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08/09/2019 às 11h30min - Atualizada em 08/09/2019 às 11h30min

Da esperança à superação

A história de Éliton, um escritor diagnosticado com paralisia cerebral, e o lançamento de seu primeiro livro “Degraus de Superação”, com grandes textos de automotivação.

Vitória Messias - Editado por Socorro Moura
Foto: Priscila Regis
Hoje você irá conhecer Eliton Silverio Santos, 20 anos, diagnosticado com paralisia cerebral logo ao nascer por falta de oxigênio. Morador do município de Itapecirica da Serra, em São Paulo, ele enfrentou muitos desafios antes de realizar seu grande sonho de tornar - se escritor. Irmão gêmeo e muito apegado a mãe, mostra - se uma pessoa de ótimos relacionamentos. Sua maior conquista atual é o lançamento de seu primeiro livro: “Degraus de Superação”, onde com a junção de diversos textos autorais, uma mensagem de esperança, perseverança e superação pode ser percebida por todos os leitores.

O livro será lançado dia 8 de setembro de 2019 (domingo), no dia do aniversário de Eliton, o que tem grande significado para ele e para todos aqueles que participaram dessa caminhada. A obra já está disponível também para compra em um portal acadêmico. Eliton está muito ansioso e animado para poder finalmente mostrar seu trabalho a todos, principalmente para sua família. A realização desse sonho é uma parceria com a Igreja Batista Ágape, onde ele congrega e o Instituto de Ação Social Enéas Tognini. Apesar de aparentemente possuir muitas dificuldades, o escritor do dia emana muito esforço, dedicação e fé.

Muito feliz com todo o seu projeto, ele ainda almeja sempre mais. Está estudando para o  ENEM para conseguir cursar Psicologia com uma bolsa de estudos. Além de estudar, também trabalha em tempo integral. A grande história, que inspirou muitos textos contidos no livro, dá ao Eliton muito o que conversar e escrever sempre. Cada verso ou palavra mostra a constante superação que o rodeia, desde o primeiro respirar até os dias de hoje. Por muitos momentos em sua vida, houve dificuldades, sem contar o preconceito e o bullying. “Eu sempre fui uma pessoa que não se deixou abater, sabe?! A mágoa vinha no meu coração mas eu não soltava para fora. E a partir desse contexto de sofrimento eu absorvia tudo isso como uma lição...” Disse ele, enquanto falava orgulhoso de seu livro e da sua história.

Como qualquer outro cidadão, Eliton acorda às 6h, toma um café reforçado e vai a luta. Ele trabalha em tempo integral, e quando chega em casa, dedica seu tempo para ler seu livro. Durante seu dia, acontecem diversas situações, de tristeza e alegria, o que desperta nele a vontade de escrever; e daí surgiram muitos de seus textos. Aliás, ele diz que não existe dia ou hora específica para escrever. Quando um sentimento precisa ser expresso, ele corre para o bloco de notas e redige tudo aquilo que está sentindo. Geralmente, algumas travas na escrita ou no pensamento acontecem, mas Eliton sabe lidar com isso, contando até dez e tomando um bom café.

A tecnologia é uma das suas melhores amigas, principalmente o bloco de notas do seu celular, que acaba sendo a única opção acessível na maior parte do tempo. Assim como os meios de comunicação se desenvolveram, a escrita do jovem escritor também apresenta evolução constante, trazendo novas vertigens de pensamento e formulando novas opiniões que trouxeram-lhe uma nova visão de mundo.

Eliton diz que dos seres existentes, podem nascer os seres deficientes. Mas dos seres persistentes é que surgem os especiais. Quando perguntado quem era sua maior fonte de inspiração, essa foi a resposta: “A minha maior base de inspiração sempre foi minha mãe. Desde a maior perca emocional da minha família, a perda do meu pai, existia um conflito interno em mim. Nunca fomos uma família estagnada quanto a demonstrar sentimentos. Sempre queremos dialogar e mostrar aquilo que sentimos [...] Além disso, sou fã de Drummond, Chico Buarque e Rick Riordan. Gosto muito de ler mitologia e também da forma em que todos esses autores escrevem”.

Todo escritor também tem lugares preferidos, e o nosso entrevistado gosta de tomar um bom café sentado no sofá. Essa é uma das formas com que ele lida com as travas na escrita. “Sento no sofá e leio meu livro, analiso e vejo o que anda posso melhorar”. [...]  Gosto de silêncio e acho que isso é fundamental para que eu consiga trabalhar e me concentrar. Trabalho na minha mente todos os dias, sempre com sorriso no rosto, sem esconder emoções. “Estou aberto a opiniões e procuro sempre colocar em sintonia com a escrita.”  Para ter um dia produtivo, Eliton diz que é preciso produzir coragem, esperança e principalmente ajuda ao próximo. Estar com o coração farto e com o pé no chão é fundamental para ele. Realizar esse sonho é uma grande oportunidade de aprendizado.

Diferente de outros escritores, o perfeccionismo não faz parte do seu processo de escrita. O autor é rápido para produzir, e assim que a inspiração, surge ele leva apenas 15 minutos para conseguir transcrever tudo aquilo que veio em sua mente. Mesmo assim, para ele, escrever é doloroso em partes. Muitas vezes, o conforto parece a melhor solução, mas a maior motivação é saber que seus textos ajudam alguém.

O apresso pela deficiência não foi páreo para os sonhos de Eliton, que desde muito jovem procura se automotivar e nunca desistir daquilo que ele considera o certo a se fazer.  Ele finaliza: “Os meus textos são particulares, mas também foram feitos para ajudar qualquer um a lidar com os próprios sentimentos. Sem julgamentos, apenas uma grande ajuda ao próximo”.

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