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28/03/2023 às 20h03min - Atualizada em 28/03/2023 às 19h52min

Conheça Ke Huy Quan e sua emocionante trajetória até o Oscar

Laureado em 2023 com o Oscar de melhor ator coadjuvante, o ator que estrelou “Indiana Jones” e “Goonies” caiu no esquecimento por décadas.

Letícia Pereira - Revisado por Thainá Souza
Ator Ke Huy Quan se emociona ao receber Oscar de melhor ator coadjuvante em 2023. (Foto: Reprodução/Getty Images)

Ke Huy Quan quando jovem ficou conhecido por atuar em "Indiana Jones" e "Goonies", mas ao envelhecer suas perspectivas de sucesso foram completamente abaladas, pois o mercado cinematográfico apresenta baixas contratações de atores asiáticos. Esquecido por 40 anos, ao retornar em "Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo", como Waymond, recebeu a estatueta do Oscar de melhor ator coadjuvante em 2023.

De refugiado à estrela infantil


 
Exemplo de superação e perseverança, a história de Ke Huy Quan foi, sem dúvidas, uma das mais emocionantes da 95ª edição do Oscar, em Los Angeles.
 
Nascido em Ho Chi Minh, no Vietnã, o ator  precisou fugir aos 7 anos com sua família de barco, no final dos anos 70, devido à guerra que arrasou o país. Sua família foi separada durante a migração e foi reunida somente após a mudança de todos para os Estados Unidos. 
 
Anos depois, com sua família estabelecida na área de Chinatown, em Los Angeles, o jovem de 12 anos foi descoberto em um casting aberto para “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984). Assim como detalha o The Guardian, o diretor Steven Spielberg conduzia as buscas por alguém para interpretar Short Round, o batedor de carteiras, quando Ke Huy Quan apareceu para apoiar seu irmão, mas acabou realizando o teste também.
 
Após alguns dias, o garoto recebeu um telefonema do escritório de Spielberg dizendo que havia sido selecionado. “Foi um dos momentos mais felizes da minha vida”, disse Ke Huy Quan para o jornal britânico. 
 
Com seu sucesso, ao estrelar Short Run em Indiana Jones, o jovem vietnamita-americano foi convidado para participar de “Goonies”, onde ficou mundialmente conhecido por interpretar o personagem Data. Quan também fez outros papéis em sitcoms dos anos 90, mas aos poucos as audições foram diminuindo e sua carreira foi se desfazendo.
 
Reencontrando a fama 
 
Após ter se tornado uma estrela infantil do mundo cinematográfico, o menino prodígio começou a ver sua carreira promissora desaparecer. Seu telefone já não tocava mais, aos poucos seu nome ia sumindo dos jornais e já não era mais cotado para filmes. Assim, Ke Huy Quan chegou a ficar um ano sem fazer qualquer audição, revela ainda para o The Guardian.
 
Sem entender as razões das rejeições que estava vivenciando, Quan foi forçado a se mudar de Hollywood aos 20 anos, desmotivado pela ausência de bons papéis para atores asiáticos. 
 
Enterrando seu sonho de atuar, o jovem se matriculou no curso de Cinema da Universidade do Sul da Califórnia, em 1998. Também atuou ao longo de anos como coordenador de dublês, ensinando artes marciais e chegou a coreografar cenas de ação de X-Men: O Filme (2000). A biografia de Ke Huy Quan no Adorocinema detalha sua atuação nesse período longe das câmeras.
 
Aos 50 anos, inspirado no sucesso de “Crazy Rich Asians” (2018), o ator sentiu, em seu coração, que era a hora de voltar ao seu sonho, conta à NBC. Logo após ter contratado um agente, Quan recebeu o convite para a audição de “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” e, em janeiro de 2020, foi anunciado como parte do elenco. 
 
E, assim, Ke Huy Quan retornou ao cenário mundial do cinema com sua impecável atuação no filme independente “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, sendo premiado com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, na 95ª edição da premiação.
 
“Minha jornada começou em um barco. Passei um ano em um campo de refugiados. E de alguma forma eu acabei aqui, no maior palco de Hollywood. Dizem que histórias como essas apenas acontecem em filmes. Eu não acredito que isso está acontecendo comigo! Esse é o sonho Americano.”

Ke Huy Quan em discurso no Oscar 2023
 
O Omelete destacou os principais trechos da entrevista coletiva do ator, após receber o prêmio no Dolby Theater, em que ele comenta sobre as dificuldades na sua trajetória no cinema e a felicidade de ter concretizado um de seus maiores sonhos. 

 
Ainda em entrevista para o The Guardian, Ke Huy Quan revela ter acabado de gravar para a segunda temporada de Loki, da Marvel Studios. "É incrível. Eu ainda estou me beliscando todos os dias. Eu não posso acreditar que isso é real”, revela o ator diante do sucesso que têm alcançado e por estar retomando sua carreira. 
 
"Tudo em todo lugar ao mesmo tempo": o filme que dominou as premiações
 
O filme dirigido por Daniel Kwan & Daniel Scheinert foi o maior vencedor da edição de 2023 do Oscar. A obra foi indicada a 11 categorias e venceu 7 delas, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz (Michelle Yeoh) e Melhor Ator e Atriz Coadjuvante (Ke Huy Quan e  Jamie Lee Curtis). 
 
O longa conta a história de Evelyn Wang (Michelle Yeoh), dona de uma lavanderia que pode ir à falência, em um casamento em ruínas com Waymond (Ke Huy Quan) e um complicado  relacionamento familiar com seu pai Gong Gong (James Hong) e sua filha Joy (Stephanie Hsu). No meio de todo estresse que inunda sua vida, Evelyn é apresentada ao multiverso e entra em uma aventura eletrizante, cheia de suspense e muita ação. 
 
Uma versão alternativa de Waymond contata a protagonista e conta que essa precisará enfrentar uma entidade multiversal que pretende destruir todas as realidades: Jobu Tupaki.  É a partir daí que o filme explora o multiverso e o conceito de "variantes", esses que foram introduzidos pela Marvel, mas que no filme de Kwan e Scheinert se apresentam de formas diferentes. 
 

Trailer oficial de ‘Tudo em todo lugar ao mesmo tempo’. (Reprodução: Ingresso.com - YouTube)

 
Diversidade e representatividade no Oscar 2023


 
A premiação de Ke Huy Quan e Michelle Yeoh levantaram a discussão sobre o quanto a indústria cinematográfica pode ser excludente e reverberar preconceitos profundamente enraizados em diversas culturas. 
 
O fato de um vietnamita-americano ter seu retorno aos cinemas somente décadas depois de seu esquecimento e de Michelle ter sido a primeira mulher asiática, com 60 anos, a receber um Oscar de melhor atriz revela muito da indústria hollywoodiana. 
 
A presença e vitória de atores asiáticos são um grande avanço para premiações com maior diversidade, representatividade e que considerem o que de fato deve ser analisado: critérios técnicos cinematográficos e não critérios subjetivos e pessoais.
 
Em matéria do CNN Portugal, são detalhadas as dificuldades encontradas pelo elenco e produção de ‘Tudo em todo lugar ao mesmo tempo’, onde grande parte da equipe é asiática ou asiática-americana. 
 

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