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05/08/2019 às 19h59min - Atualizada em 05/08/2019 às 19h59min

Especialistas discordam sobre redução da violência no Rio Grande do Norte

O estado é o segundo do país que mais reduziu assassinatos

Alivaci Costa - Editado por Naryelle Keyse
Foto: Ney Douglas / G1 RN
O monitor da violência, ferramenta do portal G1 que analisa números de assassinatos em todo o Brasil, divulgou em abril deste ano, que o Rio Grande do Norte teve uma queda de 41,9% no número de homicídios em comparação com os dois primeiros meses do ano passado. Ainda segundo o relatório, o estado é o segundo do país que mais reduziu o número de mortes violentas, ficando atrás apenas do Ceará que registrou uma redução de 57,9%. 

Para o especialista em segurança pública, Ivênio Hermes, a redução da violência nos primeiros meses do ano se deve a um conjunto de estratégias adotadas pelo governo desde que começou a transição em janeiro deste ano. “Durante a transição se criou o Plano Ação 181 para ser executado nos primeiros seis meses de governo. Todo o planejamento se comunica intersetorialmente com ações de todas as agências de segurança, ou seja, polícia civil e militar, ITEP e corpo de bombeiros, e esses com a polícia federal e rodoviária federal,” explica Ivênio.

Porém, para o professor de direito criminal e jornalista, Cid Augusto, essa redução pode ser passageira.  Para ele, a violência muda de acordo com diversas situações como educação, economia, oportunidade de trabalho, entre outros. E como o cenário nacional é de muita incerteza, não se pode garantir que os índices continuem caindo, ou mesmo que permaneçam com estão.  “Pode ser passageira, sim, porque a variação nos índices de violência depende de uma série de fatores, envolvendo, por exemplo, questões sociais, momentos políticos, instabilidades econômicas e crises de segurança pública,” defende Cid.

 
No Brasil
O número de homicídio também caiu em todo o país no mesmo período, a redução foi de 25%. Os dados são do índice nacional de homicídios, criado com base na mesma ferramenta do G1 que utiliza dados oficiais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. De acordo com os números, foram registradas 6.856 mortes violentas no primeiro bimestre de 2019. No mesmo período de 2018, foram 9.094 assassinatos. No entanto, o relatório não leva em conta o Paraná, na época o governo informou que os dados ainda não estavam disponíveis.
 
De volta ao RN
Em números exatos, os crimes de homicídio no estado ficaram assim; nos dois primeiros meses deste ano foram 212 homicídios (119 em janeiro e 93 em fevereiro). Já em 2018 foram registrados 365 homicídios (197 em janeiro e 168 em fevereiro).

Apesar da redução em todo país, Ivênio não acredita que houve grande influência das ações do governo federal. “Embora haja sempre uma acomodação nas a atividades do crime organizado durante as mudanças de governo quando, não podemos imputar uma redução tão grande como a do Rio Grande do Norte a isso, haja vista, que os números estão em redução e sem nenhuma interferência do governo federal,” concluiu o especialista.

Apesar das divergências, esse é um ponto onde os especialistas concordam, para Cid o combate ao crime vai além do emprego da força tão defendido pelo governo federal e as ações devem ser integradas entre todas as esferas do país. “Partindo da premissa de que o crime se organiza na desorganização do Estado, conclui-se que a questão não é apenas de força, mas também de estratégia e de se fazer presente em todas as comunidades. Precisa haver educação pública de qualidade para formar cidadãos cada vez mais conscientes de seus direitos e deveres. O resto é consequência,” completou ele. 

O monitor da violência é um projeto mantido por uma parceria entre o G1, o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A ferramenta disponibiliza dados sobre os crimes de homicídios registrados em todo Brasil. Para ver as principais reportagens produzidas pelo projeto acesse o link, https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/.



 

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