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12/03/2023 às 21h38min - Atualizada em 12/03/2023 às 21h36min

Mês da mulher: Março faz chamada para a conscientização e combate ao câncer de colo de útero

Sendo muitas vezes um câncer evitável, a doença ainda possui altos índices de incidência no Brasil e no mundo

Por Helena Rocha - Editada por Uilson Campos
Foto: Freepik

Foto: Fita violeta perto de estetoscopio preto em gesso/ Reprodução: Freepik

Segundo relatório do Instituto Nacional de Câncer (INCA) de 2022, o câncer de colo de útero é o terceiro mais incidente na população feminina. Em 2020 esse tipo de câncer representou 6,1% do total de óbitos proporcional por câncer em mulheres, e no mundo, conforme informa a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), somente em 2018 foram 570 mil novos casos, com maior incidência na América Latina e Caribe. Provocado por alterações no colo uterino, as lesões que antecedem o câncer são principalmente causadas por alguns tipos de vírus HPV (Papilomavírus Humano), mas podem, muitas vezes, serem curadas nos casos em que são identificadas precocemente (Memed).

 

Para haver o diagnóstico precoce, é indicado que exames citopatológicos sejam realizados pelo menos uma vez a cada três anos (INCA), caso os dois últimos resultados tenham negativado. No ano de 2020, devido a pandemia da covid 19, houve um menor número de procura para esses exames de rastreamento do vírus, havendo uma queda de mais de 2,5 milhões de exames realizados em 2020, em relação com 2019. Posteriormente, conforme indica o relatório, houve o aumento de mais de 1,5 milhão em 2021 em relação com seu antecessor, mas embora tenha ocorrido essa procura em 2021, os dados ainda apontam uma grande queda do ano em relação ao ano anterior à pandemia no Brasil, de mais de um milhão.

 

Em entrevista ao Lab Dicas, a doutora especializada em Saúde Coletiva, Ana Fátima Rocha, reconhece a importância dos avanços no rastreio para evitar o câncer, seja no avanço das leituras laboratoriais, das coletas no colo do útero ou da própria identificação do vírus HPV, porém, acrescenta que embora tenhamos todos esses esforços científicos, o principal avanço se deu por cada vez mais mulheres compreenderem a importância de manter seus exames ginecológicos em dia.

 

Sobre esse ponto, Ana acredita no trabalho essencial do SUS, com profissionais capacitados para cuidar e prevenir, mas também enxerga que há fatores geográficos e outros entraves que dificultam esse serviço e fazem com que muitas mulheres não façam seus exames com a frequência ideal. “Quando existem barreiras culturais ou estruturais que impedem uma unidade de saúde de conseguir atender aquela mulher na sua necessidade específica, como o caso das portadoras de alguma deficiência, indígenas ou mulheres do campo, profissionais do sexo, lésbicas, as que estão em situação de rua, etc.”

 

No Brasil, as taxas padronizadas de risco mudam conforme a região do país. Em 2020, no Norte, por exemplo, o câncer de colo de útero foi a primeira causa de morte por câncer feminino, com um percentual de 15,7% de óbitos por câncer em mulheres. Esse fato chamou atenção pois no mesmo ano o percentual de óbitos no Sudeste não chegava a 5%. “As baixas condições socioeconômicas são até consideradas um fator de risco para o câncer de colo de útero nos protocolos do Ministério da Saúde”, diz Ana, que resgata ainda dados da Fundação do Câncer, do final de 2022, destacando  “que as mulheres negras, com baixa escolaridade e mulheres da Região Norte são as mais acometidas pelo câncer do colo do útero”.

 

Independente da região do país, embora bem menos que anos antes, a saúde feminina e os cuidados ainda enfrentam certo tabu na sociedade, como concorda Ana: “Estamos falando de um atendimento muito íntimo, em que informações serão colhidas sobre relacionamentos e vida sexual e o exame envolve uma coleta da região íntima". Enquanto professora universitária, a enfermeira reforça com os profissionais a importância de um atendimento acolhedor, “que garanta o sigilo das informações e que seja explicada cada ação que será realizada”, detalha.

 

Conforme disponível no site do Instituto Nacional de Câncer - INCA, o controle do câncer de colo de útero é uma prioridade do agenda de saúde já que integra o “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil 2021-2030” para o qual foi apresentado como ação estratégica, por exemplo, implementações que provoquem organização na APS (Atenção primária à saúde) no trabalho de detecção precoce dos cânceres de mama e colo de útero.

 

O fato da campanha do Março Lilás acontecer no mesmo mês da comemoração do dia da mulher não é por acaso. A comemoração, aliás, foi oficializada pela Organização das Nações Unidas em 1975, mas ainda antes disso, no hoje chamado Movimento Sufragista, as mulheres já lutavam por direitos como votar, ser votada e eleger-se. O movimento surgiu na Inglaterra entre o final do século XIX (1908) e início do século XX, e entre as cores que usavam estava a cor lilás/roxa, que se tornou símbolo da busca das mulheres por igualdade de direitos e liberdade, sendo inspiração para a cor da campanha do mês. 

 

Referências Bibliográficas:

 

RN SAÚDE E HAPVIDA. Março Lilás chama atenção da população para o câncer do colo do útero. Disponível em: <https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/especial-publicitario/rn-saude-hap-vida/mais-saude/noticia/2023/03/07/marco-lilas-chama-atencao-da-populacao-para-o-cancer-do-colo-do-utero.ghtml>. Acesso em: 07 de março de 2023.

 

SOCIEDADE BRASILEIRA DE RADIOTERAPIA. Março Lilás – Mês da Conscientização e Combate ao Câncer de colo de útero. Disponível em: < https://sbradioterapia.com.br/noticias/gerais/marco-lilas-mes-da-conscientizacao-e-combate-ao-cancer-de-colo-de-utero/>. Acesso em: 07 de março de 2023.

 

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Conceito e Magnitude: Entenda o conceito do câncer do colo do útero e sua magnitude no Brasil. Disponível em: <https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/conceito-e-magnitude> Acesso em: 08 de março de 2023.

 

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. HPV e câncer do colo do útero. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/topicos/hpv-e-cancer-do-colo-do-utero#:~:text=O%20c%C3%A2ncer%20do%20colo%20do%20%C3%BAtero%20%C3%A9%20o%20segundo%20tipo,dos%20novos%20casos%20no%20mundo> Acesso em: 08 de março de 2023.

 

MINISTÉRIO DA SAÚDE E INCA. Dados e Números Sobre Câncer Do Colo Do Útero. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//dados_e_numeros_colo_22setembro2022.pdf> Acesso em: 08 de março de 2023.

 

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das Doenças Crônicas e agravos não transmissíveis no Brasil 2021-2030. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/doencas-cronicas-nao-transmissiveis-dcnt/09-plano-de-dant-2022_2030.pdf> Acesso em: 12 de março de 2023.

 

MEMED. Março Lilás e o combate ao câncer de colo de útero. Guia completo sobre o assunto. Disponível em: <https://blog.memed.com.br/marco-lilas/> Acesso em: 12 de março de 2023.

 

MEMED. Março Lilás: A importância do olhar atento e proativo à saúde feminina. Disponível em: <https://landingpagesmemed.com.br/wp-content/uploads/2023/03/MM-Marco-Lilas-a-importancia-do-olhar-atento-e-proativo-a-saude-feminina.pdf> Acesso em: 12 de março de 2023.


BRASIL ESCOLA. Movimento sufragista. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/movimento-sufragista.htm#:~:text=Movimento%20sufragista%20foi%20uma%20campanha,primeira%20metade%20do%20s%C3%A9culo%20XX.&text=O%20movimento%20sufragista%20reivindicou%20os,votar%20e%20de%20ser%20votada. Acesso em: 12 de março de 2023.
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