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25/11/2019 às 19h04min - Atualizada em 25/11/2019 às 19h04min

Inclusão do autismo em série da Netflix

Núbia Umbelino
Revista Espaço Almeida, Geraldo Almeida, Andressa Vieira.
Foto: Joice/Diferente, e daí.
A serie Atypical é uma série norte-americana original Netflix, criada e escrita por Robia Rashid, que conta a história de um rapaz de 18 anos, diagnosticado dentro do espectro do autismo, que trabalha e estuda, vivendo a efervescência da idade e seu amadurecimento. 
 
A trama retrata a vida de Sam, um garoto autista de 18 anos, que encorajado por sua psicóloga, decide procurar uma namorada. Além de buscar mais independência e autoconhecimento, também começa a se ver envolvido na sua primeira história de amor, enquanto vários problemas ocorrem em torno do dia a dia da família. Na serie, é possível ver como a rotina de alguém com o TEA, as suas dificuldades para se relacionar, para lidar com situações de emoções e outros assuntos.

Andressa de 26 anos, namora Miguel, que é autista. Ela conta que muita coisa em seu relacionamento é nova. "Não é algo fácil mas também não é algo difícil, ele não entende ironia, sarcasmo, deboche, não entende quando estou triste ou brava, tenho que ser muita direta com ele sobre minha emoções."

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um transtorno neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo. Os sinais geralmente se desenvolvem gradualmente, mas algumas crianças com autismo alcançam o marco de desenvolvimento em um ritmo normal e depois regridem. 

O dia 2 de abril foi instituído pela ONU, em 2008, como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe, atualmente, um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas. São mais de 300 mil ocorrências só no estado de São Paulo. Contudo, apesar de numerosos, os milhões de brasileiros autistas ainda sofrem para encontrar tratamento adequado.
 
Apesar de o autismo ter um número relativamente grande de incidência, foi apenas em 1993 que a síndrome foi adicionada à Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. A demora na inclusão do autismo neste ranking é reflexo do pouco que se sabe sobre a questão. Ainda nos dias de hoje, o diagnóstico é impreciso e nem mesmo um exame genético é capaz de afirmar com precisão a incidência da síndrome. 
 
Dessa forma, como ainda não se pode afirmar geneticamente as causas do autismo, usa-se o diagnóstico baseado em observação do paciente (que geralmente apresenta sintomas como dificuldade de comunicação, além de comportamento repetitivo). Contudo, a detecção dos sintomas também não é fácil. “Às vezes é sútil você conseguir fazer essas classificações”,  argumenta a coordenadora do núcleo voltado a autismo do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Celulas-Tronco do Instituto de Biociências (IB) da USP, Maria Rita dos Santos. "As crianças têm dificuldade de linguagem, de interação social, mas isso é uma variação de comportamento, e é difícil perceber o que é normal e o que não é.” Diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais para melhoria no quadro do paciente autista.
 
No fim de 2014, os pesquisadores do Projeto Genoma fizeram uma importante descoberta na área: o gene TRPC6 seria um dos genes de predisposição ao autismo e alterações nesse gene levariam a problemas nos neurônios. Indo mais além, chegaram à conclusão de que tais variações podem ser corrigidas com uma substância chamada hiperforina, presente na erva-de-são-joão. Todavia, uma vez que o gene descoberto é apenas uma das possibilidades de causa do autismo, a hiperforina só seria possível como tratamento para aqueles pacientes cujo transtorno provém do TRPC6. 
 
Uma vez diagnosticado autista, o paciente e sua família enfrentam mais uma barreira: a busca pelo tratamento. As dificuldades residem, sobretudo, na falta de profissionais preparados para lidar com o transtorno, sobretudo na rede pública. 
 
Atualmente, um dos serviços públicos que podem ser procurados por pacientes autistas é o Caps (Centro de Atenção Psicossocial), que atende adultos e crianças em regime intensivo com as mais variadas demandas, como alcoolismo e uso de drogas. Os centros são usados no tratamento de autistas justamente por seu caráter intensivo.
 
Em dezembro de 2012, alguns dos direitos dos autistas passaram a ser assegurados pela lei 12.764, chamada de “Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”. Basicamente, a lei reconhece que os portadores de autismo têm os mesmos direitos que todas os outros pacientes com necessidades especiais no Brasil. Entre outros aspectos, a legislação garante que os autistas podem frequentar escolas regulares e, se necessário, solicitar acompanhamento nesses locais. Em 2007, o Estado de São Paulo foi obrigado, por lei, a arcar com os custos de educação e saúde de qualquer indivíduo com autismo. 
 
Muitas pessoas que tem o transtorno, sofrem com a falta de inclusão na sociedade, como por exemplo nas escolas, algumas chegam até a rejeitar o aluno. O corpo social não está preparado para conviver com pessoas que sofrem o transtorno. Geraldo Almeida pai do pequeno Pedro, diz que o filho, já foi praticamente rejeitado por uma escola particular. “A escola fez o possível para tirarmos ele de lá”, afirma o pai.

O espectro autista não tem cura, mas tem melhora, é importante demonstrações de carinho, o contato com outas pessoas e respeito.

 
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