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06/04/2023 às 19h25min - Atualizada em 06/04/2023 às 18h59min

Paris está tomada pelo lixo

Reforma previdenciária seria o motivo da desordem

Por Rafael Holanda - Editada por Uilson Campos

Uma possível reforma previdenciária está causando um verdadeiro caos nas ruas de Paris, capital da França. Há cerca de um mês, a cidade está tomada pelo lixo e desordem. Manifestantes e sindicalistas pressionam o governo para que a idade mínima de aposentadoria não seja alterada. Com a reforma, os trabalhadores de limpeza urbana do estado também estarão inclusos nas mudanças previstas, além de várias outras categorias de trabalhadores. O governo federal já afirmou que não cederá às pressões vindas das manifestações e sindicatos.

 

O governo francês e o seu atual presidente, Emmanuel Macron, estudam a hipótese para a alteração da reforma previdenciária do país, e com isso aumentar a idade mínima para a aposentadoria. As justificativas do governo se baseiam que a idade mínima de aposentadoria pelo sistema público de previdência é menor na França que em outros países da Europa, como Itália (67), Reino Unido (66) e Espanha (65). No país, atualmente a idade mínima é de 57 anos no caso dos trabalhadores de limpeza urbana.

 

O principal objetivo da nova lei previdenciária é aumentar gradualmente a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 no caso de outras categorias. O aumento ocorrerá com base em incrementos de três meses por ano, a partir de setembro de 2023. A reforma francesa também prevê, para 2027, a exigência de contribuir 43 anos para obter o benefício, em vez de 42 anos. Além disso, a nova lei elimina os privilégios de aposentadoria de alguns funcionários do setor público, como os trabalhadores do metrô de Paris.

 

A indignação maior para a não aceitação à nova lei tornou-se ainda mais forte depois que o governo forçou em 16 de março sua aprovação contornando a Assembleia Nacional, que é a câmara baixa do Parlamento - onde não tem maioria absoluta. Macron diz que a reforma é necessária para garantir o futuro do sistema previdenciário do país. Segundo ele, a medida é crucial para evitar o colapso do generoso sistema previdenciário da França e para garantir que os cidadãos mais jovens não assumam o ônus de financiar as gerações mais velhas.

 

Diante dos fatos, várias manifestações começaram a acontecer nas ruas da capital do país. Com a paralisação dos trabalhadores de limpeza urbana, os lixos deixaram de ser recolhidos e durante os atos passaram a ser rasgados e espalhados pela cidade. As consequências logo vieram à tona: ratos, moscas, mau cheiro e desorganização. Vândalos atearam fogo em pilhas de lixos acumulados nos dias anteriores. Moradores temem um problema de saúde pública em breve.

 

A Dra. e Professora do Centro de Desenvolvimento Sustentável/UNB, Izabel Zaneti, ressalta que os impactos na saúde da comunidade podem acontecer de diversas formas, por contaminação dos resíduos que são jogados e ficam acumulados nas ruas, viram o chorume e acabam pela proliferação de vetores como baratas, ratos e outras pragas que podem trazer várias doenças como leptospirose e dermatites. Isso é um problema muito sério para as pessoas que estão andando nas ruas. É um problema ter esse acúmulo de lixo, principalmente que os resíduos secos se misturam com os orgânicos e não há o recolhimento dos mesmos.

 

“Eu estou acompanhando pela imprensa esse problema todo dessa mobilização da população, a greve e todos as manifestações depende muito da vontade política de resolver o problema. Se o presidente Macron resolver isso em uma semana, será necessário uma força tarefa para a limpeza da cidade. Para que a população também coopere, devem evitar colocar os lixos nas ruas e pelo que estamos acompanhando não será tão fácil assim. A população não está interessada em ajudar, pois querem que a reivindicação deles seja atendida. Para solucionar o problema poderá durar uma semana ou mais ainda e depende da força política e da força tarefa para fazer a limpeza’’ disse ela.


Zaneti, reforça que as medidas que a população pode tomar, é não colocar o lixo ou se organizar para fazer uma compostagem levando o lixo orgânico para um local específico. O lixo seco seria mais fácil de acondicionar em casa ou direcionar para um galpão de catadores, por exemplo. “Mas pelo que estamos acompanhando, a maioria da população quer fazer um protesto e a forma de ajudar seria não colocar o lixo nas ruas. Mas fica evidente que eles querem protestar com isso também’’ complementa ela.
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