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26/06/2020 às 07h34min - Atualizada em 26/06/2020 às 07h31min

A indústria da carne no Brasil e no mundo: costumes e hábitos que devem ser repensados

Paul McCartney pede que repensemos o consumo e a produção pecuária no mundo

Eduarda Caraça - Revisado por Renata Rodrigues
Capa do álbum RAW, de Paul McCartney em 1971 | Divulgação: MPL Communications, Paul e Linda McCartney.

No dia 15 de junho, em comemoração aos 10 anos do vídeo Glass Walls (Paredes de Vidro), que Paul fez para PETA (People for the Ethical Treatment of Animals – Pessoas pelo tratamento ético dos animais, em tradução livre) e ao seu aniversário, 18 de junho, o ex-beatle questionou e fez um pedido: “tudo que eu sempre quis de aniversário é a paz na Terra, incluindo para os animais. É por isso que neste, ano estou pedindo aos fãs que assistam a um vídeo que eu fiz para a PETA, intitulado Glass Walls. Nós o chamamos assim porque se os abatedouros tivessem paredes de vidro, quem ia querer comer carne?”

O carnismo é um sistema que busca, firmemente, fundamentos irrefutáveis pra sua contínua matança de algumas espécies de animais – o que, claramente, varia de cultura pra cultura: no Ocidente a vaca e o porco são considerados comida, enquanto o cão não é. Já na China, os cães podem ser mortos para consumo como carne de cachorro enquanto na Índia, as vacas são sagradas.

No vídeo, McCartney fala sobre a pecuária, produção moderna de carnes responsável por surtos da doença da vaca louca, SARS, gripe avaria e outras doenças. Além de produtos animais que estão constantemente contaminados por bactérias da Campylobacter, Salmonela e E.coli. – responsáveis, também, pela epidemia da obesidade, câncer e doenças cardíacas.

De acordo com cientistas da ONU, comer carne gera mais de 40% de gases do efeito estufa, causando mudanças climáticas maiores do que todos os sistemas de transporte somados. Contribuinte às degradações de terras, escassez de água e poluição de água e ar.
 

Precisamos rever nossos hábitos

No Brasil, de acordo com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), de agosto de 2015 a julho de 2016, desmataram o equivalente a 128 campos de futebol, por hora de floresta – espaço equivalente ao de apenas um boi.

Nove mil litros de água são usados para a produção de meio quilo de carne bovina – equivalente a dois meses inteiros de banho. Usamos apenas 5% da água doméstica, enquanto a agricultura animal utiliza 55%.

Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), baseado nos dados de 2017, o Brasil está em sétimo lugar no ranking de consumo de carnes, atrás apenas de Israel, EUA, Malásia, Austrália, Argentina e Arábia Saudita.

Em uma pesquisa levantada com 30 pessoas, divididas em oito categorias: apenas uma pessoa é vegetariano ou vegano por influência da família; uma pessoa sempre foi; duas se tornaram; outras oito pessoas desistiram por falta de incentivo; duas desistiram pelo gasto elevado; três desistiram por problemas de saúde; oito pensam ou já pensaram em se tornar; e para outras cinco pessoas, a possibilidade nunca existiu.

A maioria dos entrevistados é de cidade grande (Santos – SP; Praia Grande – SP, grande São Paulo e Brasília – DF). Conclui-se que o estímulo pelo consumo de carne, muita das vezes, está ligado a facilidade em sua produção para quem tem um dia a dia mais corrido e não tem tempo nem para pensar no que está digerindo. Os fast foods estão aí como exemplo claro disso. Mas, a maioria das pessoas, quando para pra pensar, sente culpa.

Embora seja difícil, os entrevistados ainda acreditam em uma possível conscientização a nível cultural para que assim, diminua-se o consumo destes males causados pela pecuária. Por ora, esse mercado colaboradora para o sucesso de um capitalismo sujo e maléfico a saúde, já que não existe capitalismo limpo.

Analisando as características carnívoras de um fim de semana de churrasco, já enraizada na cultura do Brasil, diminuir o consumo das carnes é desafiador porém não impossível. Mais do que justo é querer uma equidade que inclua e não exclua a fauna e a flora. Segundo McCartney, “somente o preconceito permite qualquer um pensar que existe diferença entre maltratar um gato e maltratar uma galinha, ou maltratar um cachorro e maltratar um porco. Sofrimento é sofrimento, não importa como você o faça”.


 


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