A presença de negros em filmes, séries e novelas como protagonistas está se tornando cada vez mais comum. Normalmente personagens negros estão como coadjuvantes e tem suas imagens muito estereotipadas. Assim, mesmo que presentes no audiovisual não são exemplos de representatividade, mas apenas uma representação e falha da realidade. Por exemplo, filmes como Pânico, Patricinhas de Beverly Hills, High School Musical mostram estereótipos socialmente dado a pessoas negras, sendo apenas uma representação e não uma representatividade pois não saem para além do que é mostrado, não agregam para a comunidade apresentada e não mostram seus interesses.
O filme Pantera Negra, da Marvel, veio para mostrar à sociedade a importância de uma representatividade positiva para negritude. Em uma indústria cinematográfica majoritariamente branca, o longa-metragem dá espaço para pessoas negras em todo seu elenco carregando grandes nomes do cinema como Chadwick Boseman, Lupita Nyong'o, Michael B. Jordan e Daniel Kaluuya.
A obra cinematográfica é a adaptação da história em quadrinhos da Marvel. Sua primeira aparição aconteceu nos anos 60, no quadrinho do Quarteto Fantástico. O leitor é introduzido ao universo de Wakanda, ao Príncipe T’challa e sua história. O Pantera Negra é o primeiro herói negro a ser apresentado no mainstream e carrega grande valor histórico por representar o contexto histórico da época: a luta negra nos EUA contra o racismo.
Lançado em 2018, dirigido por Ryan Coogler, o filme Pantera Negra conta a história do príncipe T’Challa que precisa assumir o trono de Wakanda após a morte do pai. A trama gira em torno do príncipe tendo que proteger o país de invasores que tentam roubar a matéria prima mais valiosa do país, o vibranium, e aprender com a força do Pantera Negra. A estreia do filme foi de grande sucesso, com a 2ª maior bilheteria de estreia de um filme de herói e segunda maior bilheteria de estreia do Universo Cinematográfico da Marvel.
A continuação do filme, lançado em 2022, foi por um tempo questionada devido à morte do protagonista Chadwick Boseman em 2020. No entanto, o estúdio de produção deu continuidade a história adaptando o falecimento do ator na narrativa. A nova história conta a morte de T’Challa, mostra como a comunidade lida com a ausência do protetor de Wakanda e quem seria seu sucessor. Ademais, o longa apresenta novos personagens de cultura ameríndia pré-colombiana que são formas de representação para outras culturas.
Pantera Negra, marca a mudança no audiovisual e no espaço que pessoas negras ocupam na frente da tela, apesar de ser produzido e dirigido majoritariamente por pessoas brancas. O que reflete a necessidade da indústria cinematográfica dar oportunidade para que pessoas negras trabalhem em cargos de destaque atrás das câmeras como produção, roteiro e direção. Apesar disso, a franquia tem como figurinista Ruth E. Carter, que se tornou a primeira mulher negra a ganhar dois prêmios do Oscar pela obra cinematográfica. O filme trás um novo olhar sobre a negritude, representatividade e é de extrema importância para a comunidade negra pois além de influenciar na autoestima, é um exemplo de vivência em comunidade.
