O novo programa federal foi lançado no último mês de fevereiro e busca reduzir filas no Sistema Único de Saúde (SUS). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciaram a nova medida que integra a Política Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas. A ação está sendo tomada para solucionar a espera por procedimentos que ficaram suspensos durante a pandemia de covid-19.
Caberá ao governo destinar cerca de 600 milhões de reais para estados e municípios de todo o Brasil, envolvendo um esforço interfederativo. De maneira inicial, será repassado 200 milhões para incentivar a organização de mutirões em todo o território nacional. Após isso, os outros 400 milhões de reais serão destinados através de planejamento prévio dos municípios diante de demandas e projetos.
O programa ainda prevê a realização de consultas, exames e diagnósticos em sua segunda fase, que está prevista entre abril e junho deste ano. Além disso, o programa contempla a composição de equipes de cirurgias completas e qualificadas para melhorar o tempo de espera de atendimento no país. Cada estado e município poderá planejar e estabelecer cirurgias prioritárias conforme sua demanda.
O Lab Dicas entrou em contato com o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), e foi informado que o programa ainda está em fase de planejamento de execução no hospital, e que a sua principal fila de espera é a de cirurgias ortopédicas.
Marília Catarina tem 25 anos e trabalha como arquiteta. É paciente e aguarda por cirurgia de mamoplastia redutora na fila do SUS há 2 anos. Marília relatou como foi esse processo de entrar na fila de cirurgias: “Sempre tive vontade de fazer mamoplastia redutora, que é a cirurgia de redução dos seios, pois sempre tive muitas dores na coluna e nas costas. Tenho muita dificuldade em encontrar roupas, sempre paguei mais caro em sutiã por ser tamanho maiores e considerados especiais. Então, descobri que o SUS realiza essa operação por ser considerada útil, não somente por estética. Marquei uma consulta pela tele consulta com o clínico geral, pedindo o encaminhamento para o cirurgião plástico analisar e aprovar minha cirurgia. Para posteriormente começar fazer os exames pré-operatório de acordo com o surgimento de vaga para cada exame e esperar a vaga da cirurgia também."
A arquiteta contou ainda que não foi chamada para a consulta com o cirurgião, mesmo dois anos após o primeiro atendimento. Ao entrar em contato com o hospital para saber se havia vaga disponível, esclareceram que, no momento, os pacientes de 2014 estavam sendo.
Como consequência da demora na cirurgia, Marília nota o agravamento das dores em seu corpo: “Eu não consigo ficar muito tempo sentada por conta da dor nas costas e na coluna, não consigo ficar muito tempo em pé também, a melhor posição é deitada. Sinto muita dor ao andar de moto, tenho consequências no trabalho, sinto dor o dia todo na coluna e abaixo do pescoço.”
A paciente disse o que espera de ações por parte dos governantes para a redução de filas: “Eu acho que faltam profissionais e faltam vagas em hospitais para realizar essas cirurgia, além de reclassificar novamente por ordem. Então acho que para essa demanda funcionar eu acho que tem que filtrar novamente, analisando qual é a escala de cada gravidade.”