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01/07/2020 às 17h48min - Atualizada em 01/07/2020 às 17h45min

O dia em que conheci Pablo Neruda

“Talvez não vivi em mim mesmo, talvez vivi a vida dos outros”. (Pablo Neruda)

Letícia Franck - Editado por Bruna Araújo
Divulgação
Não conheci Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, mas conheci Pablo Neruda, o que pode significar ou não, a mesma coisa. Nascido em uma cidadezinha chamada Parral, no ano de 1904, o poeta ficou conhecido por seu pseudônimo.
 
Ganhador de um Nobel (1971) e referência como um dos maiores nomes da poesia contemporânea, Neruda -se vivo- completaria mais um aniversário no dia 12 de julho, mas deixou a jornada aqui na Terra dois anos após receber o Prêmio. Ele foi o terceiro latino-americano e o sexto escritor de língua espanhola a receber a honraria.
 
Um de seus mais conhecidos trabalhos foi a célebre autobiografia “Confesso que vivi”, única obra em prosa do chileno e das quais eu li. Lembro-me do quão encantada fiquei com a escrita e fluidez de seus relatos. Devorei a obra de quase 300 páginas em dois dias.
 
Neruda, nesta obra póstuma, traz sua vida desde a infância até os últimos dias, quando mesmo impossibilitado pela doença insiste em escrever. Todo o conteúdo encontrado na obra é rico em detalhes e permeado da mais pura poesia; afinal, ele entendia muito bem sobre o tema.
 

Ele leu no Pacaembu
 
Eu li em PDF, nos meus intervalos do trabalho.
 
O poeta veio ao Brasil, em 1945, para ler suas poesias para mais de 100 mil pessoas no Estádio do Pacaembu, em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes. Neruda era um agitador político.
 
 
Santo
 
Não foi. Mas também nunca disse que era. Acusado de abandonar a filha com hidrocefalia e ter confessado um abuso sexual, Neruda foi alvo de críticas, principalmente femininas.
 
Em “Confesso que vivi”, inclusive, ele traz relatos sobre o “suposto” episódio, onde explicitamente Neruda conta que a garota o ignorou e, em seguida, ele a levou para seu quarto para terminar com um encontro que foi “como o de um homem e uma estátua”.
 
Tirem suas próprias conclusões.
 
“Vampiresa de três quilos”
 
Malva Marina, a filha. Assim ele a chamava.
 
Quem conta essa história, em um relato romanceado chamado Malva, é a poeta holandesa Hagan Peeters.
 
Divulgada em 2016, a fundação que conserva o legado do autor emitiu nota afirmando que toda a questão foi resolvida em “comum acordo e que Neruda foi ver a filha na última vez que pôde fazê-lo, em 1939”.
 
Não sei. Só sei que (talvez) tenha sido assim.
 
Quase 47 anos de sua morte
 
E ele continua dando o que falar, estudar, compreender.
 
Calma, não estou dizendo que você precisa concordar e/ou gostar do poeta ou de sua obra, mas que toda literatura é, de fato, válida. Ao menos para dizermos de que não gostamos daquilo.
 
Quanto à frase que integra a parte inicial de “Confesso que vivi” e que está logo abaixo do título: você, assim como Neruda tem realmente vivido a sua vida ou deixando-se de lado para mergulhar nas águas do outro?
 
Navegar é preciso, eu sei. Mar calmo nunca fez bom marinheiro. Eu também sei. Mas água rasa demais, machuca. E funda demais, afoga. Conheça o limite.
 
E conheça Pablo Neruda.
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