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09/07/2020 às 13h40min - Atualizada em 09/07/2020 às 13h04min

Há 14 anos, Itália batia França e conquistava o tetracampeonato da Copa do Mundo

Squadra Azzurra quebrou o jejum 24 anos sem títulos mundiais na Alemanha

Wesley Bião
Seleção de 2006 é uma das melhores gerações italianas da história. Foto: Reprodução/FIFA.com
No dia 9 de julho de 2006, em Berlim, a Itália vencia a França nos pênaltis e se tornaria a segunda maior campeã da Copa do Mundo, 12 anos depois de perder a chance do tetra pelos pés de Baggio contra o Brasil, em 1994, nos Estados Unidos. O último título mundial dos italianosantes daquele ano havia sido em 1982, na Espanha, eliminando inclusive a seleção brasileira, que era tida a favorita ao título.

A Itália chegava desacreditada para aquele mundial e não era cotada como favorita ao título. Tamanha desconfiança nasceu do escândalo de manipulação de resultados no campeonato nacional que envolvia, dentre outras equipes, a Juventus, então bicampeã italiana. O caso veio à tona um mês antes do início da Copa e abalou as estruturas do futebol italiano. O árbitro que representaria o país na Alemanha foi suspenso pela FIFA, a presidente da Confederação Italiana de Futebol (FIGC) renunciou e a Velha Senhora perdeu os títulos das temporadas 04/05 e 05/06 e foi rebaixamento para a segunda divisão.

Um ex-diretor da Juve, Luciano Moggi, além de responsável por todo o esquema de corrupção também era proprietário de uma agência de jogadores que pressionava o treinador da seleção, Marcello Lippi, a convocar atletas vinculados à sua empresa para lucrar com posteriores negociações. Mesmo com a pressão da imprensa italiana para a demissão do treinador, Lippi foi confirmado no Mundial pela cúpula da FIGC.


Marcello Lippi fuma charuto depois da final de 2006, na Alemanha. Foto: Reprodução/FIFA.com
 
A COMPETIÇÃO

Já na Alemanha, Itália e França fizeram boas campanhas na primeira fase. Os italianos se classificaram para o mata-mata com sete pontos, com duas vitórias – sobre Gana e República Tcheca – e um empate sem gols com os Estados Unidos. Já os franceses garantiram vaga nas oitavas-de-final se classificando na segunda colocação do seu grupo. Equipe fez cinco pontos depois de dois empates – contra Suíça e Coreia do Sul – e uma vitória, sobre a seleção do Togo.

Na fase mata-mata, a Squadra Azurra passou por Austrália nas oitavas, Ucrânia, nas quartas, e Alemanha, na semifinal. Enquanto os Les Bleus deixaram Espanha, Brasil – que era tido como o maior candidato ao título – e Portugal pelo caminho, antes de encontrar os italianos na grande final.

A partida em Berlim seria o quinto encontro entre as seleções em Copa, com cada tendo duas vitórias. Na Copa de 1938, os italianos – que seriam campeões daquela edição – venceram os franceses nas quartas-de-final por 3x1. Na Copa de 1978, 40 anos depois, nova vitória italiana: 3x2. Já em 1986, no México, os franceses, comandados por Michel Platini conquistaram a primeira vitória no confronto por 2x0 e eliminaram os então campeões mundiais. Já em 1998, em casa, a França passou nos pênaltis pelos italianos nas quartas-de-final.
 
A DECISÃO


Seleção da Itália que foi a campo na final em 2006. Em cima: Buffon, Materazzi, Toni, Grosso e Totti. Em baixo: Gattuso, Pirlo, Camoranesi, Cannavarro, Zambrotta e Perrota. Foto: Reprodução/FIFA.com 

Pela característica das equipes a tendência era que o jogo fosse parelho. E assim foi até os cinco minutos do primeiro tempo, quando Materazzi fez pênalti em Malouda. Zidane bateu de cavadinha. A bola bateu no travessão e quicou depois da linha.  A Itália começou a sair mais para o jogo e chegou ao empate com a sua arma mortal naquele campeonato: a jogada aérea. Pirlo bateu escanteio e Materazzi, de cabeça, se redime do pênalti cometido e empata aos 19 minutos.

A partir daí a partida ficou morna. A Itália ficava mais com a bola, mas só conseguia levar perigo ao gol de Barthez nos escanteios, tendo inclusive acertado uma bola na trave com Luca Toni. Já a França dependia da criatividade de Zidane e do faro de gol de Henry para tentar sair com a vitória e o título.

Com o empate no tempo regulamentar a partida acabou indo para a prorrogação. Nos primeiros minutos os franceses levaram perigo ao gol italiano com Ribéry e com Zidane, que sozinho cabeceou com perigo e obrigou Buffon a fazer uma grande defesa. O cansaço evidente das equipes afetou o rendimento dos times, que não levavam mais tanto perigo aos goleiros.

Cabeceio de Zidane foi o lance mais perigoso da prorrogação. Foto: Reprodução/calciopedia.com.br

Aos três minutos do segundo tempo da prorrogação veio o que é um dos principais momentos da história das Copas. Depois de uma jogada na área, Zidane ficou incomodado com Materazzi ter o puxado na área e disse ao adversário que poderia dar sua camisa a ele no fim do jogo. O italiano prontamente respondeu que “preferiria sua irmã”. O francês, que fazia sua última partida como profissional, ficou irritado e deu uma cabeçada no peito do zagueiro. O árbitro argentino Horácio Elizondo, que não havia visto, foi comunicado pelo assistente e expulsou o meia.


Cabeçada de Zidane em Materazzi foi o último ato de um dos maiores jogadores franceses da história. Foto: Peter Schols/Reuters

Com o empate na prorrogação, a partida foi aos pênaltis pela segunda vez na história. A Itália, que em 1994 perdeu a chance contra o Brasil não deixou a chance passar. Se valeu do erro de Trezeguet e, sem perder nenhuma cobrança, saiu dos pés de Grosso a cobrança que levou os italianos à gloria novamente.

Grosso desloca Barthez no último pênalti para dar o título mundial para a Itália. Foto: Divulgação/FIFA.com
 
DEPOIS DO TETRA

Com o passar dos anos a Itália perdeu o elenco de grandes jogadores que tinha em 2006 e acumulou decepções nas competições seguintes. Repetindo o vexame francês de 2002, os italianos caíram na primeira fase na Copa da África do Sul, em 2010. Num grupo que tinha Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia, a campeã mundial de 2006 ficou em último lugar, com apenas dois pontos conquistados.


Vittek comemora o primeiro gol da Eslováquia sobre a Itália na Copa de 2010. Foto: Gerry Penny/Efe

Em 2014, no Brasil, novamente foi eliminada na primeira fase da competição. Dessa vez num grupo um pouco mais difícil que o de 2010, os italianos ficaram na terceira colocação, conquistando apenas uma vitória – contra a Inglaterra – e  perdeu para Uruguai e Costa Rica.

Já para a Copa de 2018 a Itália, que não ficava fora de uma Copa desde 1958, não se classificou –  caiu na repescagem para a Suécia. Na partida de ida, em Estocolmo, perdeu por 1x0. Em casa, não conseguiu furar o bloqueio sueco e a partida terminou sem gols, o que culminou com a primeira não-participação da Squadra Azzurra em um Mundial desde 1958.

Do tetra em Berlim até hoje, a Itália disputou três edições da Eurocopa e não venceu nenhuma. A melhor campanha foi o vice em 2012, depois de uma derrota acachapante para a Espanha por 4x0. Na edição de 2008, foram eliminados nas quartas-de-final pelos espanhóis. Já em 2016 caiu nas quartas-de-final para a Alemanha.

O futebol italiano passa por uma baixa a alguns anos e os seguidos vexames da seleção refletem isso. Com uma safra de novos jogadores, que não correspondem às expectativas do torcedor, a disparidade comparada às demais seleções da Europa cresce cada vez mais. Fica ao fã do calcio sentir saudades e querer que a equipe volte aos tempos de glórias, vitórias e sucesso, como era em 2006.


Elenco da Itália campeão mundial em 2006. Em cima: Barone, Barzagli, Materazzi, Nesta, Iaquinta, Toni, Gillardino, Oddo e Zaccardo. No meio: Gattuso, Camoranesi, Perrotta, Lippi (de branco), Zambrotta e Grosso. Sentados: Pirlo, Inzaghi, Totti, Amelia, Buffon, Peruzzi, Del Piero, Cannavaro e De Rossi. Foto: Reprodução/calciopedia.com.br

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