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02/07/2020 às 18h47min - Atualizada em 02/07/2020 às 18h41min

Biografia: Tiffany Abreu, a primeira transexual no vôlei feminino

Atleta tem níveis hormonais semelhantes a colegas do vôlei

Bianca Costa - Editado por Paulo Octávio
Jogadora de vôlei, Tiffany Abreu Foto: Divulgação/Bauru
Tiffany Abreu começou sua carreira no vôlei como Rodrigo. Tifanny começou a jogar com 16 anos em quadras improvisadas em Goiania (GO), com incentivo do seu irmão. No ano de 2010 e 2011, quando ainda atuava no masculino, ela foi fundamental para que o time no qual jogava alcançasse à fase final da Liga Nacional de Vôlei. Abreu o maior pontuador da equipe na Superliga B, além de ser líder e um dos ídolos do clube na época.
 
 Mesmo assim, a atleta passou por muitas dificuldades. uma delas foi a depressão antes da sua transição. Em 2012, na Bélgica, Tifanny abandonou a temporada com intuito de não voltar mais ao esporte. Para ela o motivo da depressão era dúvida sobre  sua mudança de gênero. Foi então que entendeu que era hora de assumir o gênero feminino e passar por uma transformação completa.
 
A  TRANSIÇÃO 
 
 
Aos 29 anos, Tifanny começou os procedimentos para a sua transição de gênero na Espanha, onde passou por procedimentos cirúrgicos e tratamentos hormonais. "A minha transição foi completa. Então necessitei fazer a cirurgia porque isso me incomodava bastante, mas para você fazer é melhor quando o psicólogo fala que você está pronta”, revelou Tifanny no Podcast do Globo Esporte. Em 2016, voltou a jogar vôlei, no Golem Palmi, time da segunda divisão da Itália. Um ano depois retornou para o Brasil e foi contratada pelo Sesi-Bauru, time em que bateu o recorde de pontos em uma só partida .
 
 
 
Em novembro de 2015, o COI (Comitê Olímpico Internacional) regulamentou que mulheres trans precisam se declarar sob o novo gênero feminino e ter a quantidade de testosterona controlada para poder competir em equipes femininas. O nível permitido é de dez nanomol de testosterona por um litro de sangue. 
 
Os testes da ponteira do Bauru costuma dar sempre o resultado de 0,2 nanomol/L. Por ela ter feito a transição completa seu corpo não produz mais hormônio testosterona em grande quantidade. Tifanny também mantém o controle do hormônio feminino para que ser corpo não entre em uma menopausa.
 
 
APOIO E PRECONCEITO
 
A atleta foi a primeira transexual a jogar uma partida oficial da Superliga Feminina em 2017, aos 33 anos  Ao retornar o Brasil, a atleta causou estranheza em várias pessoas. Para muitos era difícil entender como um transgênero ia jogar em um time feminino. Contudo, a atleta recebeu apoio de suas colegas como da central Thaisa e ex libero, Fabi Alvin. “Me sinto orgulhosa do vôlei ter acolhido a Tiffany e  ter dado chance dela fazer o que ela gosta,” comentou Fabi em entrevista ao Sportv.
 
Apesar de ser bem tratada por várias colegas, a ex jogadora Ana Paula já a criticou em diversas ocasiões. Como em 2019 quando houve uma confusão entre Tifanny e o técnico Bernadinho. Em seu Twitter, Paula disse: “Leio que a militância a favor de trans no esporte feminino e contra as mulheres atacou Bernardinho por ele ter dito a verdade que Tifanny tem um ‘ataque de homem’. Minoria barulhenta que quer empurrar a todo custo que sentimentos são mais importantes que fatos e biologia. Não são.”
 
 Mesmo com as críticas, Tifanny tenta se manter focada para conseguir uma vaga para às Olímpiadas.  Mesmo com a pandemia, a atleta vem mantendo seu treino firme para que não tenha prejuízo no futuro.  E ela incentivou outras mulheres trans: “Não desista dos seus sonhos, você deve ser feliz, você deve correr atrás, se não der certo você correu, você não desistiu. Se você é uma mulher trans ou homem trans do esporte, o mais importante é você estar feliz com o seu corpo e com sua nova forma de viver, com o que você sonhava primeiro, ser uma mulher ou um homem de verdade - ressaltou Tifanny em entrevista ao Globo Esporte.

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