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01/07/2020 às 16h02min - Atualizada em 01/07/2020 às 16h00min

Crítica: Watchmen

Ernandes Silva - Editado por Fernanda Simplicio
Divulgação: HBO
Exibida em 2019 e com nove episódios na sua primeira e - até agora única temporada, Watchmen é uma série da HBO produzida e criada por Damon Lindelof, que também foi produtor de Lost (2004 – 2010) e de The Leftovers (2014 – 2017).
Antes de tudo, é essencial saber que a série não é uma adaptação das histórias em quadrinhos publicadas em 1986 e 1987 de Alan Moore e Dave Gibbons, e nem uma sequência do filme de 2009 dirigido pelo Zack Snyder, mas sim, uma história que se passa no mesmo universo e por volta de 34 anos após os acontecimentos finais da graphic novel.

Outro detalhe que podemos ressaltar é que de primeira não é necessário ter lido a HQ para assistir a série. Ela funciona de forma independente. E mesmo quem não tem bagagem alguma desse mundo pode se aventurar. Entretanto, ao longo dos episódios referências a ocorridos ou a personagens são feitas e para quem já leu ou tem conhecimento da história funciona mais e imerge mais o telespectador.

 A história principal se situa na cidade de Tulsa, Oklahoma no ano de 2019. O mundo vive em estado de alerta e tensão de um novo ataque alienígena. E também há uma crescente de ataques terroristas pelo grupo supremacista branco chamado de Sétima Kavalaria, cujos membros usam máscaras inspiradas no Rorschach.

Duas tramas nos são apresentadas: a primeira é a investigação sobre a Sétima Kavalaria liderada pela detetive da força policial de Tulsa, Angela Abar/Irmã Noite (Regina King). E a segunda trama é a do Adrian Veidt (Jeremy Irons), outrora o Ozymandias, que está em um lugar X e que planeja algo. De início, ambas não parecem se complementar, porém elas estão conectadas.

Algo que marca muito a narrativa da série é o mistério, já que em sua maior parte você tem mais perguntas que respostas. E foi algo que me instigou bastante para continuar a assistir e começar a teorizar. Watchmen não entrega tudo de uma vez só, ela vai aos poucos lhe revelando e montando o quebra-cabeça. Para que no final ver o quanto todos os acontecimentos estavam ligados e que não lhe reste dúvida alguma.
Outro ponto que a série realiza de forma excepcional é como eles mostram as consequências e impactos de acontecimentos que não são os mesmo da nossa realidade. Exemplo disso é o transtorno pós-traumatico de quem sobreviveu ao ataque da lula gigante em Nova York em 1985, como é visto no final do quadrinho. Elas são pessoas quebradas que presenciaram algo único que mudou a vida delas drasticamente, e o único apoio são uns aos outros.

Sem falar nas questões sociais, políticas e raciais presentes na trama, elas são expostas sem filtro algum e de forma bastante crítica aos preconceitos ainda existentes nos Estados Unidos e também em outros países. Assim como o material original fez, pois a graphic novel de Moore e Gibbons é uma grande crítica a sociedade e marcou e revitalizou as histórias da época. Para mim é o mesmo que essa produção da HBO pode fazer, dá um novo ar para os filmes e séries do gênero de heróis que estão se saturando.

Como já foi dito antes, a história vista não anula o quadrinho e de fato expande esse universo fictício. Um dos núcleos é construído em cima de um mistério existente na história da HQ e usam certos recursos para ilustrar isso, como flashbacks ou metalinguagem. Os flashbacks são utilizados de forma inteligente e agrega muito na construção da historia e dos personagens, o que torna a montagem e a direção das cenas e episódios bastante interessantes.
A fotografia e a direção de arte auxiliam muito na hora de imergir no mundo que nos é proposto. Elas não se limitam apenas a uma tonalidade específica para marcar a estética da série, ela se utiliza diversas tonalidades e luminosidades para trazer mais proximidade possível a nossa realidade.
Os atores desempenham de maneira incrível os seus papéis seja em cenas mais dramáticas ou mais eletrizantes. Eles conseguem fazer você sentir empatia ou desprezo por seus personagens. No elenco principal temos Regina King (Se a Rua Beale Falasse, de 2018), Yahya Abdul-Mateen II (Aquaman, de 2018), Louis Gossett Jr. (Raízes, de 1977), Jeremy Irons (O Reverso da Fortuna, de 1990), Jean Smart (24 Horas, de 2001 – 2010) e Tim Blake Nelson (E ai, Meu Irmão, Cadê Você?, de 2000).
Watchmen é para o fã da obra original um presente único, que faz jus a seu material de base. Além de ser indispensável nos dias atuais por trazer debates de suma importância social, racial e política. E com certeza é uma das melhores séries que eu já vi.



REFERÊNCIAS
Watchmen. IMDb. Disponível em: <https://www.imdb.com/title/tt7049682/>. Acesso em: 01 de jul. de 2020. 
HBO. Watchmen. Disponível em: <https://www.hbobrasil.com/br/series/featured/watchmen>. Acesso em: 01 de jul. 2020. 

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