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28/04/2020 às 16h50min - Atualizada em 28/04/2020 às 16h50min

São Caetano 2002: O conto de fadas do Azulão, que quase disputou um Mundial

Equipe encantou o Brasil até outubro de 2004, quando Serginho morreu e, o investimento no esporte caiu

Paulo Octávio
Muricy, técnico campeão paulista de 2004, é saudado pelos jogadores. Foto: Eduardo Knapp/Folha Imagem
Fugaz. Essa palavra define a trajetória da Associação Desportiva São Caetano no cenário do futebol nacional. Fundada no dia 4 de dezembro de 1989, a equipe viveu uma era de ouro a partir de 2000 e em quatro temporadas foi vice campeã Brasileira, por duas vezes, campeã estadual e vice da Libertadores. Mas após a morte d Serginho, em 2004, e quedas no investimento nos anos seguintes, a estrela se apagou. E hoje equipe está fora de qualquer divisão do Brasileirão e luta para voltar à elite do Paulista.

O COMEÇO DO SONHO  

A partir de 1997, o então prefeito Luiz Olinto Tortorello quis incentivar o esporte da cidade e, em sua gestão, a cidade começou sua hegemonia nos Jogos Abertos do interior. Com força política, o Azulão conseguiu uma vaga na série C de 98 -- apesar de não estar na primeira divisão estadual -- e foi vice campeão. No ano seguinte, equipe foi a líder da primeira fase da série B, mas não conseguiu acesso. 

Já em 2000, equipe contou com o acaso. A CBF cedeu o comando do Brasileirão para o Clube dos 13, devido ao imbróglio que gerou nascimento da Copa João Havelange. Por isso, o campeonato não teve acesso e rebaixamento e, foi divididos em módulos, que correspondiam as divisões. Os melhores das divisões inferiores disputavam a fase final contra os grandes. E após se sagrar vice-campeão do módulo amarelo, time do ABC passou pelo Palmeiras, Fluminense e Grêmio e foi para a decisão contra o Vasco. No primeiro jogo, em São Paulo, empatou em 1 a 1. No segundo, em São Januario, precisava ganhar para se sagrar campeão. 

O jogo no Rio foi cheio de polêmica, pois não houve venda de ingresso para torcida visitante e o estádio estava superlotado. E após a substituição de Romário, que saiu contundido, o alambrado cedeu. Nos bastidores, o Cruzmaltino conseguiu a realização de uma nova partida no Maracanã. Isso foi um problema para os paulistas, pois Claudecir e Adhemar já estavam negociados. Eles puderam voltar, mas perderam por 3 a 1.

VICE, DE NOVO

No ano seguinte, o sucesso continuou. Após ter ficado de fora da final do Paulista por um ponto, Azulão chegou às oitavas de final da Libertadores quando foi eliminado nos pênaltis pelo Palmeiras. Na sequência, foi vice-campeão brasileiro. O clube teve a segunda melhor campanha da primeira fase, oito pontos atras do Atlético PR. Após eliminar o Bahia e Atlético Mineiro, os paulistas perderam para os parananeses em sua segunda final consecutiva:  4 a 2, em Curitiba; e 1 a 0, em São Caetano.

O QUASE 

De novo a dor do quase. A equipe conseguiu chegar à final da Libertadores de 2002. Na campanha, foi o melhor do grupo com Alianza Lima, Cerro Porteño e Cobreloa. No mata-mata despachou Universidad Católica, Peñarol, América (MEX) e encarou o Olímpia na decisão. Venceu por 1 a 0, com gol de Ailton, no Paraguai e precisava de um empate para ficar com título.  Abriu placar no Pacaembu, de novo com Ailton, mas levou a virada e perdeu nos pênaltis. Se vencesse faria o Mundial de Clubes daquele ano contra o Real Madrid de Ronaldo, Bechkam e Zidane


 Melhores momentos da final da Libertadores 2002. Canal: Guilherme Bateloche Imagens:TV Globo

ENFIM, CAMPEÃO

São Caetano viveu um 2003 regular. Equipe conseguiu chegar à Libertadores após ganhar três pontos do Paysandu, que foi punido devido a escalação irregular de Junior Amorim e Aldrovani. Azulão confirmou a vaga, na última rodada do Brasileiro, com uma goleada sobre o Internacional por 5 a 0.

Mas foi no ano seguinte que o time finalmente conquistou um título: o Paulistão. O São Caetano encarou o Paulista de Jundiaí na segunda decisão entre times do interior na história do campeonato estadual. Se, na primeira vez, em 1990 o Bragantino revelou Luxemburgo e Mauro Silva, o time do ABC consagrou Muricy Ramalho e Mineiro. O volante fez o gol do título um ano antes de conquistar o Mundial pelo São Paulo.

Meses depois, o Azulão foi eliminado pelo Boca Juniors nas quartas de final da Libertadores no seu último jogo continental. O clube tinha fôlego e dava mostras de que poderia fazer um bom Brasileirão. Até o dia 27 de outubro


   Matéria da ESPN sobre a final do Paulistão 2004. Canal: ADSão Caetano. Imagens: ESPN Brasil

DIVISOR DE ÁGUAS 

Naquela noite, São Paulo e São Caetano jogaram pela 38 ª rodada do Brasileirão. Os times estavam empatados com 65 pontos na terceira e quarta posições, respectivamente. Mas, aos 14 minutos do segundo tempo, a história do Azulão mudaria para sempre. O zagueiro Serginho sofreu um infarto em campo e morreu uma hora e meia depois foi no hospital São Luiz. Paulo Sérgio de Oliveira da Silva, natural de Vitória (ES), tinha 30 anos e deixou uma mulher e filho que hoje tem 20 anos.

Em dezembro, foi provado que a direção do São Caetano sabia que o jogador tinha problemas cardíacos. E o clube perdeu 24 pontos devido escalação de Serginho em quatro partidas. Por isso, o clube despencou da quinta para 18ª posição e quase foi rebaixado.

PÓS-CONTO DE FADAS 

Além da morte de Serginho, o clube sofreu com a queda de investimento. Após a saída de Tortorello, que morreu dias antes de passar a prefeitura para José Auriccchio Jr, (atual prefeito reeleito em 2016) em 2005, a administração municipal passou a investir menos no esporte da cidade. No ano seguinte caiu para segunda divisão nacional.

Depois teve um momento de brilho em 2007 quando foi vice-campeão paulista. E em 2013 caiu para série A2 de São Paulo, voltou para elite estadual em 2018, mas foi rebaixado de novo. Em 2019 venceu a Copa Paulista e optou pela vaga na série D nesta temporada. Porém devido a crise causada pela pandemia de Coronavírus, desistiu do torneio nacional e passou a focar na série A2 e Copa Paulista.

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