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06/09/2019 às 12h07min - Atualizada em 06/09/2019 às 12h07min

Uma interpretação do filme O Milagre de Anne Sullivan (2000)

Uma história real que conta o desafio vivenciado pela professora Anne Sullivan ao tentar ensinar Helen Keller, uma menina cega e surda, a língua de sinais.

Juliana Barbosa - Editado por Leonardo Benedito
Imagem: Culturasurda.net

Lançado em dezembro de 2000, a produção é uma refilmagem da versão lançada em 1962. O filme relata o início de uma longa jornada percorrida por Helen Keller e Anne Sullivan na luta pelos direitos das pessoas com deficiência.

Ambientada no século XIX, nos Estados Unidos, o filme retrata os desafios da família Keller em lidar com as deficiências de Helen. A vontade de alguns membros de sua família era internar a menina em uma instituição para que assim não tivessem que lidar com os problemas causados por sua incompreensão.

Filha de  Arthur H. Keller e Katherine Adams Keller, Helen era uma menina ativa até que aos 18 meses de idade ficou cega e surda. Sem conseguir se comunicar claramente, a menina dava constantes ataques de birra e malcriações, chegando a agredir as pessoas a sua volta. A forma de controlá-la era colocar doce em sua boca. Sem compreender as dificulades de Helen, os pais tinham o costume de tratá-la ora como animal doméstico ora como uma menina selvagem.

Tente por um instante imaginar a vida de Helen, imersa na escuridão e no silêncio, ansiando para que as pessoas fossem capazes de entendê-la. Não é como se devessem culpar alguém pela situação, principalmente devido a época em que tudo aconteceu, onde ainda não existiam tantas especialidades médicas como nos dias atuais.

Sem conseguir progressos, seus pais decidiram procurar ajuda, e depois de várias pesquisas chegaram Instituto Perkins para Cegos, em Boston, Massachusetts. Ao escrever para o doutor Michael Anaganos, esse decidiu por encaminhar sua aluna recém formada, Anne Sullivan, para cuidar de Helen.

Anne viveu no Instituto desde a infância, onde passou por várias cirurgias nos olhos, tendo que usar óculos escuros para proteger-se da claridade que lhe provocavam dores. Cuidar de Helen seria o seu maior desafio, pois ela tinha o receio de não poder fazer com que a menina compreende-se o significado das coisas.

Anne era capaz de entender Helen, pois conhecia a realidade de não poder enxergar, tendo ela mesmo sido cega na infância. Passar pelas mesmas dificuldades de um semelhante, pode influenciar na tomada de decisões e em como proceder diante dos desafios. 

Dando início ao árduo trabalho de ensinar Helen, Anne utilizava as mãos para tentar ensinar as palavras a ela. Percebendo que a família dificultaria seu trabalho, Anne se isolou em uma casa com Helen, onde lhe ensinou boas maneiras. Porém, mesmo com seu esforço, não conseguia fazer com ela relacionasse as palavras ao seu significado.

Após voltar a casa da família, Helen voltou a fazer malcriações jogando água em Anne, pois sabia que seus pais iriam defendê-la. Vendo que todo seu esforço seria desperdiçado por causa da família, a professora os confrontou e após aceitação dos mesmos, levou Helen até a bomba de água para encher a jarra.

Enquanto bombeava, Anne soletrava a palavra água na mão de Helen várias vezes, quando finalmente, a menina consegue relacionar e entender o significado da palavra. Em um desespero por aprender mais, Helen pede que Anne lhe ensine mais palavras. E assim uma longa relação que durou 49 anos se inicia.

Nos dias atuais a história da menina surdocega talvez não chamasse tanta atenção devido aos avanços conquistados ao longos dos anos. Mas para a época em que Helen e Anne viveram, o mais comum seria que Helen fosse enviada para uma instituição e esquecida pelos demais.

O filme retrata a persistência e força de vontade de Anne em ensinar Helen que tinha apenas sete anos e era muito indisciplinada. Com muita garra, a professora demonstrou total dedicação em acompanhar Helen e mostrar-lhe que existia um mundo maior que as paredes de sua casa.

Mais do que uma simples história, O Milagre de Anne Sullivan mostra que o impossível depende muito de como essa palavra é interpretada.

Anne Sullivan não desistiu porque acreditava na capacidade de Helen em aprender. Talvez o mais chocante dessa história, não seja uma menina surdocega conseguir aprender a se comunicar ou o esforço da professora em não desistir de apresentar o mundo à Helen, mas sim o fato de que para muitas pessoas seja necessário assistir a um filme para entender que milagres acontecem quando as pessoas renunciam a si mesmos em prol de ajudar o próximo.

Referência: Filme, O milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker, 2000)
Dirigido por: Nadia Tass

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