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06/02/2020 às 17h18min - Atualizada em 06/02/2020 às 17h18min

Ligada ao preconceito, camisa 24 é renegada pelo futebol brasileiro

No país, o número é associado a homossexualidade por representar o animal veado no jogo do bicho

Tamires Zinetti - Editado por Paulo Octávio
Bahia entra na campanha "pede a 24". Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/BahiaEC
O número 24 parece ser proibido para os jogadores que atuam no futebol brasileiro. O colombiano Víctor Cantillo, contratado pelo Corinthians, sempre usou a camisa 24 em seu país, mas ao pedir a numeração, foi orientado a escolher outro número. Tanto que o diretor de futebol Duílio Monteiro Alves deu uma declaração homofóbica antes da coletiva de apresentação do volante e logo em seguida se desculpou pelo que chamou de “brincadeira infeliz”.

Mas você deve se perguntar, da onde surgiu essa ligação do número com a homossexualidade?

Criado há cerca de 120 anos, pelo barão João Drummond, o jogo do bicho caiu no gosto popular mesmo sendo ilegal e acabou tendo uma influência muito forte na propagação do preconceito contra a numeração, já que o número 24 está ligado ao animal veado. Na linguagem popular, os termos viado e veado são associados a homossexualidade. Isso ajuda a entender o porquê do número 24 não ser usado no futebol brasileiro.  

Em 2019, nos últimos dez jogos da Série A do campeonato brasileiro, 419 jogadores estiveram em campo, segundo as súmulas da CBF, mas apenas um usou tal numeração, o jovem e terceiro goleiro do Grêmio, Brenno Fraga.

Em contrapartida, nas competições sul-americamanas é obrigatório a numeração 24, já que a Conmebol pede para que seja inscritos jogadores de 1 a 30. Segundo um levantamento feito pela Folha de São Paulo, o número representa 0,5% do uso total nos últimos cinco anos do campeonato brasileiro. A média entre torneios internacionais é de 2,5%.

Nas últimas semanas, várias ações tentam combater a homofobia dentro e fora dos gramados. O volante Flávio, do Bahia, pioneiro da ação e logo em seguida o meia Nenê do Fluminense, usaram a camisa em protesto contra a discriminação e também em homenagem a Kobe Bryant. A repercussão foi tanta que o Bahia ganhou o apoio da cervejaria Brahma, que logo em seguida surgiu a campanha “Número de Respeito”, já a revista Corner lançou a ação “Pede a 24”, para incentivar o uso. O jogador mais caro país, Gabigol, deve ser o próximo a aderir a numeração em alguns jogos do Flamengo.
 

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