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07/07/2020 às 22h31min - Atualizada em 07/07/2020 às 21h54min

Com a pandemia, marketing dos clubes de Belém teve que ser repensado

Sem jogos, clubes vendem kits com máscara e se engajam em causas sociais

Beatriz Reis - Editado por Paulo Octávio
Máscaras do Remo. Foto: Divulgação/Clube do Remo
Sem futebol desde 19 de março, quando a Federação Paraense de Futebol (FPF) decidiu paralisar o Parazão 2020 devido a pandemia da COVID-19, os clubes precisaram mudar todo seu planejamento de marketing para o ano corrente.

O  Remo teve que mudar todo o planejamento feito ainda em 2019 para o ano de 2020, “Tivemos que mudar praticamente todo ele partir do zero. Estamos com um calendário muito apertado. E tivemos que mudar até o que a gente imaginava para redes sociais. Produtos que eram vinculados ao futebol, a natação, ao vôlei tiveram que ser totalmente modificado por conta da paralisação. Então eu não tenho mais jogo, e uma série de produtos, que eu tinha desenvolvido, caíram”, disse Renan Bezerra, diretor de Marketing do Remo.

 
Da mesma maneira, o Paysandu precisou modificar seu planejamento que foi feito para um momento em que a torcida estava apoiando com a boa adesão ao programa do sócio-torcedor. “Na verdade, tudo precisou ser realinhado. Novas ações precisaram ser planejadas em função da realidade que se apresentou. No início da temporada, podíamos contar com a força da torcida no estádio, a possibilidade de se vender ingressos, o aumento das adesões no programa Sócio Bicolor com a rotina de jogos. Com a pandemia isso tudo se perdeu. Agora precisamos replanejar, pensado no isolamento e distanciamento social, pensando na falta de jogos televisionados e outros desafios que a pandemia nos trouxe”, afirmou Marcone Barbosa, executivo de marketing do Papão.

Os dois clubes apostaram na venda de itens essenciais na prevenção ao coronavírus como máscaras e álcool em gel. O leão de Antônio Baena iniciou suas vendas ainda no mês de abril. Com menos de duas horas após o inicio de vendas o primeiro lote acabou. E com a procura alta dos torcedores, logo nos primeiros dias foram vendidas mais de 30 mil máscaras personalizadas -- já que em cada kit vem cinco máscaras.

Para o torcedor Smith Ryaj, um ponto bem positivo foi a questão do delivery que o clube azulino disponibilizou. “As ações que o Remo vem fazendo nesse período são muito importantes, não só pela parte financeira, como também social. Além de continuar com a máquina girando e fazendo seu torcedor ter outros meios de consumo. Eu, mesmo morando em outro estado, consegui pedir pelo delivery alguns produtos e entregaram na casa dos meus pais”. Ryaj  mora em Joinville, Santa Catarina (mais de três mil quilometros de distância de Belém).

 
Já do lado bicolor, as vendas se iniciaram no começo de maio. Até o dia 30 de maio havia sido vendidas mais de 30 mil máscaras personalizadas. Assim o clube arrecadou cerca de R$120 mil. O kit , com cinco máscaras, teve uma boa aceitação da torcida. ”A fiel torcida bicolor abraçou o clube de maneira ímpar. Todas as ações planejadas de venda de produtos, doações espontâneas e aproximação do torcedor atingiram os resultados esperados. Em alguns casos, superou nossa expectativa inicial. Mas é importante que a torcida continue engajada e apoiado o clube nas próximas ações que lançaremos”, afirmou o executivo do Paysandu.


 Máscaras do Paysandu. Foto: Divulgação/Paysandu

O papão reapresentou, com narração e comentários da Rádio Lobo, projeto da rádio é uma iniciativa de torcedores e que possui apoio do clube, os melhores momentos da final da Copa dos Campeões. Na época o Paysandu bateu o Cruzeiro (MG) e se sagrou campeão. O evento ainda contou com a presença do grupo de pagode ‘SambaPapão’ e com ídolos que estiveram disputaram a partida. O valor do ingresso foi R$7 e a renda ajudou no pagamento da folha salarial do clube.

A torcedora bicolor Francielli Rocha avalia de forma positiva as vendas. “Em relação as vendas de máscaras e álcool em gel, foi uma boa jogada do Paysandu. Pois, o o clube teve o empenho de buscar medidas que tivessem retorno financeiro, e conscientização para com os torcedores. O jogo da vida, trazido pelo clube, fez com que a sua torcida estivesse mais próxima do time”.

Além dessas ações em prol dos clubes, a dupla rexpa levantou a bandeira da diversidade sexual. No dia 28 de junho é comemorado o dia do orgulho LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo). Para marcar essa data, os dois clubes fizeram postagens apoiando a causa que geraram comentários positivos e negativos no meio da torcida.

 
Para o diretor azulino isso mostra que o clube vai além do futebol. A agremiação abraça as causas sociais e é um dos mais engajados nessa questão. “Sem dúvida nenhuma o clube do remo, é o mais engajado socialmente do Brasil. Não existe uma certa resistência por parte de uma parte pequena da torcida que faz comentários depreciativos e homofóbicos. Mas o nosso papel é conscientizar, buscar forma de aumentar o respeito de fazer com que todos se sintam respeitados no ambiente esportivo. A gente acredita muito que o esporte é um motor de transformação social”.

Já no Paysandu, esse tipo de ação mostra que o clube é engajado com todos na sociedade, “O clube possui uma torcida numerosa e nela estão inseridos todos os segmentos e classes sociais. Falamos para todos e com todos. Ao entrar em temas como este o clube sempre tem o propósito de contribuir para uma sociedade mais tolerante, que trate todos com igualdade, sempre respeitando todas as diferenças”, diz Marcone.


Os torcedores entrevistados, apoiam e repreendem aqueles que ainda fazem comentários maldosos sobre tolerância sexual. Eles ainda acreditam que esse assunto não deva ser abordado nas redes sociais dos clubes.

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