Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
10/04/2023 às 20h37min - Atualizada em 31/03/2023 às 18h45min

Young Royals: como a ficção pode representar a realidade

A série sueca da Netflix está fazendo sucesso com romance LGBTQIA+ e aproximação com a realidade

Gabriela Santos Souza - Revisado por Thainá Souza

As séries, novelas, filmes podem trazer várias lições e representar a realidade em certos aspectos. No entanto, ao pensar nessa realidade representada nas telinhas, o quanto ela se aproxima o mundo real? Apesar de serem obras fictícias, não justifica os cenários fora da curva que esses entretenimentos acabam produzindo. Por exemplo, se pensarmos em filmes norte americanos de ensino médio, em sua maioria os adolescentes são todos brancos, aparência impecável, sem espinhas, físico atlético, e para além disso, existe uma problemática na seleção de elenco, adultos são escolhidos para interpretar adolescentes. 

 

O ator Jacob Elord, do filme A Barraca do Beijo, exemplifica exatamente isso quando, em entrevista à GQ Austrália, diz que não quer mais fazer papéis de “garoto mais popular”: "Nada contra, mas meio que deu pra mim e seria muito difícil encontrar felicidade nisso. Eu também estou ficando mais velho e aparentando ser mais velho, então ficar voltando ao colegial é meio que nada a ver". Dessa forma, é importante que a escolha de atores e atrizes seja feita através dessa perspectiva para conseguir proximidade com a realidade e identificação seus espectadores. 

 

A série Young Royals, lançada em 2021 pela Netflix, dirigida por Rodja Sekersöz é Erika Calmeyerum modelo de como as produções podem mostrar um universo mais próximo ao que vivemos, pela escolha do elenco e a forma como abordam assuntos importantes para adolescência e juventude. A trama conta a história de Wilhelm, príncipe da Suécia, que é enviado para o colégio interno  Hillerska após um escândalo o envolvendo. Chegando lá, o príncipe conhece Simon, com quem começa a desenvolver uma amizade e a despertar sentimentos românticos, no entanto, diversos problemas aparecem atrapalhando a construção do relacionamento.

 

O seriado é curto, com seis episódios, mas intenso e cheio de drama, romance e tensão. Logo nos primeiros episódios, desde a chegada e recepção de Wilhelm ao colégio, abre-se uma porta para um leque de assuntos que serão desenvolvidos  ao longo da trama como: problemas familiares, saúde mental, LGBTQIA+.

 

Um dos pontos que se destaca na série são as questões de saúde mental. Primeiramente, o personagem principal, príncipe Wilhelm, tem ansiedade e não sabe lidar bem com isso. Os momentos tensos envolvendo a família e as descobertas do sentimentos por Simon, marcam os episódios de ansiedade do personagem. E assim como na ficção, na vida real, é muito comum jovens terem esses mesmos problemas e não saberem o que fazer ou como identificar e solucionar tais entraves. Na série,  Wilhelm só deseja ter uma vida normal, de uma pessoa comum, mas tudo se intensifica e muda com a morte de seu irmão, se tornando o príncipe herdeiro.

 

Além disso, seu primo August (Malte Gårdinger), ao contrário de Wilhelm, quer ter uma vida boa, de privilégios, fazendo de tudo para estar perto da realeza. Capitão da equipe de remo do colégio, o personagem procura excessivamente manter o corpo atlético, boa aparência e performance. Isso é mostrado através dos grandes esforços que o personagem faz, como acordar cedo para se exercitar, comparações em frente ao espelho, tenta fazer uso de remédios psicoestimulantes, buscando diagnóstico de TDAH, mesmo não tendo. 

 

Felice, interpretada por Nikita Uggla, contraria o que se espera em uma série com seu tipo de personagem por ser negra, com corpo fora do padrão e cabelos cacheados. Normalmente, são colocadas meninas brancas dentro do padrão socialmente estabelecido para interpretarem o papel de rica, popular, e que se apaixona pelo garoto mais popular da escola. Na série, o real atravessa o fictício, e a personagem, apesar de muito confiante, apresenta inseguranças com os cabelos, que estão sempre sendo alisados, o que mostra a realidade de muitas meninas negras. Além disso, Felice sofre com a exigência da mãe para que sempre esteja “perfeita”, principalmente para o príncipe.

 

Simon, é interpretado por Omar Rudberg e assim como seu personagem, tem origem latina. A série mostra uma forte tentativa de ser mais fiel à realidade ao se preocupar em colocar um ator que tem a mesma origem do personagem, apresentando uma sensibilidade devido a experiência e vivência do ator com o personagem. 

 

Young Royals está terminando seu caminho indo para a terceira temporada. As gravações já começaram e a previsão de estreia é para ainda esse ano de 2023. Será que Wilhelm e Simon finalmente terão um final feliz? Essa é uma pergunta feita desde a primeira temporada pelos telespectadores que acompanham a história e aguardam ansiosamente a resposta. 

 

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »