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07/04/2023 às 15h23min - Atualizada em 07/04/2023 às 14h18min

Trabalho escravo ainda é problema recorrente no Brasil

Mesmo que tenha se passado 135 anos da abolição da escravatura, os casos ainda são uma realidade para os brasileiros

Por Caroline Oliveira - Editada por Uilson Campos
Cerca de 57 mil brasileiros foram resgatados de condições análogas à escravidão. Foto: Reprodução/Pinterest. Créditos: Cherish


A população brasileira carrega o peso das consequências deixadas pelos colonizadores até a época atual, mesmo que afete a sociedade como um todo. Quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 1888, não foi deixado nada aos escravizados, nem emprego e muito menos garantia de saúde básica.

 

Mesmo assim, uma grande maioria lutou severamente para se proteger daqueles que não concordavam com a abolição e também para sobreviver. A criação da primeira lei trabalhista sucedeu 46 anos depois no Governo de Getúlio Vargas, que garantiu aos trabalhadores direitos básicos, como salário mínimo, jornada de trabalho por oito (8) horas, férias e a liberdade sindical.

 

Se passaram 135 anos e o sofrimento ainda é uma realidade, grandes empresas ainda exploram a força de trabalho dos empregados sem nem dar chances de contestar. Em uma vistoria do Ministérios do Trabalho e Emprego no dia 22 de março de 2023, cinco funcionários da Yellow Stripe, empresa que terceirizava funcionários para o Lollapalooza, foi resgatados em uma situação análoga à escravidão.

 

Yellow Stripe é uma empresa destinada ao fornecimento de bebidas no festival, foi prometido aos contratados receber R$130,00 por dia com o início em 16 de março até o final do festival no dia 26 do mesmo mês. De acordo com informações da pasta, os funcionários trabalhavam como carregadores de material durante 12 horas e foram obrigados a dormir nos postos de estoque. 

 

A empresa responsável pelo Lollapalooza, T4F, rescindiu o contrato com a fornecedora de bebidas em um comunicado nas redes sociais, até o momento os trabalhadores foram indenizados devido aos direitos de um valor aproximado de R$10.000,00. Ainda em fase de audiência, não é certo saber sobre o que irá acontecer ou se os culpados realmente vão pagar pelos danos psicológicos causados.

 

Segundo Juliana do Nascimento (nome fictício para preservar a imagem), que trabalhou 23 anos em uma gráfica de médio porte como chefe do departamento financeiro, ela era obrigada a ficar além da sua carga horária, “Minha carga horária era 44h semanais, 08 horas por dia, porém eu já cheguei a ficar várias vezes mais de 12h, no início que não tinha muitos funcionários eu não tinha como ir embora cedo, o volume de trabalho era muito grande, após uma estruturação dos departamentos melhorou pouca coisa”.

 

Juliana relatou também sobre um dos benefícios que a empresa oferecia, as cestas alimentícias: Houve alguns conflitos relacionados às cestas básicas, produtos com má qualidade ou sobre o volume de itens alimentícios, que era distribuído poucas coisas”.
 

Por fim, Juliana conta que: “Quando foi demitida tive bastante conflitos com a nova gerência, relacionado a falta de profissionalismo e hierarquia. O último gerente abusava da posição dele para impor coisas absurdas aos funcionários”.

 

Ainda que o governo tenha reconhecido a existência do trabalho análogo à escravidão e buscou alternativas para o eliminar, dados do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho apontam que o problema aparece em um lugar profundo do Brasil, principalmente em áreas rurais.

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