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18/01/2020 às 13h21min - Atualizada em 18/01/2020 às 13h21min

Irã: tradição e cultura

Um pouco de cada elemento cultural e tradicional que formam a nação iraniana

Ana Julia Oliveira
Ozbalci/Getty Images

Localizado no continente asiático, o Irã conta com uma população de mais de 79 mil habitantes, sendo estes divididos entre árabes, curdos, lures e ― em sua maioria ― persas. Sua extensão territorial é de 1.648.000km² e sua capital é a famosa Teerã, que recebe o título de principal cidade da República Islâmica. 

 

O Irã tem sido palco de inúmeros conflitos ideológicos, religiosos e políticos, sendo o último contra os Estados Unidos, após a morte do general Qasem Soleimani. No entanto, o país também é palco de maravilhas culturais que moldam o estilo de vida da nação iraniana. 

 

Formação cultural e bandeira do Irã

 

A bandeira atual do Irã foi adotada em 28 de julho de 1980

 

O Irã é o lar de uma das civilizações mais antigas do mundo, iniciada em 2800 a.c com a formação do reino de Elam, e desde então tem sido marcado pela grande diversidade étnica adquirida através de inúmeras conquistas territoriais. Esta agremiação de culturas fez com que o Irã possuísse uma forte e mesclada expressão seja nas artes, na literatura, nas ideologias e até mesmo nos costumes. 

 

A língua oficial do Irã é a persa, que durante boa parte do segundo milênio foi considerada a linguagem da intelectualidade, e o alfabeto utilizado também é o  persa ou perso-árabe. Essa síntese entre as línguas se deu com a conquista do Império Sassânida durante a primeira metade do século VII. 

 

A cultura e crenças iranianas também estão fortemente exibidas na bandeira do país. O símbolo carregado no centro desta é a representação de elementos importantes da religião islâmica. A cor verde representa vitalidade, felicidade e esperança; a branca remete à paz, e os escritos nela significam “Allahu Akbar” (Deus é grande); já a cor vermelha representa o sangue derramado daqueles que lutaram pela própria pátria. 

 

Religião

 

Mesquita al-Mulk de Nasir, também conhecida como “Mesquita rosa”, localizada em Shiraz (Reprodução/Blog da Hoya)

 

O islamismo é a religião oficial do Irã desde a revolução de 1979, seguindo o ramo abraâmico monoteísta, articulado pelo Alcorão — a bíblia sagrada do Islã, na qual as palavras de Alá (Deus) foram escritas pelo profeta Maomé. 

 

Os adeptos ao islamismo são chamado de muçulmanos, e estes acreditam que Alá é o único e incomparável Deus, e que o propósito humano na Terra é adorá-lo. Os muçulmanos estão divididos principalmente em duas vertentes: os sunitas, que são 80% a 90% da população; e os xiitas duodecimanos, que são 10% a 20%. 

 

Os sunitas seguem os ensinamentos de Maomé e dos 4 califas (chefes de Estado) ortodoxos. Os xiitas, em sua maioria duodecimanos, seguem os ensinamentos dos doze Imãs, sacerdotes que dirigem as preces na mesquita. 

 

O artigo 12 da constituição do país, que declara o islamismo como a religião oficial, é o mesmo que estabelece que outras escolas islâmicas devem ser respeitadas e que tenham sua liberdade de culto. Estas são reconhecidas justamente em matérias de educação religiosa, vida pessoal e questões legais. 

 

Apesar da força das religiões citadas acima, ainda existem os remanescentes, que são seguidores de credos não islâmicos. Esse grupo é composto pelos cristãos, judeus, zoroastrianos, yarsanis, mandeístas e baha’istas. 

 

Política e economia

 

Hassan Rohani, atual presidente do Irã (Reprodução/Jornal de Relações Internacionais)

 

A formação política do Irã sustenta-se nos seus eleitores, que, através do voto, determinam quem ocupará as três instâncias do poder estatal e a presidência. Ao contrário dos regimes ocidentais, o sistema do Irã é alicerçado nas assembleias laica e religiosa, que dividem o poder entre si e chegam o mais próximo de um consenso. No entanto, apesar de permitir o voto, o sistema político iraniano não reproduz um regime de caráter democrático. 

 

Sob a tutela do Parlamento, o presidente define quem ocupará os cargos ministeriais e também possui poder para interferir no andamento político-econômico do país. Atualmente, a concentração de esforços tem sido voltada para a exportação de petróleo e a destinação dos recursos provenientes deste, assim como a realização de um programa nuclear para fins industriais, despertando a atenção dos países do Ocidente. 

 

A economia do Irã também é sustentada pelas maravilhas artesanais que caracterizam boa parte da cultura da região. Os tapetes iranianos, por exemplo, também chamados de “tapetes persas” são conhecidos mundialmente pela alta qualidade e preço, sendo rotulados como artigos de luxo. Os recursos oriundos da venda destas peças também fazem parte do que considera-se a principal fonte de renda do país, valorizando a técnica artesanal de produção que é milenar e passada de geração para geração. 

 

       
Tapete persa (Reprodução/Zollanvari)

 

Apesar de ser um artigo de luxo característico do Irã, países como Paquistão e China fabricam os tapetes em larga escala, barateando os custos. A grande diferença, além da qualidade, está nos preços de venda. Um tapete iraniano/persa original custa entre U$5.000 e U$20.000 dólares. 

 

A exportação das peças depende dos relacionamentos políticos entre o Irã e os demais países, havendo recentemente, no entanto, uma sanção que impede a chegada dos tapetes nos Estados Unidos. 

 

Educação

A educação no Irã é obrigatória a todas as crianças de 6 a 10 anos de idade, contribuindo para que 81,3% da população acima de 15 anos encontre-se alfabetizada. Existem mais de 100 instituições de ensino superior no Irã, sendo as principais: Universidade de Teerã, Universidade de Shiraz e Universidade de Isfahan. Todas as escolas e universidades devem promover os valores do islamismo, a religião oficial do Estado. 

 

Apesar das estatísticas serem promissoras, ainda existe o forte estigma no país de que a educação e formação no exterior são superiores, sendo este presente também em muitas outras nações. 

 

Culinária 

 

Basmati com o peixe esturjão 

 

A culinária iraniana foi criada e inspirada a partir da mescla de povos que habitam e são responsáveis pela gama cultural que formam o território do Irã. A diversidade de sabores e receitas representa fielmente um pouco de cada identidade ali presente, seja esta dos árabes, dos curdos ou dos persas ― que estão em maioria. 

 

O ingrediente principal do vasto cardápio da cozinha do Irã é o basmati, arroz persa-iraniano que é colhido no Mar Cáspio. A mistura do basmati, cozido no vapor, com legumes e frutos ― como ameixas, romãs e damascos ― é o que monta um dos principais pratos da culinária iraniana: o polò. As carnes mais utilizadas são oriundas dos ovinos e bovinos, e entre os peixes se destacam a truta e o esturjão. O pão, em persa “nan”, é o acompanhamento fiel das refeições iranianas. 

 

Entre os principais pratos, o mais famoso é a mistura do basmati com carnes como as de cordeiro, frango ou peixe. Estas são chamadas de “ghust”. As entradas das refeições são sempre legumes e vegetais cobertas com iogurte de alho, molho de azeitona, pepinos, salada verde e cenouras. Essa combinação leva o nome de “borani”. O almoço iraniano é tradicionalmente servido com todos sentados no chão, sobre um tapete coberto com um pano de algodão. 

 

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