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24/07/2019 às 17h25min - Atualizada em 24/07/2019 às 17h25min

Time Abelhas rainhas de Picos enfrenta dificuldade com falta de investimento

Quitéria Alves, atual presidente do clube, fala sobre as dificuldades do futebol feminino picoense

Amanda Mendes - Editado por Paulo Octávio
Foto: Divulgação/ Facebook Abelhas rainhas de Picos
Após a disputa da Copa do Mundo feminina, as atenções se voltaram para a categoria. Mas a realidade pós torneio no Brasil não é positiva. A técnica do Santos, Emily Lima, filmou várias jogadoras do clube dormindo nos sofás da recepção do hotel, que não ofereceu quartos para as atletas. O Palmeiras/Vinhedo, mesmo com acesso garantido e a melhor campanha do Brasileirão da A2, demitiu a treinadora Ana Lúcia Gonçalves devido a "readequação na filosofia do departamento", de acordo com nota oficial da equipe.  E os clubes do interior, que não tem a mesma divulgação dos maiores, também sofrem. É o caso do Abelhas Rainhas de Picos.

A equipe da cidade de Picos, em Teresina, foi fundada em 2008 com o nome de seleção feminina de Picos. Mas mudou de nome em 2013 quando passou a  participar das competições com o nome da SEP (Sociedade Esportiva de Picos).  E fez nova alteração em 2014 quando realizou seu próprio registro como Abelhas rainhas de Picos, em 2014. Nessa temporada, a equipe ficou em terceiro lugar na Copa do Brasil, feito inédito não só para Picos como para o Piauí. No ano seguinte o time ficou entre as 16 melhores equipes na Copa do Brasil. Quitéria Alves, atual presidente da equipe e ex-jogadora da Abelhas rainhas, contou para o Lab Dicas de Jornalismo como está a situação do clube. Confira a entrevista abaixo:
 
LAB DICAS: Como surgiu o interesse em jogar futebol?

Quitéria: Comecei a me interessar pelo esporte quando eu assistia a Copa masculina, em casa, e amava ver futebol, principalmente a seleção brasileira. Passei a praticar como brincadeira com meus irmãos e minha cunhada, em Petrolina. Em campinho de areia, na rua, aí tinha uma trave pequena, a gente colocava e brincava de dupla e isso foi ficando. A escola, onde eu estudava, recebeu um incentivo muito bom, que foi no futsal.  Eu costumo dizer que todas as minhas atletas  boas de campo vieram do futsal. Eu fui diferente, retornei do futsal para o campo de novo, mas minha preferência é o campo.
 
L.D: A equipe da Abelhas Rainhas está em atividade?

Quitéria: 
Está em ativa. Toda a legalidade de documentação para participar da competição, que dá vaga a um brasileiro. Mas hoje as meninas vão jogar fora, pois a equipe que tiver um torneio na região  chama uma ou outra atleta pra ir jogar, como se fosse um bico. A atletas  vão e ganham alguma coisa por isso, mas é uma gratificação muito pequena. Eu já incentivei elas a cobrar financeiramente porque a gente faz todo um trabalho diferenciado de  preparo físico e tático. Então a gente tem que se valorizar e cobrar alguma coisa
Estamos pensando em voltar em agosto a atividade do clube e tentar se preparar para o Estadual.  A  gente só se reúne próximo de competição grande e de importância porque o gasto é grande
 
L.D: Como o clube se mantém financeiramente?

Quitéria:
 Financeiramente o time vive de patrocínios. Próximo as competições, o empresário patrocina e a gente coloca o nome da empresa na camisa ou no colete de treino. E as jogadoras divulgam nas redes sociais, até em rádio, quando eu vou. Como não temos só empresários de Picos nos apoiando, temos também muitos amigos que colaboram com compras, chuteiras e às vezes dão a bola e levam a gente para o treino.
 
L.D: Qual é a situação do futebol feminino piauiense?

Quitéria: 
Infelizmente não é das melhores. É uma situação feia e muito precária. Não é só o meu time que passa por dificuldade. O meu clube tem muita dificuldade devido a distância para ir participar do piauiense, mas vejo times da própria capital enfrentando problemas. O único time estruturado que tem condição de receber atletas e tem  academia e transporte a disposição é o Tiradentes.
 
L.D: Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelo time?

Quitéria: 
A  questão financeira pesa. Porque não tem como você deixar de trabalhar para jogar bola, não tem como você deixar de estudar pra ser atleta. Só temos, graças a Deus, o material esportivo e locais de treino, que já é uma evolução. Antigamente a gente treinava em campo de barro, então nós demos um passo a frente, porque agora temos o estádio a nossa disposição.
 
L.D: Como você dribla o preconceito?

Quitéria: 
Hoje em dia é muito mais aceitável. Não nego para você que no meu tempo, quando comecei, era pior. Além do preconceito da rua, tinha o da própria casa. Minha mãe mesmo  não me apoiava. Hoje ela aceita e é mais tranquilo. Mas na minha época não era bem visto, mesmo assim eu tinha irmãos que aceitavam e me levavam para jogar bola com eles, isso já ajudava. Agora a questão dos olhares tortos da rua,  é indiscutível porque tem sempre, até hoje tem.    

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