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03/07/2020 às 10h58min - Atualizada em 03/07/2020 às 09h25min

Com regras e estilos modernos, jogos de tabuleiro ganham fôlego novo

Indústria de board games lança cinco mil títulos por ano e movimentou US$11,95 bilhões de dólares em 2018

João Martinez - Editado por Bárbara Miranda


É tarde de domingo. Todos já almoçaram e você e seus familiares não tem nada para fazer. Alguém vai até o quarto e volta com uma caixa na mão, é um jogo de tabuleiro. Vocês montam o tabuleiro, jogam, se divertem, o tempo voa. Sem que percebam, já é hora de ir embora.

Talvez isso já tenha acontecido com você. Jogos de tabuleiros ficaram muito famosos no mundo todo durante o século XX, e no Brasil não foi diferente. Não era incomum encontrarmos jogos como War, Banco imobiliário ou Jogo da vida na casa dos brasileiros, mas isso foi diminuindo. A tecnologia substituiu os jogos analogicos pelos videogames, a televisão e os celulares passaram a ocupar grande parte da vida de todos. Entretanto, os chamados board games, tem ganhado força novamente graças a novos estilos de jogo, temáticas e regras que deixam as partidas mais curtas e dinâmicas.

 

Os clássicos
 

O mais antigos dos jogos clássicos de tabuleiro é o Monopoly, ou como é conhecido no Brasil, Banco imobiliário. Criado em 1904 pela estadunidense Elizabeth Magie, o jogo foi um grande sucesso e considerado o responsável pela popularização dos jogos de tabuleiros.
 

Risk ou War, para os brasileiros, é famoso por suas horas de duração e estratégia necessária para derrotar os adversários. O jogo foi criado pelo francês, Albert Lamorisse, em 1957. Assim como as peças de seus jogadores, o War avançou pelas fronteiras dos países vizinhos e dominou o mundo, com exceção de um país, a Alemanha.
 

Por último, fechando a trindade dos jogos clássicos temos o The game of Life, traduzido para o Brasil, Jogo da vida. Lançado em 1960 pelo norte americano Reuben Klamer.
 

Os três jogos são lançados até hoje e possuem diversas versões. Sejam temáticas de filmes, séries e jogos ou atualizações, como a utilização de cartões de crédito. Apesar de suas peculiaridades, eles possuem uma coisa em comum, todos usam a rolagem de dados, uma das mecânicas mais tradicionais nos board games.

 

Os jogos modernos
 

Com o desenvolvimento do mercado novas formas de jogar foram criadas, encantando jogadores iniciantes e experientes. Para entender os jogos modernos, precisamos conhecer os clássicos, especialmente um, o War. Lembra que ele não conseguiu conquistar a Alemanha? Então, por causa da Segunda Guerra Mundial os alemães não queriam jogos que lembrasse o conflito e isso foi o incentivo necessário para que outros estilos fossem criados. O país se tornou uma potência se tratando de board games e foi o berço de vários jogos. É lá também que acontece o Spiel des Jahres, Jogo do ano em alemão,  maior premiação de board games do mundo.

  
Todo esse sucesso foi graças a um jogo, Colonizadores de Catan. Klaus Teuber é um alemão que trabalhava como dentista e em seu tempo livre criava jogos de tabuleiro. Em 1995 ele já possuía três prêmios de jogo do ano, mas era o quarto prêmio, conquistado ainda naquele ano, que mudaria os board games para sempre.

A premissa é simples. Os jogadores são colonizadores na ilha de Catan e devem construir cidades, estradas, vilas e colher recursos. O diferencial é que ao contrário do que os jogos tradicionais fazem, os dados não decidem as casas que o jogador irá se movimentar, mas sim os terrenos que irão produzir recurso. Dessa maneira adiciona uma boa quantia de estratégia, pois você deve escolher bem onde construir o que, para assim minimizar ao máximo a sorte. Outra vantagem do jogo é que o mapa é montado aleatoriamente, permitindo que cada partida seja totalmente diferente da outra, além disso, ao contrário das horas necessárias para completar uma partida de War, Catan demora, em média, 30 minutos. 

Catan ficou tão famoso mundialmente que já ganhou expansões, versão infantil e até campeonatos oficiais. A partir daí, os board games voltaram com tudo para o mercado. Os Estados Unidos e a Europa (principalmente a Alemanha) são os grandes produtores e responsáveis pelo desenvolvimento das novas mecânicas. Temos jogos para todos os gostos. Criação de baralho, gerenciamento de recursos, alocação de terrenos, blefe, cooperativos, dados, miniaturas etc, podendo jogar em poucas ou em muitas pessoas (são os chamados party games, que são responsáveis por muitas risadas e, principalmente, muita discórdia).

 

Os jogos no Brasil
 

Segundo pesquisa feita pela Grand View Research em 2018, o mercado mundial de board games lançou mais de 5 mil títulos e movimentou US$11,95 bilhões de dólares, a espectativa é que este número chegue a US$ 21,5 bilhões em 2025. No Brasil o mercado de jogos de tabuleiro não para de crescer, segundo site Ludopedia, maior site de board games no país, foram lançados 607 novos jogos em 2019. Além disso, de acordo com pesquisa feita em 2018 pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), os jogos representaram 9,7% das vendas do setor de brinquedos, de um total de R$ 6,871 bilhões, essa categoria inclui jogos de tabuleiro, cartas, memória e figuras. 
 

Uma estratégia muito utilizada no mercado mundial atualmente é o financiamento coletivo, onde uma empresa ou uma pessoa apresenta um projeto e o custo de produção, então o público pode contribuir com uma quantia na intenção de produzir o jogo. Esse tipo de projeto tem ganhado muita força em terras brasileiras também, seja para criação de jogos ou para importação.

 

REFERÊNCIAS

 

BATTAGLIA, Rafael. Quarentena - A volta dos jogos de tabuleiros.  Superinteressante, 2020. Disponível em: <https://super.abril.com.br/especiais/quarentena-a-volta-dos-jogos-de-tabuleiro/>. Acesso em: 29 de junho de 2020.

 

GASTIN, Vinicius. Cresce consumo de jogos de tabuleiro durante a quarentena. A voz da serra, 2020. Disponível em: <https://avozdaserra.com.br/noticias/cresce-consumo-dos-jogos-de-tabuleiro-durante-quarentena>. Acesso em: 29 de junho de 2020.

 

JOGOS de tabuleiro são alternativas para período de quarentena. Catraca Livre, 2020. Disponível em: <https://catracalivre.com.br/quem-inova/jogos-de-tabuleiro-sao-alternativas-para-periodo-de-quarentena/>. Acesso em: 29 de junho de 2020.

 
 
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