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04/04/2023 às 16h47min - Atualizada em 04/04/2023 às 16h34min

Novo Ensino Médio: entenda as mudanças que são propostas pelos estudantes

Depois de atos pela revogação do novo ensino acontecerem por todo o país, MEC suspende o cronograma de implementação do modelo

Gabriel Ribeiro - Editado por Ynara Mattos
Foto: Acervo pessoal/Lua Quinellato


Mesmo tendo sido aprovada em 2017, durante o governo de Michel Temer, a reforma do ensino médio entrou em vigor e começou a modificar a vida dos estudantes em 2022. Desde que foi proposta, suas alterações diretas no ensino vem sendo questionadas por profissionais da área da educação e pelos alunos, o motivo é objetivo, para eles o que era para ser uma reforma positiva, planejada para atualizar a educação brasileira faz justamente o contrário, precarizando ainda mais o ensino e sucateando cada vez mais o sistema educacional. 
    

A reforma do ensino médio é fruto da lei nº 13.415/2017, que promoveu uma mudança na estrutura básica do ensino. Assim, afetando principalmente a organização curricular, fazendo com que a jornada do aluno fosse composta pela formação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com o complemento de matérias que poderiam ser escolhidas pelos estudantes, os itinerários formativos. 


Um grande problema apontado pelos especialistas e pelas entidades educacionais ligadas à defesa dos direitos dos estudantes seria que a estrutura do ensino público brasileiro não conseguiria ofertar aos estudantes itinerários formativos tão atuais para garantir uma educação de qualidade. Outro problema abordado estaria na maneira como a nova organização do ensino seria feita, podendo prejudicar a formação básica dos alunos, já que disciplinas como sociologia, filosofia, arte e educação física poderiam não ser ofertadas durante os três anos completos de formação. 


“A gente acha que o estudante vai ficar feliz, porque vai ter uma redução na carga horária de matérias que antes eram obrigatórias. Mas quando entramos em contato com eles, percebemos que eles sabem muito bem da importância de cada uma delas, estudante não é burro e sabe que vai acabar sendo prejudicado quando tem uma matéria de sociologia substituída por uma aula de como fazer brigadeiro, por exemplo”. disse Juliana Gomes, vice-diretora da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBEs) do Rio de Janeiro. 

 


Muitos estudantes acreditam que com a mudança em seus currículos, ficará cada vez mais difícil ingressar em universidades públicas. Sem conseguir continuar estudando em um ensino superior a maior parte dos jovens terá então que ingressar no mercado de trabalho mais cedo que o desejado. “O novo ensino médio foi uma reforma imposta aos estudantes, não houve uma conversa sobre o que seria melhor para quem estuda em escolas públicas, é simplesmente uma imposição de um ensino que parece novo, mas, na verdade, é velho. Um ensino que dificulta o acesso dos estudantes às universidades públicas porque precariza o acesso a matérias importantes para passarem nos vestibulares…” comentou Juliana.


Unindo forças de todos os lugares do Brasil, o movimento estudantil se juntou com professores e membros da sociedade educacional a fim de reivindicarem pela revogação completa do novo ensino médio. No dia 15 de março pelo menos 55 grandes cidades do país registraram protestos. Lua Quinellato, estudante de pedagogia pela Universidade Federal Fluminense, esteve presente no ato que ocorreu no centro da cidade do Rio de Janeiro, ela reforça como o novo ensino médio também se mostra negativo para os professores que foram “desrespeitados” quando não foram ouvidos sobre essa importante reforma na educação. 


“As manifestações mostram a insatisfação dos estudantes e professores com a reforma e como ela foi feita. O antigo ensino médio também não era o que queremos para a educação. O ensino médio que queremos é um construído em conjunto com a população, estudantes e professores, que forme pessoas com senso crítico, que conheçam a própria história.” afirmou a estudante. 


Diante de tanta movimentação para barrar a reforma educacional, o presidente Lula se manifestou através de suas redes sociais.

 

  
O Ministério da Educação suspendeu a portaria que estipula o cronograma de implementação do novo ensino médio. “Hoje estou assinando uma portaria que nós vamos suspender a portaria 521, que aplica o cronograma de aplicação do Novo Ensino Médio” afirmou o ministro da educação Camilo Santana em entrevista. A justificativa é que a suspensão está sendo proposta por causa do novo ENEM, que deveria ser iniciado em 2024. Segundo o ministro, é preciso tempo para fazer os ajustes necessários no meio do processo de debate.


“Muitas vezes estamos na rua e as pessoas duvidam da força dos movimentos estudantis. Estamos fazendo grandes provocações ao governo, para mostrar que a população brasileira que de fato frequenta a escola não está satisfeita com essa situação. Quando nos manifestamos estamos chamando atenção para a luta pelos nossos direitos. Queremos estudar!” conclui Juliana.


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