No dia 15 de junho, em comemoração aos 10 anos do vídeo Glass Walls (Paredes de Vidro), que Paul fez para PETA (People for the Ethical Treatment of Animals – Pessoas pelo tratamento ético dos animais, em tradução livre) e ao seu aniversário, 18 de junho, o ex-beatle questionou e fez um pedido: “tudo que eu sempre quis de aniversário é a paz na Terra, incluindo para os animais. É por isso que neste, ano estou pedindo aos fãs que assistam a um vídeo que eu fiz para a PETA, intitulado Glass Walls. Nós o chamamos assim porque se os abatedouros tivessem paredes de vidro, quem ia querer comer carne?”
O carnismo é um sistema que busca, firmemente, fundamentos irrefutáveis pra sua contínua matança de algumas espécies de animais – o que, claramente, varia de cultura pra cultura: no Ocidente a vaca e o porco são considerados comida, enquanto o cão não é. Já na China, os cães podem ser mortos para consumo como carne de cachorro enquanto na Índia, as vacas são sagradas.
No vídeo, McCartney fala sobre a pecuária, produção moderna de carnes responsável por surtos da doença da vaca louca, SARS, gripe avaria e outras doenças. Além de produtos animais que estão constantemente contaminados por bactérias da Campylobacter, Salmonela e E.coli. – responsáveis, também, pela epidemia da obesidade, câncer e doenças cardíacas.
De acordo com cientistas da ONU, comer carne gera mais de 40% de gases do efeito estufa, causando mudanças climáticas maiores do que todos os sistemas de transporte somados. Contribuinte às degradações de terras, escassez de água e poluição de água e ar.
No Brasil, de acordo com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), de agosto de 2015 a julho de 2016, desmataram o equivalente a 128 campos de futebol, por hora de floresta – espaço equivalente ao de apenas um boi.
Nove mil litros de água são usados para a produção de meio quilo de carne bovina – equivalente a dois meses inteiros de banho. Usamos apenas 5% da água doméstica, enquanto a agricultura animal utiliza 55%.
Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), baseado nos dados de 2017, o Brasil está em sétimo lugar no ranking de consumo de carnes, atrás apenas de Israel, EUA, Malásia, Austrália, Argentina e Arábia Saudita.
Em uma pesquisa levantada com 30 pessoas, divididas em oito categorias: apenas uma pessoa é vegetariano ou vegano por influência da família; uma pessoa sempre foi; duas se tornaram; outras oito pessoas desistiram por falta de incentivo; duas desistiram pelo gasto elevado; três desistiram por problemas de saúde; oito pensam ou já pensaram em se tornar; e para outras cinco pessoas, a possibilidade nunca existiu.
A maioria dos entrevistados é de cidade grande (Santos – SP; Praia Grande – SP, grande São Paulo e Brasília – DF). Conclui-se que o estímulo pelo consumo de carne, muita das vezes, está ligado a facilidade em sua produção para quem tem um dia a dia mais corrido e não tem tempo nem para pensar no que está digerindo. Os fast foods estão aí como exemplo claro disso. Mas, a maioria das pessoas, quando para pra pensar, sente culpa.
Embora seja difícil, os entrevistados ainda acreditam em uma possível conscientização a nível cultural para que assim, diminua-se o consumo destes males causados pela pecuária. Por ora, esse mercado colaboradora para o sucesso de um capitalismo sujo e maléfico a saúde, já que não existe capitalismo limpo.
Analisando as características carnívoras de um fim de semana de churrasco, já enraizada na cultura do Brasil, diminuir o consumo das carnes é desafiador porém não impossível. Mais do que justo é querer uma equidade que inclua e não exclua a fauna e a flora. Segundo McCartney, “somente o preconceito permite qualquer um pensar que existe diferença entre maltratar um gato e maltratar uma galinha, ou maltratar um cachorro e maltratar um porco. Sofrimento é sofrimento, não importa como você o faça”.