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15/01/2020 às 20h23min - Atualizada em 15/01/2020 às 20h23min

Representatividade feminina nas telas do cinema

Aos poucos as mulheres estão conquistando espaço no mundo cinematográfico

Thaís Santos - Editado por Milena Iannantuoni
Nerd Site/ Reprodução
O poder feminino na indústria do cinema usa força e a coragem para surpreender o público. O ano de 2020 terá alguns longas protagonizados por mulheres que marcaram presença na Comic Con Experience de 2019, conhecida popularmente por CCXP.

Durante o evento ocorrido na Expo São Paulo foram entrevistadas personalidades como: Gal Gadot e a diretora Patty Jenkins de Mulher-Maravilha de 1984Margot Robbie e as colegas do longa de Aves de Rapina entre outras femininas para os veículos de comunicação que participavam da cobertura. Essa representatividade sendo lançada pela DC terá estreia entre os meses de fevereiro e junho.
 
Ainda devemos destacar outras figuras que estiveram no evento como a Daisy Ridley, interpretando a Rey em Star Wars. Alba Flores e Esther Acebo, ambas de La Casa de Papel, que fazem os respectivos papéis como a Nairóbi e a Estocolmo também estiveram no evento ajudando na divulgação de seus trabalhos na série.
 
A mensagem passada por elas durante a cerimônia e fora em set de gravação, é simbolizada ao público ato de força e empoderamento.
 
“As mulheres têm se empoderado e tomado o seu lugar de direito no cinema, com muita coragem! O mundo é nosso mulheres, o cinema também, temos que tomar posse disso!”, inspira a jovem Déborah Tomaselli, de 28 anos, formada em cinema e audiovisual.
 
Na trama do filme Aves de Rapina, esse empoderamento é muito explorado. O enredo mostra que as mulheres estão mobilizando o cinema.
 
O elenco do longa-metragem além de ser composto por Margot Robbie, que participou de todo processo de produção do longa, é constitúido também pela diretora Cathy Yan, e atrizes como: Jurnee Smollett-Bell, Ella Jay Basco, Mary Elizabeth Winstead e Rosie Perez, um peso de meninas, anti-heroínas que em breve chegam ao cinema.  
 
A cineasta Déborah explica que, “É uma boa representação de mulheres fortes no cinema, com um grande apelo de público, visto que bilheterias da Marvel e DC são gigantescas. E são mulheres fortes, empoderadas, e dá orgulho de tê-las como protagonistas, levando tantos homens a idolatrar essas heroínas”.

Outro filme de caráter feminista é Viúva Negra (Marvel Studios) interpretada por Scarlett Johansson. A produtora responsável pelo filme, trouxe para a CCXP um painel com o lançamento da obra que tem a estreia prevista para o mês de abril. Vale destacar também que em 2019, no dia 7 de março foi apresentado nos cinemas Capitã Marvel por Brie Larson.

A presença de garotas assim mostra a todos o quanto a mulher tem autoridade de conquistar o mundo. Essa dominação veio por meio da vontade em levantar a cabeça, da coragem para enfrentar obstáculos em momentos difíceis, vistos por narrativas heroicas em cenas de ação. 

Luciana Almeida, 44 anos, professora de educação infantil, conta que os filmes são reflexo do nosso cotidiano e amadurecimento. 

Ela que adora a Mulher-Maravilha e por vezes se vê tão forte como ela. “Sei o quanto é difícil se manter assim, nem tudo na vida são flores, mas ultimamente me sinto uma mulher-maravilha”, completa, Luciana.


Alini informa que o longa da Capitã Marvel, ajudou a passar por uma fase difícil de sua vida. “Ela inicialmente era uma mulher qualquer onde se perguntava por que não posso fazer isso? Só porque sou mulher? Ela caiu diversas vezes e se levantou, essa personagem me ajudou muito em uma situação que eu estava passando”, lembra Alini Bolzan Tolfo, 25 anos, técnica em segurança do trabalho.

"Às vezes não nos afeta, mas sempre ajuda várias mulheres, existem mulheres que não acreditam mais em si e ao verem exemplos de heroínas nas telas se sentem fortes”, completa Alini.

Outro fato que é admirado po Bolzan, é que elas não abaixam a cabeça quando estão em situações constrangedoras ou quando tentam desmerecê-las. “Então aprendi que vamos passar por muitos obstáculos na vida, mas que não podemos desistir, temos que levantar, ser forte e seguir em frente”, comenta.  
 
Assédio, preconceito e salário
 
Sabemos que a mulher é assediada em outras áreas de atuação e no cinema isso não é diferente. “Recentemente, tivemos o escândalo de denúncias de mulheres contra grandes homens de Hollywood, criando o movimento de defesa às mulheres, o Time's Up”, explica Déborah que o assédio  sexual é o primeiro aspecto.
 
“A mulher é vista como um objeto, é muito sexualizada na indústria cinematográfica, tanto em cena quanto fora dela. Em entrevistas e premiações, por exemplo, a mídia e os entrevistadores se preocupam mais com o seu look do que com o seu talento, e do que elas têm realmente a dizer”, expõe a cineasta.
 
O segundo aspecto é o preconceito, de acordo com a jovem ela ainda ressalta que, “Muitos homens ainda acham que mulheres estão além da capacidade de atuar, dirigir, enfim, de trabalhar em um filme em vista deles. Podemos notar isso claramente no Oscar”, afirma.
 
Déborah indaga que, “a premiação do Oscar vai completar 91 anos neste ano de 2020, e até hoje só tiveram cinco figuras femininas indicadas na categoria de direção, sendo que só uma foi campeã, a cineasta norte-americana Kathryn Ann Bigelow por ‘Guerra ao Terror’, em 2010”.
 
Outro fator que é resultante entre o preconceito e a falta de confiança no trabalho das mulheres na indústria cinematográfica, é o salário menor para as mulheres, em relação ao que a grande maioria dos homens recebem.
 
Déborah destaca que na universidade onde se formou tinha mais homens do que mulheres, e isso acontece em muitas universidades de cinema. “O que percebemos é que as portas para as mulheres ainda não estão abertas como gostaríamos e merecíamos. Isso é frustrante para cineastas e cinéfilas como é o meu caso, mulheres que estudam e fazem cinema”, cita.
 
Mas se engana quem acha que a cinéfila não é otimista, e tem outras perspectivas melhores para o mercado do cinema. “Ao mesmo tempo, me abre uma nova esperança, de continuarmos lutando, buscando fazer filmes cada vez melhores e lutando por nossos ideais, assim ainda teremos o nosso lugar ao sol”, confessa, Déborah Tomaselli.
 
Temos nossas lutas 

O que faz dessas mulheres heroínas? O cotidiano também faz parte de todo esse heroísmo. Luciana compartilha que a melhor experiência de sua vida foi o nascimento de seu filho, ela menciona que não teve o apoio de seu pai, teve que estudar, trabalhar e criar seu filho com todo o seu amor, estudo e educação. “Quando olho para trás, vejo tudo que passei e hoje digo que venci o inimigo”, acrescenta.

A grandeza feminina está nas batalhas da vida e direcionamento de novos tempos. Os filmes que contam essas histórias de universo compartilhado mostram o lado vilão de algumas pessoas, como a anti-heroína Arlequina e o lado bondoso da heroína como a MM-84 entre outros.  
 
Por ser formada em cinema e audiovisual, apaixonada por filmes e séries, Déborah dá dicas para tomarmos cuidados também com o que vemos nos filmes, “não podemos nos esquecer do fato de que é uma realidade bem distante da nossa, somos corajosas, empoderadas, mas somos reais, não somos super-heroínas, e isso pode afetar algumas pessoas, distorcer a realidade, fazer comparações errôneas e equivocadas. Nesse sentido, devemos tomar cuidado”, conta.

 “Só sei que na vida escrevemos nossas histórias com um gostinho de fantasia”. concluiu, Luciana.

Alini relaciona que quando alguém disser que não pode fazer algo pelo fato de ser mulher, devemos olhar para a trajetória dessas mulheres e falar que podemos sim. “Eu posso fazer isso, posso fazer tão bem quanto qualquer um, eu sou capaz”, declara. 
 
Realidade ou fantasia é tudo questão de vivência e experiência. “Uma mulher quando produz um filme consegue extrair mais emoção e verdade das personagens femininas. E as visões de mundo de um homem é diferente de uma mulher. Um mesmo filme ficaria completamente diferente sendo dirigido por um homem e vice-versa”, explica, Déborah, que transmite toda essa paixão por esse universo cinematográfico e possui um canal no youtubeMais Filme’ inspirado nessa indústria. 


Foto: Déborah recebendo a homenagem pelo canal, na Assembleia legislativa de Goiás (
Arquivo pessoal de Déborah Tomasseli).

REFERÊNCIAS 

CARTA CAPITAL. A representatividade feminina ainda não chegou as telas do cinema.  Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/cultura/a-representatividade-feminina-ainda-nao-chegou-as-telas-de-cinema/>acesso em: 15 de janeiro de 2020.

Painel Mulher-Maravilha na CCXP19. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=BSy-nHH8pn8 > acesso em: 15 de janeiro de 2020.

GA AO QUADRADO.16 filmes mais esperados de 2020. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=ASBSFUFymgw> acesso em: 15 de janeiro de 2020.
 
UOL ENTRETENIMENTO. A CCXP 2019 foi das minas. Disponível em: <https://entretenimento.uol.com.br/reportagens-especiais/ccxp-2019-foi-das-mulheres/index.htm#a-ccxp-2019-foi-das-minas> acesso em: 22 de janeiro de 2020.
 
UOL ENTRETENIMENTO. A turma da Arlequina.  Disponível em: <https://entretenimento.uol.com.br/reportagens-especiais/margot-robbie-explica-por-que-insistiu-na-turma-de-meninas-de-arlequina/#a-turma-da-arlequina> acesso em: 22 de janeiro de 2020.
 
 
 

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