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29/05/2023 às 19h44min - Atualizada em 29/05/2023 às 19h18min

Tasha & Tracie: As gêmeas que revolucionam no RAP e no Ativismo Negro

As irmãs ampliam a presença feminina na música nacional e no gênero marcado pela masculinidade

Marcela Conrado - Revisado por Thainá Souza
Tasha e Tracie posando para divulgar novos trabalhos. (Divulgação/Instagram: @TashaOkereke)

Com mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify, as irmãs Tasha e Tracie Okereke têm transformado o cenário do RAP nacional. Sempre com pautas sociais latentes, as produções das gêmeas surgem para além do musical, com resistência e empoderamento surpreendente. Ludmilla, Gloria Groove e Djonga são alguns artistas que a dupla tem parceria, além de colaborações com marcas famosas, como KIT KAT, Adidas e Kenner. 

 

Por trás do sucesso

Filhas de mãe brasileira, Roseane Aparecida do Nascimento, e pai nigeriano, James Okereke, as irmãs nunca esconderam que os pais são suas principais influências, com as arrumações de Dona Roseane e as canções com o pai.

 

Nascidas na Zona Norte de São Paulo (SP), na Trindade e no Jardim Peri, as garotas enfrentaram vários tipos de dificuldades. Criadas em periferia, Tasha e Tracie sabem bem o peso de suas vivências. Seguindo seu principal lema: “Somos arte, rua, África e não damos a mínima pras suas etiquetas”, as artistas se firmam no mundo da música, da moda e na luta antirracista.

Música 'Agouro' cantada pelas cantoras Tasha e Tracie. (Reprodução/YouTube: @CeiaEnt)



Antes de seguir na música, no ano de 2014, as irmãs criaram um Blog aos 17 anos, intitulado ‘Expensive Shit’, com postagens relacionadas a moda, temáticas raciais, música e muitas informações. Sem muita estrutura ou renda, uma irmã fotografava a outra, ou a mãe ajudava.  Não podendo comprar roupas caras, as meninas investiam em brechós e customizavam as peças à sua maneira.

 

De dicas de como usar um lenço até informações como ‘Direitos e deveres em uma abordagem policial. Porque você jovem,preto e favelado tem que saber!’, as duas, sem muito recurso, compartilhavam o que mais tinham de importante, seus conhecimentos sobre ancestralidade e os direitos dos seus. 

 

Reescrevendo o RAP de uma visão feminina

Atualmente, são DJ’s e MC' s, além de estilistas, produtoras culturais e diretoras de arte. Entretanto, para chegarem ao sucesso que visto hoje, as gêmeas tiveram que trilhar um caminho, que até então, era, predominantemente, feito por homens. 

 

Em seu Blog, já era possível observar as predileções das irmãs ao mundo da música mas, foi em uma festa no centro de São Paulo, intitulada ‘Discopédia’, em um espaço cedido por um dos organizadores, DJ Nyack, que a dupla começou a mostrar todo seu talento.

 

Com uma mistura de funk e trap, Tasha e Tracie abordam em suas produções temas ligados à cultura negra, memórias afetivas com a vivência periférica, sexo e ostentação. Em 2019, lançaram seu primeiro álbum, chamado ROUFF, gravado pela Ceia Ent. Foi a partir dele que começam a ganhar mais visibilidade no espaço musical nacional.

 

Entre os seus principais lançamentos, ‘Pisando Fofo' em parceria com a cantora Gloria Groove e ‘SP NIGHTS’, com as Hyperanhas, ganham destaque. Além disso, no ano passado elas passaram a ganhar atenção internacional, com colaborações de Yunk Vino e Kyan. Além de participar de grandes festivais, como  REP Festival - RJ e Cena 22k - SP, e com indicações à prêmios, como BET Hip Hop Awards, na categoria de melhor flow internacional.

Clipe 'Pisando Fofo' de Gloria Groove com participação de Tasha e Tracie. (Reprodução/YouTube: @GloriaGroove)



Ativistas Periféricas

Como uma dupla multitarefa, elas também fazem palestras e gostam de ser chamadas de ‘Ativistas Periférica’, não gostando de nenhum outro rótulo que as limitem. Sempre abordando suas vivências na periferia, seus estilos de vida, as temáticas raciais, as gêmeas levam informação e conhecimento sobre o povo preto.

 

Sendo as primeiras brasileiras a entrarem para o ‘Portal Afropunk’, o maior festival de cultura negra do mundo com diversas formas de expressão cultural para construir espaços de resgate, diálogo, reconstrução e revolução.

 

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