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12/03/2023 às 22h25min - Atualizada em 12/03/2023 às 21h38min

A capoeira é um retrato de raízes desde o período colonial

Apesar de ser algo representativo brasileiro, ainda é necessário visibilidade

Lucas Góis - Revisado por Carolina Nunes
'Jogar Capoeira' ou Danse de la Guerre de 1835. (Foto: Johann Moritz Rugendas)

A capoeira é parte da identidade cultural de um povo, que se passa por elementos em um processo de transformação social, e isso, resulta numa herança cultural.

Hoje, é inegável o papel do esporte em comunidades que formam suas identidades. No Brasil, a Capoeira contribui para um espaço de inclusão. Essa inclusão é fundamental na construção da cultura, práticas sociais e resistência.

Um grande fruto da Capoeira é o resgate da cultura afro-brasileira numa relação mútua, pois não deixa a tradição ou costumes afetar a prática.

(Foto: Reprodução/Internet)

(Foto: Reprodução/Internet)

Lutadores de capoeira em uma apresentação animada.

 

Um processo histórico

 

É proposto que a Capoeira tenha surgido no Brasil Colônia, por meio de um processo de aculturação, como uma forma de expressar a liberdade negra e a necessidade de se defender dos senhores brancos, ou seja, uma forma de resistência. Há um debate sobre o surgimento da prática, alguns dizem que foi originado em Angola, na África e trazida pelos escravizados. Outros afirmam que tenha se originado no Quilombo dos Palmares no século XVI.

 

Quando a Lei Áurea foi promulgada, os negros tornaram-se “livres”. Apesar disto parecer benéfico, logo ficaram à margem da sociedade da época. Os escravizados não tinham onde trabalhar e morar, além de que a demanda de mão de obra agora era europeia e asiática, deixando os negros sem rumo e com eles a capoeira.


Algumas décadas depois, o esporte foi marginalizado e proibido aqui no país. Durante a década de 30, por meio da luta regional da Bahia com o mestre Bimba, a Capoeira já não era tão mal vista assim.

(Foto: Instagram)

(Foto: Instagram)

Grupo 'Reduto dos Angoleiros', praticantes da capoeira de Angola.


Apesar dos avanços, a visibilidade do esporte ainda é ofuscada pelo aspecto marginal, mesmo que seja sutil ou disfarçado. O resultado de ser um símbolo da miscigenação de etnias, símbolo de resistência à opressão é ser orgulho para o povo negro.

A inclusão que vem dos antepassados

 

O mundo está repleto de desigualdade social e isso é um processo histórico, como dito anteriormente. A capoeira desde sua origem é praticada pelo povo como uma luta de inclusão e direito à vida.

 

No período colonial, os escravizados são “incluídos” ao poder expressar suas manifestações por meio da Capoeira. Foi no espaço desta prática que puderam se entender como um povo que luta pela resistência e conhecer o grande poder que é a identidade cultural e social

 

Naquela época, era muito difícil reconhecer as particularidades do seu povo, o qual eram tão julgados pelo simples fato de serem eles mesmos. Infelizmente, a resistência nasce de um espaço doentio, e preza pela superioridade sob outros.

 

Um retrato de raízes 
 

A beleza da capoeira está na capacidade de ocupar espaços e somar experiências formadas por raízes dos antepassados que lutaram pelos seus ideais, deixando claro a luta ideológica

 

O sistema escravocrata fez do esporte uma vítima, e hoje, mesmo com o racismo velado brasileiro e o desdém pela cultura popular, seus integrantes estimulam essa filosofia de vida que exalta a cultura e fomenta a inclusão de jovens, celebrando a diversidade e mostrando toda a riqueza disso.


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