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09/07/2020 às 17h34min - Atualizada em 09/07/2020 às 16h18min

IBGE: 1,1 milhão de pessoas podem ter voltado a trabalhar na segunda semana de junho

Na primeira semana de maio 16,6 milhões estavam afastadas do trabalho

Larissa Campos - Editado por Camilla Soares
Foto: Adão de Souza/PBH
De acordo com estudo feito pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) COVID-19 semanal, divulgado no último dia 3 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 1,1 milhão de pessoas podem ter voltado a trabalhar de forma presencial na segunda semana de junho, devido a flexibilização do isolamento social admitida em várias cidades do país.

O número de pessoas ocupadas que estavam provisoriamente afastadas de seus trabalhos em decorrência do isolamento social sofreu queda de 13,5 milhões na primeira semana de junho para 12,4 milhões na segunda semana do mês.

O IBGE estima que, na segunda semana de junho, 170 milhões pessoas estavam em idade para trabalhar, porém apenas 83,5 milhões estavam ocupadas. O número de manteve estável desde a primeira semana de maio, mostrando que o percentual de pessoas ativas no mercado de trabalho na segunda semana de junho era de 49,0%.

Dentre os cidadãos ocupados, 8,5 milhões trabalharam de maneira remota, somando 12,5% de trabalhadores que não foram temporariamente afastados devido a pandemia.

O estudo também mostrou que a taxa de pessoas trabalhando de modo informal chegou a atingir 29,2 milhões no início de maio e 3 milhões de pessoas procuraram atendimento médico na segunda semana de junho.

Trabalhadores X flexibilização
Valdenil Leite trabalha como gerente em um restaurante, e atualmente, com a flexibilização do distanciamento social, exerce a função de forma presencial.

Em entrevista, Valdenil comentou que o estabelecimento em que trabalha toma precauções como distanciamento social, redução de pessoas no local, higiene do ambiente, disposição de álcool em gel e obrigatoriedade do uso de máscara, porém, quando questionado sobre concordar com a flexibilização do distanciamento social, o gerente disse discordar da medida, pois esta acaba causando muitas aglomerações. Segundo ele, com o comércio aberto em várias cidades, tanto o estabelecimento quanto os funcionários precisam seguir as recomendações sanitárias para manter ambas as partes seguras. Valdenil, por fim, comentou temer contrair a Covid-19, já que possui comorbidades que o inserem no grupo de risco e admitiu que, se pudesse, ficaria em casa.

Leonardo Miranda se encontra em uma situação semelhante, visto que atualmente voltou a atuar presencialmente no escritório de consultoria de recursos humanos em que trabalha como estagiário. Quando afastado, o estagiário trabalhou em home office, modalidade a qual ele comentou ter se adaptado bem.

Assim como Valdenil, o estabelecimento onde Leonardo trabalha possui medidas preventivas, no entanto, diferente do primeiro, Leonardo concorda parcialmente sobre a flexibilização do distanciamento social.

‘’Eu concordo em partes com a flexibilização, mas uma flexibilização planejada e segura, não do jeito que está acontecendo. Existem muitos empregos que são impossíveis de a gente trabalhar sem ser presencialmente, então eu concordo com a flexibilização, mas com planejamento, cautela e com o máximo de pessoas que puderem ficar em casa’’ afirmou.

Leonardo também frisou ter muito receio de contrair a Covid-19, tanto pela questão da sua saúde própria, como a de sua família, sendo esta última razão a que mais lhe assusta, sobretudo pelo fato de sua irmã possuir síndrome de Down e estar inclusa no grupo de risco.

Psicológico
A psicóloga clínica Letícia Craveiro (CRP: 21/03150), atuante na abordagem TCC (Teoria Cognitiva Comportamental), alerta para como essa situação pode afetar negativamente o psicológico desses trabalhadores.
De acordo com a psicóloga, essas pessoas podem se ver na contramão do que as autoridades de saúde pedem e, nessa situação, ‘’facilmente o medo é o principal aliado’’.

Transtornos e demandas psicológicas podem surgir, sendo, a longo prazo, potencializadas, de acordo com a profissional.

‘’A pessoa que precisa sair para trabalhar frente a pandemia, ela pode, facilmente, desenvolver algumas demandas psicológicas. Dentre elas, a ansiedade patológica com episódios de pânico, a agorafobia – que se trata de um transtorno onde o indivíduo sente medo e evita lugares ou situações que possam causar pânico - e o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), visto que uma das principais características do compulsivo está justamente na obsessão em limpeza por medo de alguma contaminação e na lavagem excessiva das mãos’’ explicou.

A procura por atendimento psicológico, de acordo com Letícia, aumentou em meio a pandemia, onde alguns profissionais diminuíram o preço para um valor simbólico ou começaram a atender gratuitamente, de forma online. No entanto, mesmo com essas opções, algumas pessoas não tem acesso a essas alternativas, por motivos financeiros ou por não ter possibilidade de conexão à internet.

Com isso em mente, a psicóloga pontua para, nesse momento, não se bombardear de notícias sobre a pandemia e tomar um tempo para si mesmo, sem se cobrar tanto.

‘’Se tiver algum dia que não esteja bem, tudo bem, respeite seus processos. Claro, se isso não for uma frequente e sim uma variável. Se sintomas de tristezas persistirem, busque ajuda profissional’’ completou.

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