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09/07/2020 às 15h40min - Atualizada em 09/07/2020 às 15h31min

O Nu Feminino retratado na Obra de Suzanne Valadon

Artista que mudou a ótica da representação dos corpos femininos no século XX.

Jessica Gyslaynne - Editado por Renata Rodrigues
Reprodução: Wikiart
Suzanne Valadon, ​foi uma pintora francesa pós-impressionista que veio ao mundo para quebrar os esteriótipos de feminilidade da modernidade. Marie-Clémentine Valade, nasceu em 23 de setembro de 1865 na França. Conhecida como Suzanne Valadon, iniciou sua vida profissional como garçonete de cafés em Montmartre, bairro boêmio de Parise, aos 15 anos. Também foi acrobata mas abandonou o circo para tornar-se modelo dos pintores Renoir, Puvis de Chavannes e Toulouse-Lautrec. Como modelo, desfilou por mais de dez anos e esse contato com a o mundo cultural fez com que desenvolvesse uma afinidade com a pintura, tendo dedicado quase 40 anos de sua vida a arte. Após separar-se do banqueiro Paul Mousis em 1909, trocou o desenho pela pintura. 


   










Valadon ficou conhecida por seus nus femininos, que retratavam os corpos das mulheres pela perspectiva de uma mulher – coisa que não era comum naquela época. No início dos anos 1910, mulheres não tinham o direito de olhar ou de encarar, elas só poderiam ser olhadas. A mudança de perspectiva para Suzanne aconteceu quando ela passou de ser olhada (como modelo) e partiu para o lugar de quem olha (como artista).

Na maioiria de suas obras, Suzanne coloca as mulheres como elementos principais. Se especializando em reproduzir o nu feminino, suas pinturas buscam expor os corpos reais em poses estranhas ou nem tão sedutoras assim. Com isso, conegue trazer questões interessantes sobre como o corpo das mulheres pode participar da "política do olhar feminino" mesmo se tratando de uma tradição masculina.


  
 











 




No século XX, uma mulher, apenas por trabalhar já tinha sua feminilidade comprometida –  fato que não difere muito do hoje. Valadon, conseguiu quebrar todos os padrões do contexto patriarcal da época em que se encontrava. Como os críticos não conseguiam conceber o nu feminino como resultado da criatividade feminina, eles excluíram Suzanne de sua própria feminilidade. Falavam que seu trabalho era “viril”. Para eles, Suzanne Valadon era uma mulher que pintava como um homem e não uma mulher que pintava como uma mulher que era. Apesar do preconceito, Suzanne foi capaz de se tornar uma artista com trabalhos expostos em inúmeras galerias e museus de Paris.

Muitas de suas obras pintadas a partir da década de 1910, pertubaram as normas socias da época, já que eram contra o tipo de "corpo esguio" encontrado nas imagens comumente representadas por outros artistas. Hoje, as obras de Suzanne são ferramentas de estudo e de grande interesse para as historiadoras da arte e sobretudo para as entusiastas do movimento feminista, justamente pela temática na qual suas obras ficaram mundialmente conhecidas.

A representação do nu feminino ainda é considerada um tabu. O corpo das mulheres permanece sendo muito objetificado e o "nu", para muitos, ainda está vinculado a ideia de sensualidade. A desconstrução do ideal machista do corpo nu feminino como objeto e não corpo humano, se faz necessária. É preciso, enquanto sociedade, começarmos a olhar o corpo das mulheres como conceitual, poderoso, versátil e delicado.

 


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