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13/03/2023 às 19h36min - Atualizada em 13/03/2023 às 19h30min

Movimentar para controlar a dor

Perspectivas atuais sobre o movimento como aliado no alívio da dor

Por Laira Souza - Editada por Uilson Campos
istockphoto.com

Atualmente as pessoas têm vidas cada vez mais agitadas, trabalhando, estudando, cuidando dos afazeres domésticos e, em meio a tudo isso, o tempo para a atividade física não se encaixa nessa rotina pesada. O corpo foi feito para suportar muitas cargas físicas ou mentais, porém, em algum momento a conta dessa exigência diária pode chegar! Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população já teve ou terá dor de coluna, que além de ser o principal problema de saúde funcional, também é um dos principais fatores que causam afastamentos do trabalho.

Durante muito tempo, ao menor sinal de dor em qualquer articulação, recomendava-se o repouso como parte principal do tratamento, além de medicamentos antinflamatórios. Com isso, criou-se a “Cultura do Repouso”, que a longo prazo pode gerar o medo do movimento. Associado a isso, o sedentarismo da sociedade atual afasta as pessoas da prática dos movimentos, criando um ciclo de inatividade física e episódios de dor.

Estudos recentes, como o “Tratamento não farmacológico da dor nas costas”, do autor John E. Murtagh, comprovam que o repouso absoluto por 2 a 3 dias é benéfico em casos de dor aguda incapacitante, mas o repouso além desse período não influencia na melhora da dor. Muitas vezes as pessoas que sofreram com episódios de dor aguda em alguma articulação, sobretudo na coluna lombar, associam a dor ao movimento que a desencadeou, o que causa o medo da atividade física.

Segundo o Dr. Luis Alfredo Gomez, ortopedista especializado em cirurgia do ombro e cotovelo e médico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), os estudos sobre dor tem sido a “menina dos olhos” de vários profissionais da área da saúde, na busca por melhores tratamentos que minimizem ou até mesmo parem de vez com os episódios de dor.

O médico afirma que em casos agudos o repouso momentâneo é importante para minimizar os processos inflamatórios, mas que após esse período é extremamente importante que o paciente execute movimentos seguros, porque a falta de mobilidade pode causar a chamada “atrofia do desuso”, condição em que a musculatura perde fibras musculares por falta de movimentação, podendo ser fonte para novos episódios de dor. Portanto, o Dr. Luís Alfredo Gomez deixa claro que o repouso deve ser relativo e não absoluto e sempre compatível com o nível de dor que o indivíduo está sentindo.

Outros tratamentos para dores articulares incluem sessões de Fisioterapia, onde são realizados exercícios apropriados para cada tipo de disfunção musculoesquelética, além de terapias manuais e muitas outras ferramentas. A Fisioterapeuta Karine Faria, especialista em Terapia Manual pela PUC Minas e Fisioterapia Esportiva pela UFMG, conta que os pacientes chegam ao consultório, na maioria das vezes, com medo de executar certos movimentos, o que é compreensível, já que as crises de dor geralmente começam com determinado movimento que o paciente executou no seu dia-a-dia. Segundo ela, faz parte do processo de reabilitação mostrar ao paciente que a movimentação é benéfica e que realizar o movimento que ele fazia antes da crise é possível, e isso não necessariamente irá desencadear outro processo de dor. Mesmo assim, não é tarefa fácil vencer a cinesiofobia, que é o medo do movimento, porque a noção que as pessoas têm é de que o movimento causa um estresse na articulação afetada, o que não é verdade, pois a principal escolha para tratamento da dor lombar por exemplo, é o próprio movimento.

Segundo Karine Faria, a atividade física traz inúmeros benefícios no tratamento das dores musculoesqueléticas, desde o tratamento no estágio inicial, onde exercícios seguros e específicos para cada tipo de lesão contribuem para cessar a crise de dor, até a manutenção dos ganhos pós alta Fisioterápica. Pessoas que fazem atividade física regularmente são mais condicionadas a lidar com as crises de dor e a tendência é que, caso aconteçam, sejam de menor duração e de forma mais espaçada. A fisioterapeuta também afirma que pessoas que praticam atividade física entendem que o movimento não é prejudicial, sendo menos cinesiofóbicos quando comparados a pessoas sedentárias.

A prática da atividade física regular melhora a qualidade de vida, já que libera serotonina, dopamina e outros hormônios responsáveis pelo bem-estar mental e físico, diminuindo crises de ansiedade, melhorando o padrão de sono e fazendo com que o indivíduo lide melhor com processos de dor.

Muitas dúvidas podem aparecer quando o paciente decide começar a praticar uma atividade física, a principal delas é: qual a atividade física mais recomendada para quem quer evitar dores musculoesqueléticas? A fisioterapeuta Karine Faria é enfática quando diz que “a melhor atividade física é aquela que o paciente faz!”, ou seja, aquela que ele vai praticar com regularidade, a que ele gosta ou pelo menos se identifica. Na opinião de Karine Faria, se a pessoa conseguir aliar atividades de fortalecimento muscular, mobilidade articular (como Pilates, musculação e Ioga, por exemplo) e condicionamento aeróbico (exercícios como caminhada, corrida e natação, por exemplo) seria o ideal, porém, o importante é realizar algum tipo de atividade física, independente de qual seja!

Por muito tempo a cultura do “repousar para sarar” impediu que muitas pessoas que sofrem com dores lombares ou em outras articulações se movimentassem. Como vimos, especialistas e estudos científicos recomendam a prática da atividade física para uma vida mais saudável e para o controle da dor. Comece pela atividade que você mais se identifica ou experimente várias até encontrar a que mais gostar. Movimente-se e fique livre da dor!

 

 

 

 

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