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09/07/2020 às 13h44min - Atualizada em 09/07/2020 às 13h32min

Cresce 31% os números de casos de diabetes nos últimos 3 anos

Cerca de 463 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos no mundo possuem diabetes, de acordo com IDF

Guilherme Balbino - Editado por Barbara Honorato
Ministério da Saúde, Federação Internacional de Diabetes, Organização Mundial da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde
Divulgação Timeline Comunicação

A Internacional Diabetes Foundation (IDF) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) criaram no dia 14 de novembro de 1991 o "Dia Mundial da Diabetes" para conscientizar à população sobre à doença. Porém, desde então, os números de casos desta doença só vem aumentando e, por estar inserida na conduta alimentar das pessoas, ela ganha seu devido destaque. Quem tem uma alimentação no seu dia a dia equilibrada e saudável, logo possui uma saúde e disposição alta, mas já para aqueles que não procuram por seguir orientações básicas, acabam tendo uma má alimentação na sua rotina, pode estar acima do seu peso ideal ou até obeso, e com isso, adquirir diabetes. Esses fatores têm um grande influência nas vidas das pessoas que possuem à doença.
 
 A diabetes se divide em duas categorias, os tipos 1 e 2. No primeiro caso, em geral, ela é identificada na criança ou adolescente e, neste caso, o sistema imunológico ataca equivocadamente às células beta e retarda a liberação da insulina no corpo, em alguns casos para pôr completo, e com isso a glicose permanece no sangue ao invés de ser usado como energia.  
 
Já na segunda categoria, o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa glicemia. Diante disso, se manifesta com frequência nos adultos, entretanto, pode aparecer também em crianças. Entre as duas, também há a diabetes gestacional, caracterizado por altos níveis de glicose no sangue durante a gravidez, pode ocorrer a qualquer momento durante a gestação e geralmente desaparece após este período. 
 
Nos últimos anos, os números de casos da doença têm crescido em um ritmo acelerado, em uma pesquisa realizada pela Federação Internacional de Diabetes, divulgado na 9ª edição do Atlas de Diabetes 2019, calcula que 463 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos no mundo possuem diabetes, 38 milhões a mais em comparação com 2017 e se tratando do tipo 2, uma versão muito associada a um estilo de vida não saudável, ela é responsável por quase 90% dos casos. Só no Brasil, em relação ao último Atlas, o país teve um crescimento de 31% de casos de diabetes na população, perdendo apenas para a China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. 
 
Entre uma vida não saudável, pode contar fatores como uma má alimentação e assim um consumo alto de produtos processados e ultra processados que são bebidas açucaradas e Fast Food com baixo valor nutricional.  No último relatório da Organização Pan-Americana de Saúde, mostra que às vendas desse tipo de alimento cresceram 8,3% entre 2009 e 2014 e com dados atualizados em 2019, nos últimos 5 anos houve um aumento de 9,2% nas vendas. 
  
De acordo com a Nutricionista Daniela Guimarães, uma das causas que favorecem o desenvolvimento da diabetes tipo 2 é a pessoa ter excesso de peso, como sobrepeso e obesidade ou até mesmo aqueles que possuem um acúmulo de gordura no seu abdome, seja mulher ou homem. “Algumas pessoas apresentam mais riscos do que as outras, na qual a gente chama dos fatores de riscos, que para a diabetes mellitus tipo 2, pessoas acima dos 45 anos e estando com sobrepeso ou obesidade, e até mesmo  a obesidade central que a gente costuma medir pela circunferência abdominal, então às mulheres que apresentam uma circunferência maior que 88 centímetros e os homens que apresentam uma circunferência maior que 102 centímetros são grandes riscos para esses problemas”, conta a nutricionista. Daniela também afirma que questões familiares também podem ser um sinal para se atentar. “Às vezes, a avó tem, a mãe, logo você tem uma predisposição maior, comparada com alguém que não tenha ninguém na família, porém, um estilo de vida interfere muito para o desenvolvimento desse problema de saúde”, relata.
Outros fatores que ela pontua é a importância de verificar a questão do colesterol, como a triglicérides, que é gordura provinda do açúcar e também às pessoas que tiveram a diabetes gestacional, ou até mesmo aquelas que obtiveram e trataram, deve sempre ficar meticuloso, pois pode desenvolver a diabetes tipo 2, além das doenças cardiovasculares. “50% da população não sabe que tem diabetes mellitus tipo 2, porque algumas delas demoram para sentir alguma coisa ou algum sintoma, então isso é um fator muito importante das pessoas fazerem o exame anualmente, com todos os acompanhamentos dos exames laboratoriais, de sangue mesmo, e principalmente quem está dentro do fator de risco, deve ficar atento, para que possa ter uma prevenção”, comenta.
 
Como ter qualidade de vida
 
Para ter uma qualidade de vida pós diagnóstico, a nutricionista Daniela, conta que precisa haver uma grande mudança na rotina da pessoa. “50% a 60% é o estilo de vida, a alimentação, a prática de atividade física, então é importante que a pessoa tenha uma perda de peso, ter uma maior ingestão de fibras, além da necessidade de restringir essencialmente as gorduras saturadas no dia a dia, deve evitar o consumo de álcool, mas para aquele que não tem ou tem uma predisposição e desde o começo tenha uma alimentação saudável, evita o consumo de ultra processados que tem o valor de gordura muito alto até mesmo de sódio, é possível prevenir um combo de coisas” analisa.
 
 Casos de diabetes
 
 Ana Beatriz, de 17 anos, possui a diabetes tipo 1 e conta que descobriu com 12 anos em um exame de rotina. “O médico percebeu que eu tinha um nível elevado de açúcar no sangue, então ele pediu outro exame específico, e quando saiu os resultados constou a diabetes”, disserta.
 
A mudança de rotina foi necessária, e com isso, ela diz que impactou bastante seu cotidiano, principalmente em relação à alimentação e aos exercícios, hoje ela toma os devidos cuidados. “Preciso me atentar a alimentação e passei a ter um controle sobre a quantidade de açúcar que posso digerir, além de fazer mais exercícios e beber muita, mas muita água”, enfatiza Beatriz a respeito da nova rotina. Ela relata também que, no início, foi necessário fazer um acompanhamento durante 6 meses com a endocrinologista e a nutricionista. 
 
A família da Beatriz já tem o histórico de casos de diabetes, como a sua mãe, a senhora Michele da Silva, de 36 anos, que teve uma experiência pouco agradável quando descobriu a diabetes tipo 2 durante sua 3º gestação do filho caçula, mas, afirma ter conseguido controlar com os novos hábitos alimentares, sem precisar de remédios. “Já andava me sentindo sem disposição, muito cansada, como estava gestante tive que fazer o exame de curva glicêmica e através dele descobri a diabetes tipo 2 gestacional aos 33 anos” relata a mãe da Beatriz. Dona Michele menciona sobre a rotina da época que era bem corrida. “Trabalhava no restaurante, estudava e cuidava de casa, depois tudo mudou, tive que fazer repouso, pois ao me estressar a glicose subia e não podia passar de 200.  A partir disso, tive que mudar minha alimentação e precisei seguir uma dieta bem balanceada, substituir o açúcar, não foi nada fácil, além da necessidade de medir a glicemia após as refeições”, observa.
 
Além das duas, a mãe da Michele, a senhora Marlene Maria, de 56 anos, foi diagnosticada pela doença aos 36 com sintomas de tontura, sede e muita vontade de urinar. A dona Marlene conta que das suas adversidades com a alimentação. “Antes podia comer de tudo, hoje muitas coisas já não podem mais, como massa e tudo que contém açúcar pode prejudicar”, fala.
 
A diabetes mais comum que aparece na adolescência é da categoria tipo 1, porém, com o Carlos Roberto, de 17 anos, a situação foi diferente, aos 13 anos foi diagnosticado pela diabetes tipo 2. “Eu estava passando muito mal, tinha passado no médico e falou que era apenas um mal estar, porém começou a piorar, eu me sentia muito fraco e com os sintomas de nível de glicose muito alta e durante uma ida ao dentista, decidiu me levar para o hospital e no local mediram minha glicemia, na qual constou que estava mais de 300”, afirma Carlos. 
 
Atualmente para controlar sua diabete, regularizou a alimentação no seu dia a dia e evita comer doces com exagero. Além disso, Carlos precisa do uso da insulina e passa periodicamente com o endocrinologista e a nutricionista. Ele afirma que modificou toda a sua rotina, mas, ainda sim, reforçou seu lado positivo. “Arrumei a minha alimentação, comecei a controlar tudo que comia e fazia, comecei a fazer exercícios e tomar muita água, que no caso de antigamente eu não tomava”, comenta.

 Um grande aumento no futuro
 
Ainda de acordo com Federação Internacional de Diabetes, se continuar nesse ritmo de crescimento nos números de casos, há um cálculo que em 2030, serão 578 milhões de diabéticos no mundo e, em 2045, 700 milhões. 
 


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