02/07/2020 às 13h06min - Atualizada em 02/07/2020 às 12h17min
Protagonismo feminino nos filmes de super-herói
As heroínas do cinema sofrem com o machismo e até mesmo com o racismo
Gledys Ramos - Editado por Fernanda Simplicio
Foto: Cine Pop O machismo está muito presente na sociedade e os filmes não ficam de fora dessa cultura, ainda mais se for algo relacionado com super-heróis. São poucas as representações femininas dentro desse universo, há apenas cinco, Supergirl (1984), Mulher-Gato (2004), Elektra (2005), Mulher- Maravilha (2017) e Capitã Marvel (2019).
Desde o primeiro filme feito pela DC, Superman and the mole man, lançado em 1951, demorou mais de 30 anos para que uma mulher fosse a protagonista da história sem ser fragilizada e salva pelo herói. Em 1984 foi lançado Supergirl, mas foi um total desastre pois não teve muito investimento. Até porque o filme só foi feito por causa de uma tentativa de renovar a franquia, pelo fato de Superman III ter sido um fracasso.
Agora, reflita, será que se houvesse o mesmo investimento que os filmes com protagonistas homens, Supergirl teria recebido críticas positivas?
O que acontece é que quando um filme protagonizado por um homem tem um desempenho ruim seja na bilheteria ou crítica, ele continua sendo produzido e tendo suas continuações, já filmes protagonizados por mulheres acabam sendo esquecidos ou cancelados, pois elas carregam consigo a responsabilidade de representar todas as mulheres.
Ou seja, a indústria cinematográfica acaba sendo machista a partir do momento que deixam de produzir filmes com super-heroínas por ter medo de se arriscar e não ter um grande peso, e com os homens eles continuam fazendo e produzindo independente da crítica pois já é algo que está na cultura, as pessoas vão continuar assistindo por ser um personagem marcante.
Mas talvez havendo o mesmo investimento que os super-heróis nos filmes protagonizados por mulheres, certamente fariam sucesso, ainda mais nos dias atuais, que o feminismo é bem discutido.
Outra questão que deve ser tratada é a hiperssexualização das mulheres nesse meio. Em 2004 foi lançado A Mulher-Gato, a personagem usava trajes de couro, decotes e barriga exposta. Nesse caso é possível ver não apenas o machismo mas também o racismo, uma vez que o papel foi protagonizado por uma mulher negra.
A representação feminina negra em um filme desse gênero só veio acontecer em 2018 em Pantera Negra.
A mesma hiperssexualização acontece nos filmes Elektra (2005), que é um filme sem um enredo interessante e Mulher-Maravilha (2017). Será que é porque elas não seriam levadas a sério se estivessem sendo representadas de outra forma ou é porque não conseguiriam chamar a atenção do público masculino?
Um bom exemplo dessa diferença entre o protagonista ser um homem e ser uma mulher, é uma capa da Entertainment Weekly sobre o filme Batman vs Superman: A Origem da Justiça, nela é possível ver que o Batman e o Superman estão com os corpos completamente cobertos, enquanto a Mulher-Maravilha está de top e minissaia, além de estar à frente deles.
Já no filme Capitã-Marvel, não deixou nada desejar nesses quesitos, pois o enredo é bem construído e foi bem produzido. Mesmo que não trate diretamente com o feminismo, ao longo do filme é possível ver cenas que todas as mulheres podem se identificar, retratando o machismo com algumas situações que acontece com a personagem.
Por isso, todas as produções futuras devem ser bem avaliadas para que esses preconceitos não sejam acometidos novamente. Até mesmo porque isso pode sim, ter influência negativa pelo fato de ser algo da grande mídia de massa.
REFERÊNCIAS:
