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04/04/2020 às 15h39min - Atualizada em 04/04/2020 às 15h39min

“Sequestrada a Luz do Dia”: Um caso revoltante

Imprudência dos pais permitiu que Jan fosse sequestrada duas vezes pelo mesmo homem

Clara de Andrade Lopes

“Sequestrada a Luz do Dia”, (em inglês Abducted in Plain Sight) é um documentário de 2017 produzido e disponibilizado pela Netflix. A produção conta a história real de Jan Broberg, uma garota de 12 anos que vivia com seus pais e suas duas irmãs. Uma família muito honesta, trabalhadora e religiosa, que mantinha um bom relacionamento com todos ao seu redor. O que eles não imaginavam é que seu vizinho Robert Berchtold não era digno de amizade e muito menos confiança. Extremamente manipulador e pedófilo, “B”, como o homem era chamado pelos íntimos, sequestrou Jan Broberg em duas ocasiões diferentes. 

                           

Família Broberg

Tudo começou quando a família Berchtold mudou-se para a vizinhança dos Broberg. Frequentadores da mesma igreja e portanto membros da mesma comunidade, não demorou para que as famílias se aproximassem. Os filhos tinham idades parecidas, assim como os pais interesses em comum. Portanto, era recorrente que eles passassem os fins de semana juntos, fizessem passeios e viagens e estivessem nas celebrações uns dos outros. A partir disso, “B” começou a se aproximar muito de Jan.

Os pais e as irmãs da garota sempre notaram que o homem era muito mais ligado a ela do que às outras crianças, mas nunca desconfiaram efetivamente de nada. Com o passar dos anos, Jan conta no documentário que inúmeras vezes sentiu que algo não estava certo, mas não o suficiente para desconfiar de quem ela chamava de melhor amigo. Uma vez, ela e as outras crianças dormiram em uma cama elástica que ficava no quintal dos Berchtold, e ela se recorda de ter acordado sem calcinha e sendo tocada por Robert. Quando questionado, ele disse que ela mesma teria se despido, por estar incomodada com a forma como a calcinha se ajustava ao corpo.

                          
Jan nos braços de Robert Berchtold

Em um certo dia, a garota foi convidada por “B” para um passeio à cavalo. Autorizada pela mãe, Jan entrou no carro dele e seguiu caminho. Assim que partiram ela foi dopada com comprimidos que lhe foram dados, dizendo que seriam antialérgicos. Ao longo dos anos Berchtold drogou a criança inúmeras vezes. Quando acordou, ela estava sozinha, com as mãos e os pés atados a uma cama, dentro de um trailer. O único som que se ouvia era uma gravação com muitos ruídos, onde uma voz se identificava como um extraterrestre que designava à ela uma missão confidencial e que salvaria o mundo. A missão envolvia Berchtold diretamente: ela deveria ter um filho com ele, ou então sua família morreria. Jan acreditou nessa história, que sempre que possível era reafirmada por seu estuprador, até que ela completasse 16 anos. Por mais tosco que possa parecer, foi extremamente assustador para uma menina de apenas 12 anos. Ela confiava plenamente em “B”, que a partir disso começou a estuprá-la frequentemente, além de ensiná-la sobre sexo com livros. O sequestro durou 5 semanas, até que a polícia americana os encontrou no México. Nada aconteceu com Robert, que foi completamente inocentado após um acordo com os pais da garota.

                      

Este acordo aconteceu graças às manipulações sérias que o homem realizava com a família. Ele já teria se envolvido sexualmente tanto com a mãe como com o pai de Jan, que optaram por remover todas as acusações em troca de sigilo. E não foi este o maior absurdo cometido por eles, tendo em vista que o segundo sequestro foi praticamente autorizado pelos pais dela. Em uma outra ocasião, e com a desculpa que estaria fazendo um tratamento para controlar seus “impulsos”, Berchtold consegui convencê-los que era necessário dormir na mesma cama que a garota 4 vezes por semana durante vários meses. Todas as noites, ela era sedada e estuprada. 
 

Ao longo da produção, as atitudes dos pais tornam-se cada vez mais revoltantes e a relação entre Jan e Robert também. O documentário é todo narrado por ela mesma, acompanhada de seus pais e suas irmãs. Os depoimentos são carregados visivelmente de dor, raiva e tristeza de todas as partes. Visualmente falando, o documentário deixa um pouco a desejar por ser extremamente repetitivo. Enquanto a narrativa é construída, as mesmas imagens dos envolvidos passam pela tela inúmeras vezes, alternando apenas com algumas encenações que também passam a se repetir depois. Apesar disso, a veracidade do caso é o que mantém a atenção do espectador firme até o final.  Tudo pode ser conferido na Netflix através deste link: https://www.netflix.com/br/title/81000864

                         



Editado por Bruna Blankenship 


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