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09/12/2019 às 13h49min - Atualizada em 09/12/2019 às 13h49min

​Cruzeiro é rebaixado no pior ano de sua história

Crises em série derrubam mais um time grande, que corre para salvar seu centenário

Paulo Octávio - Editado por Amanda Cruz
Foto: Douglas Magno/BP Filmes
O escândalo político, crises nos bastidores e apatia. O Cruzeiro, primeiro campeão na era dos pontos corridos, enfrentou esses dramas que causaram o primeiro rebaixamento no Brasileirão em sua história. No segundo semestre de 2019, a Raposa nem lembrou o time que venceu o Campeonato Mineiro de forma invicta, eliminou seu maior rival da Copa do Brasil e foi a melhor da fase de grupos da Libertadores. A matéria da Globo sobre irregularidades da diretoria caiu como uma bomba. E reflexo foi visto em campo. Além da vergonha de cair de divisão, o rebaixamento compromete o centenário do clube, que será em dois de janeiro de 2021. Fora da primeirona em 2020, o Cabuloso não terá a chance de disputar um torneio internacional. 

A reportagem do Fantástico, exibida em 26 de maio (domingo) , escancarou as  suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica. A Polícia Civil ainda não deu prazo para conclusão das investigações.  Depois da exibição, Itar Machado (ex-vice-presidente de futebol), Sérgio Nonato (ex-diretor-geral) sairam do clube. Curiosamente (ou não) após a exibição da matéria, o clube só voltou a vencer uma partida em agosto, na estreia do técnico Rogério Ceni após demissão de Mano Menezes

O ex-goleiro prometia fazer com que o clube voltasse aos eixos e teve apoio da torcida. Mas sua decisão de deixar o Thiago Neves no banco gerou uma pressão interna, que o derrubou. Posteriormente, Neves irritou o torcedor ao dizer que seu sonho era jogar no Corinthians e ainda foi visto em uma festa -- antes do jogo com Vasco -- e dispensado por Zezé Perella, que o criticou duramente antes do jogo contra o Cruzmaltino. O meia e Sassá tiveram áudios vazados em que cobravam salários atrasados. 

Em entrevista para o Fox Sports, nesta segunda (9), Thiago Neves desmentiu que o elenco estava rachado, negou que tenha batido o pênalti contra CSA para fora de propóstio. Também afirmou que aceita jogar a série B mesmo com redução de salário e criticou Perella.

 
Até pelo que ele falou também. Até por ter colocado toda a responsabilidade em mim [referência ao seu afastamento]. Ele [Perella] achou que ia chegar mudando o clube, dar um choque em todo mundo e não foi isso que aconteceu. Prometeram um tanto de coisa, pediram a saída do Itair, falaram que ia acertar salário, premiação, e não tiveram nada. Depois que entraram fica muito fácil. Quando que você está fora é muito fácil você xingar, julgar as pessoas. Quando eles entraram, não fizeram nada para mudar a situação. Nada foi cumprido. Única coisa que foi feita foi a saída do Itair. Falaram que ia acertar tudo e não acertaram nada. 

No papel o time era bom, mas em campo não correspondia. Contra os outros três rebaixados, o Cruzeiro fez quatro pontos em 18 possíveis. Foram duas derrotas em casa para CSA e Chapecoense e quatro empates. 

O melhor momento do clube no torneio foi na terceira rodada quando venceu o Goiás por 2 x 1 e ficou em sétimo lugar. Três rodadas depois quase entrou na zona da degola quando perdeu para Chape em casa. Conseguiu reagiu, mas na 9ª rodada caiu para últimas posições na derrota para Atlético MG. Saiu após empate com CSA, mas voltou após tropeço no Palmeiras.  E depois de um turno em que flertou com a  z4, o time teve última vitória contra o Botafogo  na 29ª rodada. Depois sucumbiu e  fez quatro pontos em 27; nenhum nos últimos cinco jogos.

A queda compromete as finanças da equipe no ano que vem. O clube já sofre com dívidas e falta de dinheiro para pagamento de salários dos atletas. E a partir do próximo ano, um clube grande que seja rebaixado não terá direito a cota que obteve na série A. Assim o Cruzeiro deixará de ganhar 64,5 milhões da TV e vai receber a cota fixa da competição, que gira em torno de 8 milhões de reais -- seis líquidos. 

A série B de 2020 terá 13 equipes do Centro-Sul, seis do nordeste e uma do Centro-Oeste. E além da Raposa, terá dois campeões nacionais: Sampaio Corrêa e Guarani.  Após a implantação dos pontos corridos na segundona, em 2006, oito dos 13 maiores clubes do Brasil foram rebaixados, e cinco foram campeões. Agora só São Paulo, Santos e Flamengo nunca disputaram a segunda divisão. 



 
Reveja matéria do Fantástico sobre irregularidades do Cruzeiro. Canal: Guto Fr14 Play. Imagens: TV Globo
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