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23/04/2020 às 13h59min - Atualizada em 23/04/2020 às 13h59min

Repórter: um eterno contador de histórias

“Pesquisar todos os lados é o preceito básico do jornalismo”.

Talyta Brito
Pixabay
Dizem que o mais legal da vida, não é ser conhecido, é ter a oportunidade de conhecer gente. O repórter tem esse privilégio. Ele carrega consigo a capacidade de ser ouvinte, confidente, narrador. Mas, entretanto, todavia, contudo – e ainda que eu acrescentasse aqui todas as demais conjunções adversativas que há na língua portuguesa – narrativizar histórias de via com maestria e sensibilidade é uma característica que poucos possuem. Para o jornalista Mario Cypriano “viver outras realidades tão diferentes da sua, te faz melhor e maior”. Uma tarefa que ele considera “incrível, triste e intensa”

Segundo ele: “Quando você emerge em outra realidade você aprende outros conceitos, você expande os seus valores”. Quando questionado sobre o processo de seleção das informações que serão publicadas, ele responde: “bem, não é que eu selecione, eu faço algumas perguntas.  E geralmente, eu pego a essência do eu ele (a) falou e decupo essa parte”. Cypriano também destaca a importância de apresentar os diferentes ângulos de um acontecimento. “A ideia do jornalista é fazer um contexto, muita das vezes não é só narrar”. “Pesquisar todos os lados, é preceito básico do jornalismo”. Por fim, ele elucida a necessidade da empatia no processo jornalístico. “Você vai contar a história de uma pessoa. Você tem que entender, qual é a história e não contar o que você acha dessa história”.

No jornalismo brasileiro alguns repórteres se destacam. Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 o incêndio ocorrido na boate Kiss, situada na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, vitimou 242 jovens e deixou outros 680 feridos. O assunto repercutiu nos jornais ao redor do mundo. Daniela Arbex, repórter mineira, foi além do lead tradicional – primeiro parágrafo de um texto jornalístico que apresenta uma síntese do acontecimento - deu voz aos profissionais da saúde que foram acordados durante a madrugada para dar suporte a superlotação nos hospitais da cidade, a mãe que teve de escolher a roupa para enterrar o único filho. Detalha desde a angustiante espera das famílias por informações das vítimas à inflação do mercado funerário. O trabalho de apuração resultou no livro “Todo dia a mesma noite – a história não contada da boate Kiss”.

“Escrever sempre é uma entrega profunda e perturbadora”, declara Eliane Brum, repórter que coleciona mais de 40 prêmios nacionais e internacionais pelas reportagens produzidas. O livro “O Olho da Rua”, é uma compilação de reportagens feitas durante o período que Eliane trabalhou na Revista Época. A obra dá visibilidade a cotidiano de pessoas comuns. A repórter perpassa desde a Floresta Amazônica as periferias de São Paulo trazendo com pano de fundo das narrativas de vida problemas sociais como o desemprego e a morte precoce de jovens negros.

O alagoano Audálio Dantas iniciou sua carreira como repórter no Jornal da Manhã, atual folha de São Paulo, em 1954. Atou também nas revistas Cruzeiro, Realidade e Quatro Rodas. Grande parte das suas produções estão reunidas no livro “ Tempo de Reportagem – Histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro”. O jornalista norte-americano Gay Talese, autor de Hiroshima, desvenda o segredo para ser bom repórter. “ O jornalismo é arte de sujar os sapatos”. Ou seja, para se produzir boas histórias é preciso fugir das quatro paredes de uma redação, e ir à rua. A rua é um espaço repleto de narrativas esperando serem contadas.


 

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