Cinema, Ancine, as plataformas de streaming têm só 11% de obras brasileiras em seus serviços.


O cineasta Gutto Pasko, dono da produtora GP7 de Cinema, comenta que a alta de produções trouxe algo benéfico para o mercado audiovisual, como a multiplicação de players, produtores de conteúdo, advindos do streaming no Brasil. “Os streamings são uma nova realidade. Isso não é ruim, pelo contrário. Estão ajudando o mercado a se manter ativo e com os profissionais trabalhando”, diz Gutto.

Tendo isso em vista, surgem plataformas de streaming brasileiras, que são essenciais para que o hábito de consumo de obras nacionais seja cultivado. Globoplay, Looke e Spcine Play, são serviços que, de acordo com Furtado, ‘’podem salvar o cinema brasileiro’’. 

 

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