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12/04/2019 às 14h31min - Atualizada em 12/04/2019 às 14h31min

Número de mortes por suicídio entre policiais militares é crescente

Segundo pesquisa publicada pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), existem disparidades nas estatísticas de suicídio entre profissionais da segurança pública no Brasil.

Cíntia Aguiar

O número de policiais que cometem suicídio no Brasil é alarmante, mas ainda pouco discutido. Sobrecarga de trabalho, má remuneração, falta de acompanhamento psicológico são alguns dos fatores que levam ao desgaste emocional desses profissionais.

Um trecho de publicação feita pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), diz que problemas metodológicos interferem na coleta e consistência nos dados referentes a mortes por suicídio entre policiais no Brasil. Um deles é o difícil acesso ou a inexistência de informações. Normalmente esses dados não são coletados pelas organizações policiais e, quando o são, não são trabalhados de forma sistemática.

 

Em fevereiro deste ano, o Portal R7 veiculou uma matéria sobre a taxa de suicídio entre policiais militares do estado de São Paulo. Dados levantados pela Ouvidoria de Polícia de São Paulo apontam 35 casos em 2018. Número que supera em 84% os do ano anterior.

 

Fábio*, policial militar, 35 anos, - destes, 6 na PMERJ - diz acreditar que a Secretaria da Segurança e o Governo do Estado do Rio de Janeiro “não estão nem aí, não divulgam, a assistência pra família é extremamente lenta”. Segundo ele, na maioria dos casos, os próprios policiais arrecadam recursos para ajudar as famílias dos colegas que tiraram a vida.

 

No Nordeste do país a situação é semelhante. Segundo um dos membros da diretoria da Associação dos Profissionais da Segurança no Ceará (APS), Elton Régis, os dados sobre mortes em decorrência de suicídio entre policiais militares existem. As ocorrências são atendidas, mas o registro é feito como "morte acidental" ou "morte natural", o que também é corroborado pelo estudo da pesquisadora Dayse Miranda, da GEPeSP. A maioria desses dados são coletados, arquivados e divulgados pelas próprias associações. A APS dispõe de mais de 150 prontuários de atendimento psicológico, incluindo profissionais associados e dependentes. Elton diz acreditar que dificuldade de acesso a essas estatísticas acontece pela ideia de que, quando se dá destaque a esse assunto, existe um receio de que ocorram novos casos de suicídio em seguida.
 

Registros fornecidos pelo Portal da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará mostram que, entre os anos de 2015 e 2017, foram contabilizados cinco casos de mortes por suicídio entre policiais militares no estado. Esse mesmo número foi levantado somente no ano passado. Em 2019, nos primeiros 75 dias do ano, cinco policiais cometeram suicídio.

 

Fonte: Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará / Portal Ceará Transparente

 

Um requerimento enviado em 20 de março deste ano pela Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (ASPRAMECE) ao governador Camilo Santana (PT), solicita, em caráter de urgência, a instalação de um centro psicossocial terapêutico, com capacidade e equipe multidisciplinar capaz de atender e tratar os profissionais da segurança pública do estado e seus familiares.

 

Os dados referentes ao restante do país e estados da federação citados acima foram solicitados junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Até o fechamento desta matéria, não obtivemos resposta.

 

*Nome fictício foi utilizado para resguardar a identidade do policial.


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