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11/04/2020 às 23h26min - Atualizada em 11/04/2020 às 23h26min

AC/DC - Antes do Corona e Depois do Coronavírus

Como será a vida pós pandemia

Rita Souza
Instituto Humanitas Unisinos, Periódicos Eletrônicos em Psicologia, Brasil 247, UOL.
https://www.luzdaserra.com.br/meditar-transforma-13-beneficios-da-meditacao
Desde meados de dezembro/2019, estamos nos deparando diariamente com uma avalanche de notícias sobre como a sociedade tem se comportado diante de uma pandemia sem precedentes e todas as suas consequências. Mas como estará a humanidade quando essa situação se estabilizar? Até que ponto seremos afetados psicológica e emocionalmente? Estaríamos atravessando um novo processo de evolução?

Ruas e avenidas praticamente vazias, assim como praias, parques e comércio. As imagens impactantes registradas a todo momento nos telejornais e redes sociais, não deixam de causar na população, aquele sentimento de vazio, impotência e perplexidade.

O Brasil, país tropical, que está no início do outono, porém ainda com características de verão, torna a quarentena e o isolamento social ainda mais sacrificante.

Os dias nascem com céu de brigadeiro, as tardes são deslumbrantes com o pôr do sol de tirar o fôlego até do mais insensível dos indivíduos.
É natural que esses fatores aumentem os casos de depressão, tristeza, angústia e crises de ansiedade.
 
Capacidade e força do ser humano em superar adversidades
 
As respostas das perguntas relacionadas no primeiro parágrafo deste texto vêm através de vários segmentos, setores, grupos e teóricos especialistas no assunto.
A psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da USP, Carmita Abdo afirma: “Não podemos sair aliviados desse tapa de consciência que estamos vivendo”.
Acrescentou ainda: “O mundo tem que mudar. Essa epidemia não pode ser apenas algo que vai passar e nos deixar da mesma forma.”
Já o escritor, psicanalista e dramaturgo, Contardo Calligaris, acredita ser possível que “a gente saia com uma versão melhorada” da pandemia.
Ambos foram ouvidos no programa UOL Debate, do dia 06 de abril de 2020.
Teóricos da psicologia também revelam estudos que evidenciam a mudança do ser humano frente aos problemas e sofrimentos.
Segundo Hayes e Smith (2005):
As pessoas sofrem. Elas não têm simplesmente dor - o sofrimento é muito mais que isso. Os seres humanos lutam contra suas formas de dor psicológica; suas emoções e pensamentos difíceis, suas lembranças desagradáveis, e suas necessidades e sensações não desejadas. Elas pensam nisto e se preocupam com isto, têm ressentimento disto, antecipam e temem isto (...) ao mesmo tempo demonstram uma enorme coragem, profunda compaixão e uma habilidade notável de seguir em frente mesmo a despeito de suas histórias pessoais difíceis. Mesmo sabendo que podem se machucar, os humanos amam outros humanos. Mesmo sabendo que vão morrer um dia, eles se preocupam com o seu futuro. Mesmo sabendo da falta de sentido em muitas coisas da vida, abraçam ideais.
 
 
A importância da espiritualidade em momentos de crise


"Essa epidemia vai passar, mas não vai ser a última. Muitos morrerão, não há dúvida. E os que ficarão bebem dessa oportunidade de refletir sobre a impermanência e a não substancialidade do ser humano. É uma pandemia que nos ajuda a entender a nossa limitação e a precariedade de qualquer posição que defenda arrogâncias, excepcionalismos e autossuficiências. Ninguém é e nem poderá ser autossuficiente", escreve Faustino Teixeira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e pós-doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma.
Os tempos de crise são favoráveis à vida espiritual, pois convocam as pessoas ao ritmo de adentramento. Abre-se a rota do caminho interior, do “ponto virgem”, suscitando energias singulares para enfrentar o ritmo sombrio das dificuldades e recuperar o tecido da alegria. A espiritualidade, como diz o teólogo, filósofo e escritor, Leonardo Boff, é inspiração para um “horizonte de esperança e de capacidade de autotranscedência”. Ela é capaz de provocar em nós mudanças substantivas e apontar caminhos jamais traçados e que são essenciais para a nossa sanidade. A espiritualidade é o momento “necessário para o pleno desabrochar de nossa individuação” e o “espaço da paz no meio dos conflitos e desolações sociais e existenciais”.
 
A evolução é constante e dinâmica
 
“Não são as espécies mais fortes que sobrevivem nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças.” Ao dizer essa frase, Charles Darwim (1809-1882), autor da Teoria da Evolução, é bem enfático em nos prevenir sobre as fases evolutivas a que seremos submetidos ao longo da nossa existência.
Em uma entrevista ao portal Instituto Humanitas Unisinos, Leonardo Boff enfatiza: “A moderna cosmologia unanimemente afirma que o estado do universo não é a estabilidade, mas a mobilidade. Tudo está se expandindo, se complexificando e se autocriando. A evolução permite que as virtualidades latentes dentro do universo conheçam emergências, possam irromper sob as formas mais diferentes. Neste sentido, o universo não está ainda pronto. Ao invés de falar em cosmologia, deveríamos falar em cosmogênese, que significa a lenta e progressiva gênese de todas as coisas.
 
 
 
 
 
As promessas e intenções de mudança começam a aparecer


Após aproximadamente duas semanas de quarentena, começaram a surgir relatos de pessoas que estão dispostas a uma mudança de vida. Querem mudar a maneira de enxergar as pessoas, a natureza, rever seus sentimentos, cuidar mais da saúde. Enfim, mudar para melhor.
 

O analista de sistemas, Júlio Fernandes Ribeiro, 42, já preparou uma lista de itens a ser revistos em seu cotidiano: “Após tantos dias sem poder fazer as coisas que mais gosto, como passear e ir ao parque, pude parar e pensar como vivia no modo “piloto automático”, ou seja, não prestava mais atenção ao essencial. Agora, pretendo refletir sobre isso e tornar tudo especial, desde pessoas e relações, até meu contato com a natureza e os animais.”
“Nesses dias tenho exercitado algo que não praticava há muito tempo: a solidariedade. Estou ajudando alguns vizinhos idosos, fazendo suas compras e ajudando com serviços externos, evitando assim que eles saiam de suas casas e fiquem expostos ao vírus”, disse ele.
A dona de casa Edilaine Silva Martins, 55, reconhece que, após a quarentena, fará mais visitas aos seus pais idosos, já que deixou de fazê-lo ultimamente. “Estou com muita saudade deles e ansiosa para poder abraçá-los novamente e recuperar o tempo perdido”.
Edilaine se comprometeu também a ser mais próxima de seus irmãos e amigos, além de valorizar a vida em comunidade.
 
A ressignificação do ser humano na sociedade
 
Será de fundamental importância que cada indivíduo esteja aberto ao novo, às novas possibilidades da vida privada e em sociedade. O brasileiro em especial, que é um povo muito afetuoso em palavras e gestos, tem um desafio à sua frente. Deverá reinventar maneiras de convivência, mas sem mudar seu jeito extrovertido e alegre.
O mundo todo terá de se modificar para melhor, rever seus paradigmas, sua forma de governar e o tratamento com a população. Somente assim poderá vencer o vírus propriamente dito e todas as mazelas oriundas dessa pandemia.
É um tempo propício para que todos façam uma autoavaliação e se perguntem em que sentido podem melhorar, a si e o ambiente que habitam.
Uma verdade unânime e universal é: nada será como antes!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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