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23/03/2023 às 07h19min - Atualizada em 23/03/2023 às 10h29min

Prada, poder e liderança feminina: enfrentando os desafios do mercado

Lições em tempos de crise

Carolina GuiRe - Editado por Fernando Azevêdo
Imagem do filme "O Diabo Veste Prada" (Foto: Reprodução/Aventuras da História)
No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é importante destacar os desafios enfrentados pelas mulheres em posições de liderança. Embora as mulheres tenham feito grandes avanços nos últimos anos, ainda enfrentam obstáculos significativos no mercado de trabalho. Uma das principais dificuldades que as mulheres enfrentam na liderança é a necessidade de equilibrar suas responsabilidades profissionais e pessoais. As mulheres muitas vezes são responsáveis pelas tarefas domésticas e cuidados com a família, o que pode dificultar o cumprimento de suas obrigações profissionais.

Ainda, as mulheres muitas vezes enfrentam discriminação e preconceito no local de trabalho. Elas podem ser subestimadas em suas habilidades e capacidades e enfrentar barreiras em sua progressão na carreira. Mulheres em cargos de liderança também enfrentam uma pressão constante para provar seu valor e competência, enquanto os homens em posições similares são muitas vezes vistos como líderes natos.

A necessidade de as lideranças femininas se imporem no mercado de trabalho sem serem rotuladas como insensíveis é um tema importante na atualidade. Uma analogia interessante pode ser feita entre a personagem Miranda Priestly, do livro e filme "O Diabo Veste Prada", e a personagem principal do filme "De Pernas pro Ar 3", Alice Segretto.

Miranda Priestly, a poderosa editora de moda da revista Runway, é temida por sua personalidade forte e exigente. Ela é retratada como uma mulher que coloca sua carreira acima de tudo e todos, incluindo sua família e seus subordinados. Embora seja admirada por seu sucesso profissional, muitos a veem como uma "dama de ferro insensível".

Por outro lado, Alice Segretto, personagem principal de "De Pernas pro Ar 3", é uma mulher bem-sucedida que luta para equilibrar sua vida profissional e pessoal. Ela é proprietária de uma empresa de produtos eróticos e enfrenta desafios como a discriminação de gênero e a concorrência acirrada no mercado. Ela é uma líder forte e determinada, mas também é retratada como uma pessoa empática e preocupada com sua família.

As duas personagens ilustram a questão de como mulheres em posições de liderança precisam lidar com a percepção de que são "insensíveis" ou "frias". Enquanto Miranda Priestly é retratada como uma líder distante e inacessível, Alice Segretto é mostrada como alguém que se preocupa tanto com sua empresa quanto com sua família.

Bárbara, 27, analista de Engenharia de Produto, conta que, "por trabalhar com vestuário, a maior parte das minhas colegas de trabalho foram mulheres. Mas já tive uma forma de falar da mesma forma que um homem (de maneira direta), minha chefe me chamava a atenção e dizia que eu não poderia falar daquela forma, ao passo de que com o colega homem não acontecia nada, era só a forma dele falar. Não era agressiva, mas sim direta, sem 'panos quentes' e sem tom de voz macio". Ela complementa: ''Sempre lidei com uma certa naturalidade, defendendo o meu território, por ser uma atitude consciente e que visa meu crescimento (que envolve o profissional)".

Kelly Caramori, 33, analista de Controladoria, diz que seu maior obstáculo como profissional é ter que se posicionar frente aos colegas, sejam ''pares ou superiores, independente do gênero". "Meus feedbacks sempre giraram em torno do seu trabalho é bom, mas você precisa aparecer mais, se impor mais. Tento argumentar baseada nas premissas do trabalho que executo, mas eventualmente acabo vencida e concordando para evitar maiores embates", afirma.

''Na área da segurança do trabalho existem muitas dificuldades e desafios, mas o maior deles é ter credibilidade", declara
Débora Jorviguinoviti, técnica em Segurança do Trabalho.

Ainda assim, muitas mulheres líderes têm superado esses obstáculos e provado que são capazes de liderar com sucesso em seus campos. É importante destacar essas realizações e continuar a apoiar e encorajá-las.

''Tudo que se propor a fazer, faça da melhor maneira que você pode! Estude mais, questione mais, revise trabalhos anteriores para aprimorar-los. Não gosto de admitir fora da minha cabeça, mas ainda temos que ser pelo menos 1,5 vezes melhor que os homens'', aconselha Kelly Caramori.

O mercado de trabalho é um ambiente muitas vezes hostil. E o que podemos fazer para amenizar isso tudo? Bárbara tem uma visão: ''Muita inteligência emocional, filtro, fé e proteção (principalmente um amuleto contra os invejosos, porque tem de monte, e saiba como lidar). Foco no que é pedido, respeito aos colegas, mas quem tem dó é piano. Não dê palco para palhaço (sic). Defenda seu lugar e se imponha, mesmo que às vezes de maneira 'dócil', para que tenha o devido respeito ou não, dependendo da empresa, ser uma mulher mais direta pode ser vista como mais respeitável.''


A chave para lidar com essa percepção é encontrar um equilíbrio entre liderança forte e empatia. Mulheres líderes precisam se impor e tomar decisões difíceis, mas também precisam ser acessíveis e empáticas com suas equipes e colegas. Uma das maneiras de promover a igualdade de gênero na liderança é fornecer mais oportunidades e recursos para mulheres.

Para contornar esses desafios, as empresas podem implementar políticas de igualdade salarial e programas de mentoria para mulheres em cargos de liderança. Os governos também podem incentivar a igualdade de gênero na liderança por meio de políticas e programas de inclusão e diversidade.

 
Uma das principais barreiras enfrentadas pelas mulheres é a dificuldade em conciliar as responsabilidades do trabalho com as demandas da vida pessoal. As mulheres muitas vezes são responsáveis pela administração da casa, cuidados com os filhos e familiares, o que pode tornar ainda mais desafiador equilibrar essas tarefas com a carreira. Para muitas, a decisão de ter filhos pode representar um obstáculo na carreira, pois ainda há uma cultura de que a maternidade é um fator limitante para a ascensão profissional. Além disso, a falta de políticas de licença-maternidade e paternidade adequadas e de estruturas que apoiem a volta ao trabalho após a licença-maternidade pode dificultar ainda mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
 
Para Débora Jorviguinoviti, o equilíbrio dessa mulher também deve estar em seu lar: ''Com seu parceiro ou parceira, ou com uma rede de apoio. O que uma empresa pode fazer é dar ferramentas ou estruturas para que a vida pessoal não interfira tanto no profissional. Criar creches ou sistemas de babás próximos ao trabalho, facilitar horários, home office. Acredito que sejam coisas que possam ajudar. Faço o possível para me dedicar à cada coisa no seu tempo. Em casa, no treino, com a família, tento estar presente em cada situação. Mas sempre tem alguma área que deixamos a desejar. Tento não misturar as coisas, ou levar problemas do trabalho pra casa. Mas quando me afeta, a minha realidade hoje em casa, me permite conversar e desabafar a respeito", diz.

''Consigo visualizar dois exemplos: primeiramente, sabemos que ainda há disparidade no salário homem/mulher; com a mulher ganhando mais ela tem maior liberdade de escolha. E a licença-paternidade mesmo tempo que licença maternidade, como uma forma de mostrar que o pai também é responsável na criação da criança, tirando assim a carga que fica sobre os ombros das mulheres. Mas, assim como na questão sobre a diversidade e inclusão, estas questões têm que ter respostas intrínsecas na mente da sociedade, então o papel principal não está na empresa e, sim, na educação de crianças e jovens", finaliza Kelly Caramori.

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