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26/06/2020 às 21h07min - Atualizada em 26/06/2020 às 20h31min

Midsommar: a tradição que inspirou o novo ícone do terror

Segundo longa metragem de Ari Aster traz à tona um horror psicológico inserido em paisagens bucólicas e uma tradição folclórica secular da Suécia.

Ana Thereza Amaral - labdicasjornalismo.com
Fonte: Mais que cinema

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Foto: Capa do filme Midsommar

Em setembro de 2019, Ari Aster,
diretor do já aclamado longa de terror “Hereditário”, de 2017, lançou seu mais novo sucesso no ramo do horror psicológico: “Midsommar: o Mal não espera a noite”. A obra conta a trajetória da jovem Dani após uma perda trágica na sua família, que a impulsiona a partir numa viagem para a Suécia com seu namorado e mais três amigos, rumo a um festival que ocorre na comunidade em que vivia um dos amigos.

A princípio, a comunidade aparenta ser um local hedonista, onde as pessoas estão o tempo todo felizes e cobertas de flores, mas é exatamente nesse cenário que o horror dessa trama se desenvolve. Aster foi bastante pontual em mostrar que não são necessários ambientes escuros e cenas de susto clichês para produzir um bom terror, já que ele explorou muito bem o gênero em plena luz do dia, em meio a uma natureza repleta de cores vibrantes e altamente saturadas.


A trama se desenvolve durante os festejos do sol da meia noite (Midsommar), celebrando o solstício de verão sueco. Coroas de flores, bebidas, alucinógenos, oferendas, poligamia, diversas alusões à fertilidade e sexualidade, e até mesmo sacrifícios estão presentes no festival mostrado no filme, que tem duração de 9 dias. Apesar de todo esse cenário ser um plano de fundo para o desenvolvimento dos conflitos internos e externos de Dani, não deixa de chamar atenção com todos os seus elementos culturais, comidas típicas, danças e músicas folclóricas.

É praticamente impossível assistir a esse filme e não ficar curioso sobre o que há por trás da cultura de Haarga, que é apresentada na produção de Aster. Apesar da grande licença poética do diretor e da mesclagem com outras práticas culturais, o Midsommar realmente é celebrado nos países escandinavos e alguns detalhes sobre ele mostrados no filme são coerentes com a prática real. Como por exemplo: a coroa de flores, que pode ser usada tanto por homens quanto por mulheres (porém é mais comum entre as mulheres), usualmente feitas a partir de flores naturais, simbolizam boa sorte e saúde, além de comumente serem associadas à magia e superstições.

O mastro de verão, ou
majstang, também é um ícone essencial para a festa, que consiste numa barra em formato de cruz, com um aro em cima e duas argolas nas pontas, todo revestido de folhas e flores, simbolizando a fertilidade da estação. Em volta do mastro são realizadas as danças, enquanto são cantadas músicas folclóricas. Há também uma harmonia entre as comidas típicas da ficção de Aster com a realidade: o arenque, em suas diversas possibilidades de preparo, é essencial para o cardápio desta data (no filme podemos ver uma cena em que Dani é pressionada a comer um arenque inteiro), como também os morangos, que são a base da maioria das sobremesas da festa.

 

Apesar de ser um festival pagão, normalmente é realizado junto com as comemorações do dia de São João, do mesmo modo que o solstício de inverno é celebrado junto ao Natal (na Bíblia consta que João Batista fazia aniversário 6 meses antes de Cristo, mas não especifica datas). Isso dá a crer que a Igreja apenas aproveitou datas próximas às que já ocorriam grandes festas na Europa para associar aos seus festejos, utilizando tradições já existentes.

Em 2020, a celebração sueca ocorreu no dia 20 de junho. Normalmente ocorre entre 19 e 25 de junho, dependendo do dia que irá coincidir com o final de semana, pois essas datas são próximas do dia mais longo do ano (aproximadamente 18 horas de iluminação solar num só dia). Com flores, frutas, muita dança e bebidas alcóolicas os suecos recebem o verão, a estação da fertilidade, que vem depois de um longo e gélido inverno.

A festa ocorre na véspera do midsommar. “Como disse no post, o midsommar é comemorado no Midsommarafton, que é a véspera e sempre ocorre numa sexta-feira. O Midsommardagen é no sábado, que é o dia de descanso. [...] Sábado é o dia de descanso/ressaca, porque normalmente se bebe muito no Midsommar. Porém nada impede as pessoas de continuarem festejando no dia seguinte, até porque os dias passam a ser longos e ensolarados”, conta a brasileira Luana Aleixo, que mora em Malmö, na Suécia desde 2017.

 

Luana possui um perfil no Instagram (Do Brasil para Suécia) onde compartilha dicas e curiosidades com base na sua vivência no país. Em algumas de suas postagens, ela conta um pouco sobre o festival, a preparação da decoração, as tradições e pontua algumas curiosidades. Em relação às particularidades do midsommar na cidade em que mora, Luana afirmou que em Malmö são seguidos os mesmos costumes de outros lugares na Suécia, com exceção da região norte do país, que se destaca pelas vestimentas usadas, semelhantes às vestes camponesas da antiguidade, enquanto que no restante do país é comum que se usem roupas brancas.


Foto: Reprodução/ Internet

 

Sobre o festival deste ano, ela ressalta a interferência da pandemia global causada pelo vírus Covid-19: “as festas grandes as praças, campos e centros das cidades não ocorreram este ano. Então, como já é parte do costume, as pessoas apenas comemoraram com os amigos e família em casa”.

Apesar de não a contextualizar muito bem em seu filme, a ideia de Ari Aster, ao trazer uma cultura tão rica para sua produção, é de enorme engrandecimento cultural para os espectadores, pois a obra instiga a curiosidade, principalmente quando se trata do gênero terror, que já há algum tempo vinha caindo no clichê e que normalmente não conta com laços culturais em suas produções. Caso tenha mais curiosidades sobre o midsommar, acesse o vídeo abaixo:


 

 
 

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