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06/09/2019 às 00h23min - Atualizada em 06/09/2019 às 00h23min

Fator Longevidade: Sem desculpas para viver bem

Ninguém é assim tão velho que não acredite que poderá viver por mais um ano

Letícia Agata Nogueira - Editado por Mário Cypriano
Bradesco Seguros
Com o passar dos anos, nota-se que a expectativa de vida no Brasil tem aumentado, devido a procura da sociedade por métodos e práticas que aumentam a qualidade de vida. Quando aplicados, os métodos colaboram para a longevidade. Segundo o dicionário, a palavra está ligada com a "duração de vida em geral e a durabilidade ou resistência das coisas". Sendo assim, os indivíduos passam a viver com vigor, adiando as doenças e equilibrando seu tempo e afazeres.

De acordo com o médico gerontólogo, membro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e estudioso do envelhecimento, Alexandre Kalache, em 1945 a expectativa no Brasil era de 43 anos. A Tábua de Mortalidade para o Brasil, emitida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informa que a expectativa de vida em 2017 era de 76,0 anos, causando um aumento de 3 meses e 11 dias em relação ao ano de 2016 (75,8 anos). 

Os dados revelam a existência de uma revolução da longevidade. Kalache afirma:
 
"A Revolução da Longevidade requer adotar uma perspectiva de curso de vida. O jovem de hoje será o idoso de amanhã. Para entendermos um idoso, olhemos para trás, para o modo como levou a vida e se tornou quem é hoje. Por isso, é indispensável considerar os determinantes do envelhecimento ativo: de acesso a serviços sociais e de saúde; comportamentais (estilos de vida); pessoais (genéticos, hereditários e de personalidade); ambientais; sociais e econômicos. Esses aspectos são interdependentes, segundo cada cultura e perspectiva de gênero".
 
Além dos determinantes citados, em sua participação no Café Filosófico, o doutor aponta que controlar a morte de crianças prematuras, envolvendo a tecnologia médica, faz com que a expectativa de vida aumente. Alexandre acredita na importância do desenvolvimento de uma cultura do cuidado que insista em solidariedade e harmonia intergeracional. O fator riqueza, por sua vez, também deve ser levado em conta, pois é necessário que o país enriqueça antes de envelhecer.
 
Quem nunca ouviu falar sobre a Hierarquia das Necessidades, carinhosamente conhecida como a Pirâmide de Maslow? A famosa teoria é dividida em cinco partes, sendo: necessidades fisiológicas, segurança, amor/relacionamento, estima e realização pessoal. Quando colocadas em prática, a qualidade de vida do indivíduo aumenta consideravelmente. Ao estudá-la, é possível perceber o quão ligada à longevidade ela está.
 
         Hierarquia das Necessidades (Fonte: Gradus) 
 

Entendemos que é importante ter sabedoria na hora de fazer escolhas durante a vida, pois nem tudo que é lícito, convém. Em seu livro "Viver em paz para morrer em paz", Mario Sergio Cortella afirma que "o equilíbrio não está em vivenciar tudo e qualquer coisa, mas em saber fazer escolhas, sabendo que nem toda escolha é válida”. 
 
O Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) publicou uma pesquisa intitulada Global Burden of Disease (Carga Global de Doenças), na qual são apontados os países em que a população envelhece melhor:
 
  • Suíça: o país tem alta pontuação no Índice de Qualidade e Acesso a Cuidados de Saúde (HAQ), sendo 95,6 de 100. Tal índice quantifica o acesso da população à saúde. A Suíça é considerada como um dos países mais felizes do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial. Os pontos avaliados são apoio social, expectativa de vida (83,7), liberdade de escolha e nível de corrupção;
  • Singapura: no país, as doenças surgem em pessoas de 76 anos, aproximadamente e a expectativa de vida é de 85 anos. A saúde da população é considerada alta e os pratos com ingredientes saudáveis possuem preços acessíveis. De acordo com a pesquisa, "contadores de passos são oferecidos gratuitamente à população, além de dinheiro e prêmios para aqueles que praticam exercícios";
  • Coreia do Sul e Japão: ambos países possuem os menores níveis de obesidade do mundo, os quais são encontrados em 3% e 5% da população. Os valores estão abaixo da média contabilizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 20%. A taxa de doença cardiovascular dos países citados está abaixo da média. Vale ressaltar que a alimentação é rica em ingredientes como peixe. Na Coreia do Sul a expectativa é de 82,2 anos, enquanto no Japão é de 87,32 para mulheres e 81,25 para os homens;
  • Itália: o serviço de saúde do país é de qualidade e muitos são adeptos à dieta mediterrânea. Além disso, na Itália acontece o movimento “slow food”, o qual enaltece a comida caseira e alimentos de qualidade. A expectativa de vida no país é de 83 anos.
 
O filósofo romano Cícero afirma que “ninguém é assim tão velho que não acredite que poderá viver por mais um ano”. Afinal, quais outros hábitos colaboram com a longevidade? Robert Goldman é um dos maiores especialistas em longevidade do mundo e tem boas sugestões para um ótimo envelhecimento da humanidade:
 
  • Hidratar-se bem: é o nutriente mais abundante do organismo, cobrindo de 60% a 65% do corpo. O doutor afirma que um dos papéis da água é a desintoxicação do organismo e no sistema circulatório. Além disso, Goldman acrescenta que o consumo correto da água regulariza a pressão sanguínea e reduz o risco de ataque cardíaco;
  • Alimentar-se bem: é necessária a diminuição da ingestão de produtos industrializados, químicos, corantes, conservados, farináceos, alergênicos e carboidratos desnecessários. Em outras palavras, é adequado que a população evite os “fast foods”, além de diminuir o consumo de carne vermelha, optando pelo consumi de peixes, frutas, legumes e grãos. Robert ressalta que a forma na qual os alimentos são preparados é importante;
  • Praticar atividades físicas aeróbicas de resistência: tais práticas previnem doenças e proporcionam saúde. O doutor afirma que “é preciso treinar o coração pelo menos três vezes por semana. Isso melhora o nível cardiorrespiratório, aumenta a queima de calorias e o ponto de ajuste do funcionamento do corpo”. Treinos para manter as massas muscular e óssea também são bem-vindos; 
  • Gerenciar o estresse: As pessoas precisam dar um passo atrás quando estão em uma situação realmente estressante e começar a se questionar como podem tornar sua vida mais equilibrada e mais feliz”, afirma Goldman. É necessário possuir resiliência para administrar bem as emoções. Vale ressaltar que práticas como o yoga e a meditação colaboram para o gerenciamento do estresse.
 
Vinicius Véris Silva, educador físico, colabora com a longevidade auxiliando praticantes de atividades físicas através da prescrição de exercícios, além de treinamentos personalizados. Para ele, “os fatores necessários à serem levados em consideração, devem estar alicerçados em hábitos saudáveis que cooperem com a qualidade de vida. Ou seja, uma boa alimentação e prática de atividades físicas e esportivas”. 
 
Vinicius Véris Silva (Foto: Vinicius)

 
Sabrina Mello, fonóloga de formação e sócia fundadora da Artinsight, atualmente trabalha com a comunicação não violenta e escuta empática, as quais proporcionam responsabilidade pelos próprios sentimentos, ações, além da priorização da conexão, auto expressão e cuidado igualitário. Segundo ela:
 
O meu trabalho é totalmente ligado à questão de a gente honrar a nossa vida,  cuidar do nosso corpo físico, do nosso corpo espiritual, a questão das nossas relações, de a gente aprender a falar tudo o que a gente está sentindo com amor, com generosidade. Eu falo muito da importância da respiração, das práticas de yoga, de a gente cuidar do que a gente tem de mais sagrado, que é o nosso corpo, nossa saúde física e mental.  


Sabrina Mello (Foto: Sabrina Mello)

Após um mergulho no oceano da longevidade, percebe-se que é possível que todos alcancem o ideal de vida. Porém, para que isso aconteça, o indivíduo deve olhar para si e avaliar seus hábitos com sabedoria, retirando ou diminuindo o consumo daquilo que o prejudica e aumentando a frequência e quantidade de práticas benéficas para todas as áreas da vida. Ou seja, sem desculpas! Pois, como diria Mario Sergio Cortella, "é preciso ter esperança, mas não tem cabimento não fazer nada para mudar a situação e achar que, por pior que seja, vai melhorar no final". Saúde!

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