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24/04/2020 às 17h45min - Atualizada em 24/04/2020 às 17h45min

Santos 62-63: relembre como o Peixe conquistou o mundo duas vezes consecutivas

O clube acumulou 23 títulos na década de 60 e teve campanhas históricas

Fernanda Souto - Editado por Paulo Octávio
Time do Santos em 1962. (Foto: Reprodução/ Semprepeixe.com.br)

Considerado por muitos do mundo futebolístico como melhor time da história -- e até reconhecido pela FIFA como o quinto melhor do século XX --, o Santos teve uma campanha emblemática e deslumbrante nos anos de 1962 e 1963.  Clube conquistou 23 títulos apenas na década de 1960, mas essas duas temporadas foram as mais especiais.

Em 1962, o time da Vila Belmiro completou 50 anos e ganhou todas competições oficiais que disputou. Foi campeão Estadual, Nacional, Sul-Americano e Mundial. Os triunfos fizeram a equipe ser aclamada tanto no Brasil quanto no mundo. Não só por ter conseguido vários títulos, mas também por ter revelado Pelé, consagrado como melhor jogador do século por quatro entidades: a FIFA, a Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS) e o Comitê Olímpico Internacional (COI). É o rei do futebol, não é mesmo?

Além de Pelé, o alvinegro tinha outros nomes de peso. Coutinho, Pepe, Dorval, Pagão e Lima foram alguns dos craques que em conjunto formavam o esquadrão imortal. Dos 11 titulares, sete já haviam sido bicampeões do mundo pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962. No total, a equipe fez 76 jogos, 51 vitórias, 14 empates e 11 derrotas. Acumularam 244 gols marcados, sendo 63 apenas de Pelé e 57 de Coutinho.

Curiosamente, o Peixe começou o ano com uma derrota para o Botafogo em um amistoso. Clube carioca  também teve destaque e disputava diretamente com o Santos para ser o melhor do país com Garrincha, Zagallo, Didi, Amarildo e Nilton Santos no elenco. A partida foi realizada no Maracanã, que recebeu 102.000 pessoas para ver o confronto dos dois maiores Alvinegros do Brasil. Após isso, o clube paulista ainda participou de dez jogos em excursão pela América do Sul, com oito vitórias, um empate e uma derrota. 

Depois, desistiu oficialmente do Torneio Rio-São Paulo devido a desorganização do calendário e focou na Copa da Libertadores. Clube conseguiu participar do torneio continental por ter sido campeão da Taça Brasil no ano anterior, em 1961. O título americano foi fundamental para o clube até chegar no topo.

 

Taça Libertadores da América de 1962

 

A Taça Libertadores da América, na época nomeada como Copa Campeões da América, reserva ao campeão uma vaga no Mundial de Clubes. Em 1962, a terceira edição, foi a primeira vez que houve fase de grupos. As nove equipes foram divididas em três grupos de três. Os vencedores de cada chave avançavam para as semifinais e disputavam as duas vagas da final em jogos de ida e volta. A final era no sistema de playoffs e se houvesse dois vencedores diferentes nos dois jogos iria acontecer um jogo extra em campo neutro.

O Santos teve três vitórias e um empate na fase de grupos. O 9 a 1 em cima do Cerro Porteño é uma das maiores goleadas do torneio até hoje. Equipe também bateu o Deportivo Municipal por 6 a 1. Na fase seguinte, o Peixe empatou com o Universidad Católica por 1 a 1. No jogo de volta, venceu por 1 a 0 com gol de LimaA fase seguinte foi a mais desafiadora para equipe. Agremiação enfrentou o até então bicampeão da Libertadores, o Peñarol. Venceu a primeira partida por 2 a 1, mas foi derrotado por 3 a 2 na segunda, e fez jogo desempate no Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Brasileiros pressionaram do ínicio ao fim, e com gols de Coutinho e dois de Pelé, venceram com categoria o adversário uruguaio pelo placar de 3 a 0. Foi o primeiro título continental e a senha para chegada ao Mundial de Clubes.

 

Mundial de Clubes

 

Assim como a Libertadores, o Mundial de Clubes em 1962 também tinha um nome diferente do atual. Era a tão cobiçada Copa Intercontinental. Em sua terceira edição, foi disputada com apenas um duelo entre os campeões Sul-Americano e Europeu em duas partidas de ida e volta na casa dos clubes. De um lado, o Santos de Pelé. De outro, o Benfica de Eusébio. Dois monstros do futebol. Mas, em campo, quem levou a melhor foi o clube brasileiro. Na partida de ida, venceu por 3 a 2, e na volta por 5 a 2 com direito a hat-trick de Pelé. De tal forma, o Alvinegro conseguiu o mundo de forma espetacular.

 

O bicampeonato no Mundial

 

Se vocês acham que o Peixe parou na temporada de 62 estão muito enganados. O melhor do mundo ainda deu continuidade a sua campanha impecável no ano seguinte. 1963  foi mais um ano brilhante. Clube começou o ano no Campeonato Nacional da temporada de 61, que não tinha ocorrido por falta de calendário. E como já era de se esperar, os paulistas conseguiram disputar à final com o Botafogo de Garrincha. Foram três jogos intensos. No primeiro, vitória santista por 4 a 3. No segundo, vitória do Fogão por 3 a 1. E no jogo extra, o Santos goleou por 5 a 0.

Além do título nacional, a equipe também se consagrou campeã do Torneio Rio-São Paulo. Mas, em compensação, não conseguiu ganhar o campeonato estadual. Ficou em terceiro lugar, mas  Pelé foi artilheiro pela sétima vez consecutiva, com 22 gols.

Na Libertadores, como tinha sido campeão no ano anterior, foi classificado diretamente para a semifinal, na qual enfrentou novamente o seu principal concorrente nacional, o Botafogo. Na partida de ida, os dois clubes não saíram do empate de 1 a 1. Mas, na volta, o Peixe mostrou para o que veio e com o placar de 4 a 0 se classificou para final. Na decisão bateu o Boca Juniors nos dois jogos (3 a 2, no Maracanã; e 2 a 1, na Argentina) e conquistou o título de forma invicta. Além disso, agremiação foi uma das poucas que bateram os argentinos na Bombonera.

De tal forma, o clube brasileiro enfrentaria mais uma vez um clube europeu pela Copa Intercontinental. Dessa vez o adversário foi o Milan e a  decisão foi histórica. Na ida, em Milão, o Alvinegro perdeu por 4 x 2. Na volta, no Maracanã, Santos devolveu o placar e ficou tudo igual, o que restou a uma partida de desempate. O terceiro jogo foi novamente no Maracanã. Partida foi truncada, e com gol de pênalti de Dalmo, o Santos ganhou o mundo mais uma vez.

Sem dúvidas, o time de Pelé e companhia foi o maior time brasileiro do século XX. Marcou ídolos para a história do futebol do clube e também para a  própria seleção nacional. Somou recordes de arrecadação no país e até na Europa. Foram recordes de renda, de público, mas acima de tudo, de um bom futebol, o futebol-arte!


 Vídeo sobre conquista do Mundial de 1963, um dos mais marcantes. Canal: O maior de todos os tempos




 
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