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22/11/2019 às 13h02min - Atualizada em 22/11/2019 às 13h02min

Resenha do Livro-Reportagem O Irã Sob o Chador

Jornalistas brasileiras constroem uma narrativa rica sobre o País dos Aiatolás

Clarice Perrot - Edição: Millena Brito
Clarice Perrot
Duas mulheres, originárias do Brasil, saem da segurança de sua pátria para buscar histórias em um país pouco conhecido por elas e caracterizado, principalmente pelos meios de comunicação, como uma região extremamente perigosa, com a presença constante de guerras, homens-bomba e conflitos internos cotidianos. Visto de fora, essa situação poderia muito bem ser o retrato de uma aventura ficcional. Pois muitos são aqueles que se perguntam: quem, em sã consciência, ousaria arriscar a própria vida, em locais desconhecidos e de grande periculosidade, para construir narrativas? E a resposta está no profissional de Comunicação conhecido por jornalista / correspondente internacional, jornalista / correspondente de guerra ou, ainda, repórter de guerra. No entanto, aquilo que aconteceu durante os registros das duas mulheres brasileiras, citadas inicialmente: Adriana Carranca e Marcia Camargos; foi algo diferente do que os correspondentes de guerra costumam enfrentar.  

O livro-reportagem O Irã Sob o Chador: Duas Brasileiras no País dos Aiatolás revela em suas páginas, as experiências vividas por duas jornalistas no Irã. A princípio, a surpresa e o receio de terceiros, por ambas escolherem estar naquela região aparecem nas primeiras linhas do prefácio. Nem mesmo as empresas aceitavam realizar o seguro viagem das jornalistas.

Esse sentimento equivocado, em torno do Oriente Médio, pode muito bem ser compreendido naquilo que uma delas destaca: o momento no qual os Estados Unidos deram origem à propaganda antiterror, após os atentados de 11 de setembro de 2001. E no Brasil, essa visão é ainda mais enraizada, já que a região Árabe se trata de um local longínquo e de complicada compreensão, e que se mescla às informações contraditórias divulgadas, inclusive, pelos meios de comunicação. Por conta disso, o livro-reportagem, sobre os caminhos percorridos pelas autoras, consegue trazer o desenvolvimento de uma narrativa rica e detalhada da história, da cultura, dos costumes, dos hábitos e dos pensamentos desse povo. Trazendo à luz os verdadeiros fatos sobre ele e gerando a oportunidade de desmistificá-lo. A aproximação das jornalistas a essa cultura diferente, seus impactos causados por isso e a chance que elas dão aos personagens para contribuírem com suas vozes e visões, fez gerar uma eliminação de todos os modelos pré-concebidos sobre esses habitantes.

Feitos de formas distintas, as profissionais traçaram os relatos e os fatos encontrados em dois capítulos da publicação. Enquanto que na primeira parte Marcia trazia um contexto mais histórico e político do Irã, - contribuição pertinente, por ser igualmente historiadora – Adriana apresentava o lado mais humano do povo, com textos que expunham o cotidiano, os hábitos e os costumes.  

Aliada a essas questões, aquilo que moveram as duas para construir uma extensa narrativa do local foi, também, a curiosidade – no qual se faz interessante destacar como sendo uma das principais, e primordiais, características dos jornalistas. Sem ela, as autoras não seriam incentivadas a realizar uma imersão profunda na cultura; de buscar fontes, lugares; de experimentar situações inusitadas e de descobrir histórias que pudessem responder a pergunta que pairava em seus pensamentos sobre: “que país é esse?” – questionamento, portanto, muito bem respondido pelas jornalistas no livro.
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