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25/06/2020 às 18h27min - Atualizada em 25/06/2020 às 17h41min

Destacamento Blood: as críticas raciais e políticas do novo filme de Spike Lee

O longa da Netflix, traz a tela duras críticas a cultura americana de favorecer apenas os brancos privilegiados

Gustavo Domingos - Revisado por Renata Rodrigues
Netflix
Reprodução Netflix


O novo filme de Spike Lee (Malcom X, 1992), Destacamento Blood, revela ao público a uma abordagem atual com críticas raciais e políticas, utilizando, para isso, duas linhas de tempo: o passado (Guerra do Vietnã) e o presente (Governo Trump e manifestações anti-racistas).
 
Lee, encontrou um ótima forma para fazer tais críticas. O diretor utilizou quatro veteranos negros que lutaram no Vietnã e dessa maneira, mostra ao seu público a visão que poucas produções trazem, ou seja, a realidade da comunidade afrodescendente que sempre morre pelo Estados Unidos e pouco é reconhecida.
 
Na trama, os veteranos voltam ao Vietnã com o objetivo de obter uma grande quantia de ouro enterrada por eles no passado e os ossos de seu antigo líder. Até o momento, seria um filme de aventura ou caça ao tesouro, porém, desde primeiro minuto o tom crítico do diretor entra em cena. Não apenas expressando as dores e os estresses pós-traumático dos ex-soldados, mas também demonstrando através dos diálogos com análises raciais e políticas.
 
O tom documental está presente no filme. A montagem inicial com personagens reais negros (Muhammed Ali, Malcom X, Martin Lunther King, Angela Davis, membros dos Panteras Negras e entre outros) e os cortes secos no decorrer do longa, entre os diálogos dos veteranos, causa grande impacto, além de acrescentar bastante a crítica racial e a luta por igualdade da comunidade afrodescendente na América.
 

Outro ponto importante é o cenário da guerra do Vietnã, na qual, ocorrerem diversas críticas a essa batalha sangrenta. Lee, não quer diminuir nem um pouco as verdades cruas dessa guerra, colocando imagens como a de “Thích Quảng Ðức” e a “Napalm Girl, Phan Thị Kim Phúc”, reforçando a ideia que as guerras armadas apenas levam dor e sofrimento para a população.


 
Com o cenário de guerra, foi possível fazer uma crítica política excelente no filme. Os Estados Unidos forçaram os negros a lutarem por eles no Vietnã, enquanto os negros lutavam por seus direitos no próprio país. Um ótimo dado mostrado no filme foi que os negros representavam 12% da população norte-americana, no entanto, na guerra era mais de 30% das tropas.
 
Ademais, as alfinetadas ao governo de Donald Trump, ficam visíveis nos diálogos entre os bloods, inclusive sobre o presidente simpatizar com movimentos fascistas. Vale citar que, um dos veteranos utiliza um boné com o slogan de Trump “Make America Great Again”, cabendo também uma crítica aos negros que são “afetados pelo sistema” e acabam apoiando certas figuras políticas.
 
Fica claro, portanto, que por esses motivos já é válido ver Destacamento Blood, mais asseguro que há diversos pontos além destes, nesse grande filme de Spike Lee. O longa está disponível no serviço de streaming, Netflix.
 

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