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13/03/2023 às 09h35min - Atualizada em 13/03/2023 às 09h24min

Afeganistão passa por retrocesso na Educação

Universidades do país retomam as aulas sem a presença das mulheres

Por Rafael Holanda - Editada por Uilson Campos
Imagem: Ahmed akacha/Reprodução: Pexels

No início deste mês aconteceu o retorno das aulas nas universidades do Afeganistão. Mas com uma lacuna de retrocesso gigantesca: o impedimento da entrada de mulheres por determinação do grupo extremista islâmico, Talibã.

 

O grupo extremista islâmico voltou à capital do Afeganistão (Cabul), 20 anos depois de serem expulsos pelo governo norte-americano, dias após os ataques das torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001.

 

Atualmente os Estados Unidos não mantêm tropas militares no país após acordos e tratados com o grupo extremista para selar a paz e a ordem em ambos os lados. Em julho de 2021,o governo norte-americano retirou as suas tropas militares por completo sob o comando do atual presidente do país Joe Biden, mas isto só foi possível porque o grupo extremista realizou compromissos com o governo dos EUA.

 

A ação marcou o fim dos quase 20 anos de guerra entre os dois países desde os atentados de 11 de setembro de 2001.

 

As mulheres foram aos poucos reconquistando seus direitos no novo governo civil. Elas voltaram a trabalhar, a estudar, a sair de casa sozinhas, não eram mais obrigadas a usar a burca e podiam ocupar cargos públicos - algumas conseguiram se eleger como prefeitas e congressistas.

 

Agora, 25 anos depois, quando o Talibã inicia uma nova era de poder no Afeganistão, muitos temem que a história da perda dos direitos das mulheres se repita. A situação atual não é nada otimista, pois a guerra interna ainda não chegou ao fim completamente, visto que o Talibã luta por terras e domínios ainda não conquistados. Um dos impactos que o regime causa é na educação, ao restringir o acesso aos estabelecimentos de ensino às meninas e mulheres.

 

Com a volta do grupo ao país, as mulheres de áreas controladas são forçadas a usar burcas, que é a veste que cobre todo o corpo, e apresenta uma estreita tela, à altura dos olhos. Os islamitas radicais passaram a restringir a educação para meninas com mais de 10 anos e punições brutais foram impostas, incluindo execuções públicas. As mulheres são impedidas de estudar e se capacitar profissionalmente, devido a uma interpretação radical da Sharia, a lei islâmica. Logo as escolas de meninas são fechadas, e as mulheres são proibidas de deixar suas casas até para fazer compras. Fontes de entretenimento como música, TV e esportes também são banidas. Isto aconteceu também antes da entrada do governo dos EUA em 2001.

 

O cientista político e presidente da Fundação da Liberdade Econômica, Márcio Coimbra, relata que o impacto é muito ruim para a comunidade internacional porque o talibã se comprometeu que quando voltasse ao poder no Afeganistão, que teriam uma postura diferente em relação às mulheres e que seriam menos radicais do que foram no passado. 

 

“Isto causa muito incômodo na comunidade internacional porque se percebe que não é possível confiar de que eles realmente teriam uma diferenciação menos radical na tomada de decisão. Por isso acabam de alguma forma tornando-se isolados no cenário internacional com este tipo de atitude, similar a postura que tiveram antes de 2001’’ afirma.

 

Para solucionar ou intervir nos problemas causados pelo retrocesso, Coimbra ressalta que é muito difícil que os organismos internacionais possam fazer alguma coisa, até porque o Afeganistão depende de investimentos externos, ajuda humanitária e de uma série de coisas por ser um país extremamente pobre e carente.

 

“Se você acabar levando algum tipo de retaliação, eles acabariam contornando essas proibições internacionais e sanções por meio de comércio ilegal, e como andam à margem do sistema, é dificil que sejam punidos. Portanto, o sistema teria essa dificuldade de deixar o Talibã em uma situação incômoda devido ao fato de agirem à margem do mesmo. Infelizmente, os organismos internacionais podem fazer muito pouco neste caso” complementa.

 

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