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10/07/2020 às 00h49min - Atualizada em 10/07/2020 às 00h45min

Ministério fantasma

Junio Silva - Editado por Bruna Araújo
Reprodução
O vazio é relativo.

Alguém já deve ter dito isso, talvez algum desses pensadores intelectuais por aí.

Mas o que importa é a verdade da frase. O vazio realmente é uma coisa que depende do ponto de vista. Onde existe algo, nem sempre quer dizer que esteja ocupado.

Têm quase um mês. 20 e poucos dias,  que o Ministério da Educação não tem um chefe. Vários problemas.

Primeiro o colombiano Ricardo Vélez e depois Abraham Weintraub. Os dois parecendo mais preocupados com uma luta contra o comunismo na educação brasileira, do que trabalhar para resolver os problemas.

O ministro que recebeu o bastão de seus antecessores polêmicos, Carlos Decotelli, nem chegou a assumir o cargo depois de polêmicas que envolviam algumas supostas lorotas em seu currículo.

A caça contra o economista e professor negro foi grande. Até estranho, quando outros currículos com títulos meio duvidosos também estão pela Esplanada dos Ministérios, sem sofrer tanta pressão.

Depois disso, da última polêmica envolvendo o MEC, a cadeira de ministro ficou vazia novamente. Agora, fisicamente.

Às vezes o vazio é relativo, né.

Mesmo na época de Vélez e Weitraub, a questão da educação sempre pareceu jogada para escanteio. Pareciam ter outras preocupações do que com os deveres de um ministro da educação.  

Mas parando pra pensar, o estranho pode ser o novo normal.

De bobeira esses dias, assistindo jornal das nove enquanto jantava, lembrei da época onde política era uma coisa que sempre passava batido. Você é criança, tá sentado no sofá com seus pais, vendo televisão enquanto come, e é claro que não vai se ligar em toda aquela baboseira.

Vendo tudo que tava acontecendo no MEC naquela reportagem conseguia pelo menos entender um pouco. Depois de crescer, você começa a ficar chegado em política.

Não só aquela dos homens de terno, mas a da vida cotidiana. Viver, mesmo sem perceber, é fazer política.

Mas sem educação – e sem o esforço de alguns que ajudaram muito-, não ia sacar o mínimo do que tá pegando no país.

Talvez isso assuste alguns governos. Quanto mais gente conseguir entender as coisas, mais complicado fica de meter aquele papo furado, de bom malandro, mas que quase sempre não é muito verdadeiro.

Pode ser que seja paranóia, ou não, mas parece que virou um balcão de negócios.

A disputa entre a ala ideológica, militar e o centrão pelo ministério fantasma, tem mais cara de negócios e poder. Não de querer botar alguém que arregaça as mangas para assumir, de verdade, o cargo de ministro da educação.

O ministério fantasma tá abandonado faz tempo. Mais ou menos há uns 2 anos e pouco. E sem ninguém fazendo nada, quem sai no lucro dessa história toda é o que se dá bem em cima do bobo.

Daquele que não teve a oportunidade de sentar a bunda em uma sala de aula, por vários motivos, e não consegue entender ou dar bola para esse lance de política que os jornais mostram.

E muitos nem são culpados. Podem ser até as vítimas da história toda.

Se todo mundo conseguisse estudar, não precisaria de muito blá blá blá e firula pra entender o que tá pegando no Brasil, pelas bandas de onde os homens comandam o país com as canetas.

Mas pra eles, seria bem mais difícil calotear o povo.

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