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03/07/2020 às 23h38min - Atualizada em 03/07/2020 às 22h38min

13 Reasons Why: Um panorama das temporadas anteriores ao encerramento

Juliane Alvarenga - Editado por Bárbara Miranda
“Thirteen Reasons Why” foi inspirada na obra literária, com o mesmo nome, de Jay Asher. A série norte-americana foi adaptada por Brian Yorkey para a Netflix e teve sua primeira temporada estreada em 2017. “Os 13 Porquês” aborda assuntos polêmicos que afetam muito jovens até mesmo depois de se tornarem adultos, como bullying, depressão, crises de ansiedade e pânico, abuso sexual e suicídio. A série foi um sucesso de imediato, conquistando a atenção de um público bem diversificado. Após tantos anos e mais 3 temporadas, vale lembrar como tudo começou. 
 

TEXTO CONTÉM SPOILER


Na primeira temporada, conhecemos a protagonista Hannah Backer, interpretada por Katherine Langford, que desde o primeiro episódio já está morta, mas permanece presente através das gravações que deixou. Hannah corta os pulsos em uma banheira de sua casa, cena forte que no ano de lançamento causou muita controvérsia.

Dadas circunstâncias de polêmicas, posteriormente a cena do suicídio foi cortada pela Netflix em acordo com o criador e os produtores. A empresa informou que a cena foi removida após conselhos de médicos especialistas. Estudos apontaram que no mesmo ano de lançamento do serviço streaming, houve um aumento considerável de pessoas que tiraram suas próprias vidas nos EUA. Um tema delicado e que precisaria de profundidade para ser abordado.

Em suma, com a mudança da cena em questão, agora Hannah apenas aparece no banheiro olhando fixamente para o espelho e depois surge morta, mas deixa uma caixa com 7 fitas cassetes, onde enumera as 13 razões que a levaram a cometer este ato. Revoltada com tudo que passou na escola Liberty High através das gravações aponta e responsabiliza os culpados. Mas ela também tinha feito uma lista com 11 razões para viver, e dentre elas tinha uma referência por “capacete”, era assim que ela chamava Clay Jensen (Dylan Minnete). Embora no começo Clay tente fingir não a conhecer muito bem, vamos descobrindo que ele tinha uma forte paixão por ela e após saber o conteúdo das fitas com as histórias que envolviam diversos colegas da classe ficou revoltado. Mas Clay também estava nas fitas, o erro dele foi ter obedecido e desistido de lutar pelo amor, contudo, se sentiu na obrigação de fazer justiça por Hannah.


Vale ressaltar que como tudo tem dois lados, na primeira parte conhecemos a história através da perspectiva de Hannah. Na 2º temporada foi explorado o “outro lado da moeda”. Resumidamente, se passa em um cenário onde todas as pessoas citadas nas fitas são testemunhas em um julgamento entre a escola Liberty e os pais de Hannah, que processa o colégio por não combater o bullying e não saber lidar com as reações da adolescente antes de cometer o suicídio. O seriado segue polêmico, um drama de tribunal que nos faz referenciar muito bem com algo como o filme “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, cujo terror é a pressão psicológica. Com a mesma estrutura da primeira temporada, mas agora a relação é de acordo com cada depoimento. Além disso, cria-se um mistério onde os adolescentes são ameaçados por alguém anônimo e esse conflito é revelado como mais um “porquê”.

Justiça? Quem esperou encontrar, se decepcionou. A exemplo de Bryce Walker (Justin Prentice), o estuprador de Hannah, Jessica Davis (Alisha Boe) e outras garotas, que teve uma sentença ridícula, apenas 3 meses na condicional.

Sem muitos detalhes, mas ao falar da 2º temporada não podemos deixar de mencionar Tyler Down (Devin Druid), o personagem responsável por um desfecho chocante e surpreendente, uma problemática muito comum principalmente nos EUA que são os ataques nas escolas. O enredo é bem construído e as histórias sempre se conectam, algumas cenas são repetidas e em outros momentos novidades que não podíamos sequer imaginar.

E o terceiro ano de “Thirteen Reasons Why” é tipo aquele chiclete que você estica, e quanto mais estica, mais fino e raso ele fica até que estoura. Estenderam uma trama que não tinha mais necessidade de continuar e se perderam pelo caminho. Bryce Walker o aluno mais violento da escola que cometeu diversos crimes na primeira e segunda temporada é assassinado, a trama gira em torno disso e fica vagando naquele mistério “quem matou?” o tempo todo. O pior erro desta temporada foi tentarem humanizar o personagem, mostrar o lado bom de Bryce e justificar os atos dele, em uma péssima tentativa de vitimizar alguém que anteriormente sequer tinha demonstrado arrependimento. De modo geral, tudo parece forçado, até mesmo o jeito “heroico” de Clay. Vamos perdendo a empatia pelos personagens e todo mundo vira suspeito. Surge uma nova personagem, Ani interpretada por Grace Saif, que narra os fatos quase que onipresente, com muita propriedade e profundidade, ela sabe de quase tudo sobre todos e o mais incrível é que ela chegou a poucos meses.

Sem mais delongas, a quarta temporada positivamente se destaca pela atuação dos personagens, tem fotografias diferentes e interessantes, a trilha sonora sempre é bem escolhida, mas se confunde ao tentar fechar os arcos narrativos, na tentativa de um final agridoce sem a necessidade de revelar todos os segredos que tinham entre eles.

O melodrama se mantém, as mortes trágicas acontecem e foge da proposta inicial. Vimos uma realidade cruel, mas que torna a série um pouco irresponsável por não haver punições. O caso de Bryce se dá por encerrado e a culpa caí sobre Montgomery de La Cruz, que é preso por estuprar Tyler na 2º temporada, mas não foi ele quem matou Bryce e sim o Alex Standall que é encoberto com a ajuda dos amigos. Monty morre na prisão e os envolvidos têm de lidar com as investigações subsequentes.


Clay fica com peso na consciência por ter ajudado a mentir sobre o assassinato e surta, desenvolve ansiedade e transtorno de dissociação. O que chega a incomodar são as frequentes aparições dos mortos para Clay, que não ajudam em nada. Essas aparições existem desde a Hannah e se estende até o final da última temporada, um recurso meio tosco que acaba dando a sensação de querer incluir a todo custo um personagem que não é mais tão necessário assim no contexto ou simplesmente na intenção de preencher cenas para não ficarem vazias. Clay também chega a ir parar em hospital psiquiátrico após ter um colapso nervoso durante uma simulação de “lockdown” no colégio, essas crises foram muito bem retratadas.



Winston Williams busca respostas, tenta limpar o nome de Monty, sabe que não foi ele pois estavam juntos na noite do crime, mas Monty não disse quem era seu álibi pois não queria assumir sua sexualidade e o caso que tinha com Winston. Na trajetória de incriminar o verdadeiro assassino, ele acaba se apaixonando por Alex, que confessa o crime, mas em nome do amor que sente Winston preferiu não fazer nada. E embora eles tenham tido um curto romance no começo, cada um seguiu seu caminho.

Já no penúltimo capítulo mais um personagem deixa a série, mas ao contrário dos demais este causou muita tristeza aos fãs. Justin Foley contraiu HIV durante o período em que vivia na rua, e após complicações e evolução para AIDS, tem uma morte lenta e dolorosa que fez muita gente chorar junto com os personagens. E a série se encerra com a despedida na formatura dos sobreviventes (como eles mesmo se intitulam), a aparição de personagens que tinham sumido e discursos que inspiram esperança. Seguir em frente apesar dos pesares e não desistir, lutar pelos ideais e sobretudo pelo amor. O grupo de amigos enterra as fitas, com uma simbologia bonita de que Hannah descanse em paz e uma forma de encerrar aquele ciclo, deixando na medida do possível aquelas coisas ruins para trás.  O que fica para nós de 13 Reasons Why é o valor da amizade.
 
 REFERÊNCIAS
 
"13 Reasons Why": Netflix remove cena do suicídio de Hannah Baker. Disponível no link <https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2019/07/13-reasons-why-netflix-remove-cena-do-suicidio-de-hannah-baker.html>. Acesso em: 02/07/2020.

SOUZA, Camila. 13 Reasons Why - 4º temporada.  
Disponível no link  <https://www.omelete.com.br/netflix/criticas/13-reasons-why-4a-temporada>. Acesso em: 02/07/2020.

13 Reasons Why - Elenco. Disponível no link  <http://www.adorocinema.com/series/serie-19941/temporada-36659/elenco/>. Acesso em: 02/07/2020.

 
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